Fake news faz mal à saúde

Inca lança cartilha e abre canal no WhatsApp para tentar barrar interferência de notícias falsas no tratamento de pessoas com câncer

Saúde / 15 de Abril de 2019 / 0 Comentários
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Cada dia mais, notícias falsas, as chamadas fake news, circulam pela internet e pelos aplicativos. E elas já estão prejudicando pacientes a ponto de demandarem a intervenção dos órgãos nacionais de vigilância em saúde. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) elaborou cartilha para os pacientes com câncer para esclarecer informações erradas, que podem causar confusão e estimular práticas perigosas, e abriu um canal direto pelo WhatsApp para responder dúvidas. É o chamado Saúde sem Fake News: 61 99289-4640.

O Inca se deparou, por exemplo, com recomendações de dietas restritivas, como detox, low carb, cetogênica, entre outras, classificadas como benéficas para pessoas que estão em tratamento, o que, segundo o instituto, é uma prática perigosa e sem comprovação científica.

“Ainda não é bem-estabelecido para quais tipos de tumor e em qual estágio da doença essa estratégia (dieta cetogênica) pode funcionar, assim como o tempo máximo para a manutenção da dieta e nem mesmo se, de fato, existe ganho de sobrevida ou melhor resposta ao tratamento com essa prática”, explicou a nutricionista Gabriela Villaça, do Hospital do Câncer, em evento do Inca sobre o assunto. Segundo ela, muitos pacientes que seguem as dietas após verem posts na internet chegam ao Inca com perdas de peso e massa muscular significativas, o que gera menor tolerância ao tratamento.

A indicação do Instituto Nacional do Câncer é que os pacientes em tratamento oncológico sigam dieta individualizada, com acompanhamento de especialista. Até para a prevenção do câncer, de acordo com a nutricionista, é indicada uma dieta saudável, que privilegia alimentos in natura.

Na cartilha, o Inca cita alguns mitos perigosos. Um exemplo é o de que “carboidratos alimentam o tumor”. Segundo o documento, a informação não é verdadeira. “A principal função dos carboidratos é fornecer energia (glicose) para as células. Todas precisam de glicose. Mas, quando você deixa de consumir esse importante combustível, o organismo encontra outros meios para produzi-lo, como, por exemplo, usando proteínas dos músculos”, explica. Perder peso e músculo rapidamente para um paciente em tratamento contra um câncer pode ser bastante prejudicial, segundo o Inca.

Outro exemplo citado na cartilha: “cogumelo do sol, noni, graviola, chá de graviola, chá verde, entre outros muitos alimentos, curam o câncer”. O alerta feito é que não há alimentos que curam o câncer milagrosamente. “Existem evidências claras de que uma alimentação saudável auxilia na prevenção e no tratamento do câncer. Quanto mais colorida for sua alimentação, mais fortalecida estarão as defesas do corpo e menores serão as chances de prejuízos de seu estado nutricional durante o tratamento”, informa o Inca.

Diariamente, o Portal da Saúde publica novas postagens desmistificando informações que podem prejudicar pacientes. Novas terapias propostas por israelenses, frutas específicas depois das refeições podem curar o câncer, gelo é um agente causador da doença, a deficiência da vitamina B17 como responsável pelo aparecimento de tumores, água de coco quente como solução para a cura, vacinas são causadoras de tumores, entre outras informações falsas foram desmistificadas pelo Ministério da Saúde por meio do Portal da Saúde e declaradas como falsas.

Novos casos

O Instituto Nacional do Câncer e o Ministério da Saúde estimam a ocorrência de 600 mil novos casos de câncer no Brasil em 2018 e o mesmo número em 2019. Os dados estão no Estimativa 2018 – Incidência de Câncer no Brasil. O tipo de câncer mais comum permanece sendo o de pele não melanoma. No total entre homens e mulheres, os que estão na sequência são: próstata, mama feminina, cólon e reto (intestino), pulmão, estômago, colo de útero, cavidade oral, sistema nervoso central, leucemias e esôfago.

Estudo feito pelo Inca e pelo Ministério da Saúde revelou o perfil da população atingida e destacou fatores causadores da doença, como longevidade, urbanização, globalização e exposição a fatores de riscos ambientais e ocupacionais, bem como características reprodutivas e hormonais e o histórico familiar.

“Nossa recomendação é a seguinte: definitivamente, não fume e não se exponha à fumaça de pessoas próximas de você que fumam; faça alguma atividade física de forma regular; reduza a ingestão de carnes vermelhas e coma alimentos frescos, como frutas, vegetais e hortaliças, e produtos ricos em fibras. Evite os itens processados, gordurosos, defumados e elaborados com o uso de agrotóxicos”, orienta a diretora geral do Inca, Ana Cristina Pinho.

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