Proteja suas Lágrimas

Queda na produção do líquido pode gerar problemas sérios, como inflamações e a chamada síndrome do olho seco, cada vez mais comum na população

Saúde / 28 de Março de 2019 / 0 Comentários
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Os olhos produzem lágrimas que não são só para o choro. Elas lubrificam toda a superfície, chamada córnea e conjuntiva. Mas tem sido cada vez mais comum que pessoas apresentem queda significativa na produção de lágrimas, acarretando o que a oftalmologia chama de síndrome do olho seco.

A síndrome causa o ressecamento extremo da superfície do olho. A lágrima é um líquido produzido pelas glândulas lacrimais, sendo composta por água, sais minerais, proteínas e gorduras, e tem a função de lubrificar, limpar e proteger o olho das agressões causadas por substâncias estranhas ou micro-organismos, segundo definição feita pelo médico Dráuzio Varella. Por isso, quando cai um cisco em um dos olhos, as lágrimas atuam rapidamente, na tentativa de expulsarem o corpo estranho.

A síndrome pode acometer uma pessoa a qualquer momento, mas acontece geralmente a partir dos 35 anos. Alguns fatores são importantes e podem causar o ressecamento extremo dos olhos: além do envelhecimento, doenças sistêmicas e autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus. O uso frequente de alguns medicamentos também está entre as causas, como, por exemplo, antidepressivos, antialérgicos e betabloqueadores. No caso da mulher, alguns medicamentos anticoncepcionais também podem causar secura nos olhos.

A doença também pode ser provocada por anormalidades nas pálpebras. Mas é importante que as pessoas fiquem atentas aos fatores ambientais. A síndrome é resultado de contato excessivo com ar-condicionado (inclusive dos veículos), vento, clima quente e seco, fumaça, entre outros.

A característica do clima tropical brasileiro é de estações bem definidas: inverno com temperaturas amenas e umidade baixa, e verão quente e chuvoso, com umidade alta. No entanto, não é o que tem ocorrido nos últimos anos. O país tem tido meses de clima quente e seco mais constantemente.  Mesmo no verão, a umidade tem sido relativamente baixa, menos de 60%, segundo acompanhamento feito no portal Climatempo. Por isso, é preciso redobrar os cuidados.

Outro fator de risco é ficar muito tempo em frente às telas de celular, computador ou TV sem piscar.

No fim de 2018, congresso em Cuarnavaca, no México, reuniu os maiores oftalmologistas especialistas em olho seco da América Latina. No 1º Simpósio sobre a Síndrome do Olho Seco, profissionais fizeram um alerta: a prevalência da doença na população mundial já chega a 20%. Cerca de 337 milhões de pessoas foram diagnosticadas, e as mulheres têm probabilidade dez vezes maior de sofrer o incômodo do que o homem devido às mudanças hormonais. No Brasil, são cerca de 2 milhões de diagnósticos por ano.

“De cada quatro pacientes que vão ao oftalmologista, três apresentam problemas relacionados com o olho seco. Muitos pacientes sentem os sintomas sem saber que têm a doença. Muitos casos são maldiagnosticados. Com isso, as pessoas compram colírios sem indicação e gastam dinheiro errado, sem fazerem o tratamento adequado”, afirmou na época Sashka Dunkerkey, diretor médico para a América Latina e Caribe da Alcon, organizadora do simpósio.

É importante, nos primeiros sintomas, a pessoa procurar um profissional para iniciar o tratamento correto. Deve-se atentar para secura, vermelhidão, coceira, ardor, sensação de corpo estranho e fotofobia. Para pacientes que fazem uso prolongado de lentes de contato, um sintoma importante é a recusa do olho ao material, considerado um corpo estranho. Na insistência, os olhos podem ficar vermelhos e causar inflamação na córnea, sendo necessária a suspensão imediata do uso das lentes.

Tratamento

O tratamento é geralmente feito com a aplicação de lágrimas artificiais, podendo ser em forma de colírio ou de pomada. No caso dos colírios, existem tipos com conservante e sem conservante, sendo o primeiro com maior chance de causar irritação nos olhos. No entanto, especialistas alertam que nem todo colírio vendido nas farmácias têm as substâncias corretas para o tratamento, as chamadas lágrimas artificiais. Por isso, a importância de haver a prescrição.

O portal Minha Vida indica alguns cuidados para que a pessoa conviva melhor com o diagnóstico. O conteúdo foi validado pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia. O primeiro cuidado é descansar os olhos das telas a cada 50 minutos para retomar o fluxo normal de piscadas. O ideal, segundo o site, é acertar a altura do computador um pouco abaixo da linha do olhar, para forçar que os olhos não fiquem tão abertos o tempo todo. Piscar com mais frequência é fundamental, segundo as dicas, para garantir a lubrificação da córnea.

Indicação é procurar um profissional e iniciar o tratamento com colírios específicos

Outra dica é beber bastante líquido para garantir a hidratação dos olhos, assim como dos lábios e da pele. Umidificar o ambiente também é importante, principalmente onde há ar-condicionado. Outra orientação é evitar fumaças, como a de cigarro, e higienizar bem os olhos para retirar a oleosidade da pele e os resquícios de maquiagem.

A última indicação é complementar a alimentação com ômega 3. O ácido graxo ajuda na composição da camada mais oleosa da lágrima, fazendo com que ela não evapore facilmente.

O paciente que não faz o tratamento correto, segundo especialista da Alcon, tem chances maiores de desenvolver outras doenças oculares, especialmente na córnea. Podem aparecer ceratites (inflamação na córnea) e úlceras, levando, em alguns casos, à necessidade de transplante.

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