Treinamento 
em massa

A manhã de 29 de novembro foi marcada por um cenário que, à primeira vista, parecia real para quem passava pela região do bairro São Gabriel, em Belo Horizonte. Um avião de pequeno porte “caiu” sobre a via, atingiu veículos, provocou incêndio, risco de explosão e mobilizou dezenas de viaturas de resgate. 

Apesar do impacto visual, tratava-se da 3ª edição do Simulado de Incidente com Múltiplas Vítimas (Simuv), realizado pela PUC Minas em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, diversos órgãos públicos e teve participação ativa do Grupo de Resgate Voluntário Anjos do Asfalto. 

O exercício simulou a queda de uma aeronave em área urbana, com 50 vítimas ao todo, classificadas conforme a gravidade: quatro óbitos, oito casos críticos, dez moderados e dez leves, além das demais atendidas no próprio local. Uma carcaça de aeronave da Força Aérea Brasileira e sucatas de veículos foram utilizadas para dar realismo à ocorrência, que interditou um trecho da rua próxima ao campus São Gabriel da PUC Minas. Os feridos foram encaminhados às UPAs e hospitais da rede SUS-BH, enquanto oito ambulâncias ficaram exclusivas para a operação.

A ação permitiu avaliar, na prática, o cumprimento dos protocolos do Plano Municipal Assistencial em Eventos de Múltiplas Vítimas, lançado neste ano. Durante o simulado, foram analisados o tempo de resposta, a articulação entre os órgãos, a capacidade das unidades de saúde e a eficiência do atendimento em cenários de alta complexidade. Todas as informações serão agora examinadas pelas equipes técnicas da Secretaria Municipal de Saúde.

Integração

O treinamento, segundo explica o professor Júlio Santana, enfermeiro e diretor acadêmico da PUC Minas Contagem, traz ganhos para as equipes que estão na rede SUS, da urgência e emergência, e também da academia. “É uma forma de integração de trabalho em equipe, que melhora o tempo de resposta e a agilidade dessa equipe. Uma equipe que faz uma simulação está muito mais preparada para atender no real”, avalia.

Mais de mil pessoas participaram da atividade, cerca de 400 delas atuando diretamente na cena. Estudantes dos cursos de Medicina, Enfermagem, Biomedicina, Psicologia, Jornalismo, Engenharias e Tecnologia em Manutenção de Aeronaves tiveram papel central no exercício, seja no atendimento às vítimas, sob supervisão de professores e profissionais especializados, seja na caracterização, na simulação de familiares ou como observadores. Residentes da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) atuaram como “sombras”, responsáveis por informar os sinais vitais das vítimas.

Para o secretário municipal de Saúde, Danilo Borges Matias, a integração entre ensino e serviço fortalece a rede. “O que estamos fazendo aqui hoje é para fortalecer ainda mais nossos protocolos, para que as próximas versões incorporem as lições aprendidas durante o simulado. Trata-se de uma ação de grande magnitude, com um grau de realidade altíssimo, o que proporciona às nossas equipes um material extremamente valioso para treinamento.”, afirmou. Ele lembra que o plano municipal prevê a realização de simulados periódicos, justamente para que a cidade esteja preparada para situações extremas.

A operação envolveu ainda BHTrans, Cop-BH, Guarda Civil Municipal, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Dnit, Polícia Militar Rodoviária e Polícia Rodoviária Federal. A Defesa Civil montou um posto de comando no local para coordenação das ações, enquanto o Cop-BH acompanhou toda a movimentação por videomonitoramento.