Vilão da inflação: alta do preço do diesel impacta toda a economia

IPCA de março foi o maior para o mês desde o lançamento do Plano Real, em 1994, puxado principalmente pelos transportes e pelos alimentos e bebidas

Economia / 18 de Julho de 2022 / 0 Comentários
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O Brasil registrou em março a maior inflação para este mês desde o lançamento do Plano Real. Os preços subiram 1,62%, depois de já terem avançado 1,01% em fevereiro. A taxa só é menor do que a registrada em março de 1994, antes da adoção da nova moeda, criada justamente para conter a hiperinflação daquela época. Com isso, no acumulado de 12 meses, a inflação chegou a 11,3%, o maior valor desde outubro de 2003. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, os grandes vilões foram os transportes, que subiram 3,02%, e os alimentos e bebidas, com avanço de 2,42%. 

Mas o índice de difusão, que mostra a quantidade de itens que tiveram aumento, chegou a 76,13%, um recorde desde outubro de 2016, o que atesta que a inflação está bastante disseminada. No caso dos transportes, a alta foi causada principalmente pela correção de 6,7% nos preços dos combustíveis após um novo reajuste feito pela Petrobras. A gasolina, com alta de 6,95%, teve o maior impacto individual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, mas os preços do gás veicular, do etanol e do óleo diesel também subiram significativamente. O diesel, inclusive, é o subitem não alimentício que mais subiu nos últimos 12 meses: 46,47%. Somente em março, a alta desse combustível foi de 13,7%. “A elevação do preço do diesel reflete em grande medida a valorização do petróleo no mercado internacional, em parte em função da retomada das economias após as restrições impostas pela pandemia, e também em razão dos distúrbios da guerra da Rússia conta a Ucrânia”, avalia a Confederação Nacional do Transporte (CNT) por meio do Radar CNT do Transporte. A entidade destaca que, entre as semanas de 15 de outubro de 2016 e 2 de abril de 2022, o preço médio do diesel na bomba subiu 119,6%, passando de R$ 3,002/litro para R$ 6,593/litro, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Em uma perspectiva mais ampla, a tendência segue de alta recorde desde a mudança na política de preços assumida pela Petrobras em 2016”, ressalta a CNT. rEaçÃo Em cadEia A manutenção da alta da inflação medida pelo IPCA, que se mantém distante da meta e também do teto estabelecido para este ano, tende a provocar um aperto ainda maior na política monetária brasileira, de acordo com a confederação. O resultado é a elevação da taxa básica de juros (a Selic) pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). O efeito é o encarecimento do crédito para todos os setores econômicos, incluindo os transportadores, bem como a busca por títulos públicos por parte dos investidores, o que eleva a concorrência no acesso ao crédito para os setores produtivos. Além dos combustíveis, o levantamento do IBGE mostrou que, no grupo dos alimentos e bebidas, o avanço de 2,42% nos preços em março resultou principalmente na elevação do valor dos alimentos para consumo em domicílio: 3,09%. Mas todos os itens alimentícios tiveram alta, e produtos comuns na mesa dos brasileiros encareceram bastante. O tomate ficou 27,22% mais caro, e o preço da cenoura, que já estava alto, subiu mais 31,47%. De acordo com Kislanov, em 12 meses, a inflação dos alimentos e bebidas acumula 11,62%. Além disso, o grupo habitação subiu 1,15% por conta da alta de 6,57% no gás de botijão e de 1,08% na taxa de energia elétrica. Os dois itens fazem parte do grupo de monitorados porque os preços são regulados de alguma forma pelo governo. Em março, esse grupo teve uma inflação ainda maior do que o índice geral, com alta de 2,65%, que chega a 14,84% em 12 meses. (Com as agências Brasil e CNT Transporte Atual) 

 

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