Motorista consciente
Pesquisa traça perfil do caminhoneiro brasileiro e revela avanços no combate à exploração sexual nas estradas
A quinta edição da pesquisa O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro 2025 confirma avanços importantes no enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes (ESCA) nas rodovias do país, mas também revela desafios persistentes que exigem atenção contí
A quinta edição da pesquisa O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro 2025 confirma avanços importantes no enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes (ESCA) nas rodovias do país, mas também revela desafios persistentes que exigem atenção contínua e maior conscientização dos motoristas. Realizado desde 2005, o estudo é uma das principais ferramentas de avaliação da efetividade do Programa Na Mão Certa e, nesta edição, ouviu 620 caminhoneiros de todas as regiões do Brasil.
O levantamento aponta que 96% dos motoristas afirmaram não ter se envolvido com exploração sexual de crianças e adolescentes nos últimos cinco anos. O dado representa uma evolução significativa em relação às edições anteriores: em 2021, o índice era de 90%; em 2015, de 87%; e, em 2005, apenas 63%.
Apesar do avanço, o cenário ainda preocupa. Mais da metade dos entrevistados (54%) afirmou ser comum presenciar meninas em situação de exploração sexual nas estradas, percentual que se mantém estável em relação à pesquisa anterior. Já a percepção da exploração de meninos aumentou e chega a 43% em 2025.
A pesquisa também chama atenção para desafios estruturais que impactam diretamente a rotina e a qualidade de vida dos caminhoneiros. A falta de infraestrutura adequada nos pontos de parada permanece como um problema crônico. Oitenta por cento dos motoristas reclamam da ausência de banheiros limpos, 70% da falta de comida de qualidade, 63,5% da ausência de refeições a preços acessíveis e mais de 50% apontam a carência de atendimento médico e odontológico. Essas condições afetam diretamente a dignidade do trabalho e a segurança nas estradas.
Do ponto de vista social e econômico, o caminhoneiro brasileiro continua sendo majoritariamente homem, com idade média próxima aos 45 anos e cerca de 17 anos de profissão. Após a queda registrada em 2021, a renda média nominal subiu para R$ 6 mil em 2025, mas ainda não recuperou o poder de compra da década passada. Além disso, 86% acreditam que a profissão é mal vista pela sociedade, o que reforça a necessidade de valorização da categoria.
O estudo também revela que algumas crenças ainda são predominantes. Mais de 77% defendem a redução da maioridade penal e quase 60% apoiam a pena de morte. Um dado alarmante é que 21% dos entrevistados não reconhecem a exploração sexual de crianças e adolescentes como crime, tratando a questão com julgamento moral. Esse número evidencia como a informação e a educação continuam sendo fundamentais para a mudança de mentalidade.
Nesse contexto, o Programa Na Mão Certa mostra-se decisivo. Caminhoneiros que conhecem a iniciativa apresentam maior sensibilidade ao tema da exploração sexual. Entre os que não conhecem o programa, 25% concordam que “as mulheres devem obedecer aos homens”, contra 11% entre os que tiveram contato com as ações educativas. A diferença demonstra o impacto direto da conscientização no comportamento dos motoristas.
A pesquisa também analisou o papel da tecnologia na vida nas estradas. YouTube, WhatsApp e TikTok são as principais fontes de informação profissional para os caminhoneiros. Ao mesmo tempo, o ambiente digital passou a representar um novo espaço de risco: quase 10% relataram já ter recebido propostas de exploração sexual pela internet, e 7,7% afirmaram ter visto conteúdo envolvendo crianças e adolescentes.
Outro ponto relevante é o crescimento da presença feminina na profissão. As caminhoneiras, ainda minoria, relatam boa convivência com os colegas, mas enfrentam as mesmas deficiências estruturais, especialmente nos banheiros dos pontos de parada, considerados o maior problema da atividade.
Os dados reforçam que a erradicação da exploração sexual nas estradas depende da união de esforços entre poder público, empresas, sociedade civil e, principalmente, dos próprios caminhoneiros. A informação, a educação permanente e o acesso a programas de conscientização continuam sendo as ferramentas mais eficazes para transformar a realidade nas rodovias brasileiras.
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