Rodovias conectadas
Brasil acelera planos de conectividade nas rodovias federais, mas ainda enfrenta desafios

Governo lança nova política de conectividade nas rodovias
O acesso contínuo à internet e ao sinal de celular nas rodovias federais tornou-se prioridade na agenda do Ministério dos Transportes. Com uma malha de mais de 120 mil km, as estradas federais brasileiras são essenciais para o fluxo logístico do país, mas ainda apresentam importantes gargalos, e um deles é a falta de conexão, que dificulta a gestão de frotas e até mesmo o socorro em emergências rodoviárias.
Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que, atualmente, cerca de 60 mil km das rodovias federais contam com sinal 4G Ñ pouco menos da metade do total. Em algumas estimativas recentes, menos de 32% dos trechos federais dispõem de qualquer tipo de cobertura móvel de dados.
Esses dados evidenciam que a maior parte da conectividade está concentrada nas regiões Sul e Sudeste, especialmente nos trechos próximo a grandes cidades, enquanto áreas remotas do Norte, do Centro-Oeste e parte do Nordeste continuam com baixa ou nenhuma cobertura digital.
A ausência de cobertura afeta não apenas viagens particulares, mas todo o setor de transporte de cargas, dificultando rastreamento, contato em tempo real e monitoramento de eventos críticos nas estradas, como acidentes e bloqueios. Além disso, a falta de sinal prejudica também usuários que dependem de internet para navegação, pagamentos eletrônicos e comunicação de emergências.
Para enfrentar o desafio, o governo federal lançou recentemente a nova Política Nacional de Conectividade, um programa que visa levar internet e sinal de celular a 100% das rodovias federais. A política foi anunciada durante o evento Rodovias do Futuro 2025, em São Paulo, e prevê parcerias com operadoras de telefonia e concessionárias para instalar tecnologia digital ao longo das estradas.
Segundo o Ministério dos Transportes, a implantação será gradativa, priorizando trechos com alto fluxo de veículos, elevada sinistralidade e presença prévia de infraestrutura, como praças de pedágio e pontos de descanso.
O serviço de conectividade deverá ser incluído no valor do pedágio, remunerando concessionárias e acelerando o cumprimento das metas. Uma consulta pública do programa foi aberta em junho para receber sugestões de empresas, de especialistas e do público interessado.
A proposta, segundo o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, é avançar rapidamente rumo à modernização do modal rodoviário: “Se não conectarmos nossas rodovias, o Brasil vai ficar para trás”, afirmou durante o evento.
O ministério reforça que a implantação da conectividade também permitirá ampliar o uso de sistemas inteligentes de transporte, como monitoramento dinâmico do tráfego, operações de segurança e alertas em tempo real para motoristas.
EM OUTROS PAÍSES
Em países desenvolvidos, a conectividade rodoviária avançou rapidamente nos últimos anos. Nos Estados Unidos e na União Europeia, a infraestrutura digital rodoviária é vista como pilar da mobilidade inteligente, integrando sistemas de emergências automáticas, pagamento de pedágios por apps e plataformas logísticas automatizadas.
Em muitas rodovias da Alemanha, da França e do Reino Unido, a cobertura já supera 90% da malha, permitindo, além do monitoramento, o suporte ao tráfego de veículos autônomos e conectados.
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