Chuva e rodovias de pista simples, sinonimo de mortes

31 de Julho de 2014 / 0 Comentários
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*POR José Aparecido Ribeiro.    

 

 

Começou a temporada de carnificina nas estradas de MG. Bastaram alguns dias de chuva para as estatísticas de morte baterem recordes. Não é por acaso. Rodovias de pista simples, frota cada vez maior e veículos com motores mais potentes, um coquetel perfeito para as colisões frontais. Dispensa dizer que nas batidas de frente, as chances de escapar com vida são mínimas. Usando a lógica e o bom senso é possível deduzir que não é só a imprudência a causa de mortes, mas as condições precárias das rodovias.

Causa espanto, no entanto, é ouvir por parte da Polícia Rodoviária Federal a mesma ladainha de sempre, de que os acidentes são provocados por falhas humanas. Cabe algumas perguntas para os representantes PRF: Se as rodovias que vitimaram 21 motoristas nos últimos dias fossem duplicadas, as mortes teriam ocorrido? Por qual razão São Paulo que tem uma frota de 22 milhões de veículos, tem 8 vezes menos mortes do que MG com uma frota aproximada de 9 milhões de veículos?

Os motoristas paulistanos são mais prudentes do que os motoristas do restante do pais? Ou as rodovias daquele estado são projetadas de modo a  evitar as colisões frontais? A análise superficial que transfere responsabilidades para quem é vítima contribui tão somente para que os políticos permaneçam inertes em relação a infra estrutura das rodovias que cortam Minas Gerais e que são as verdadeiras responsáveis pelos números estarrecedores.

Das 21 mortes ocorridas nos últimos dias em rodovias de MG, 17 foram por colisões frontais. Lembro ainda que toda vez que um imprudente age, ele atinge outro motorista prudente que cumpria seus deveres ao volante. É tarefa do poder público, proteger os prudentes dos imprudentes, construindo rodovias seguras, capazes de evitar as colisões frontais, evitando mortes ou sequelas irreversíveis. Com efeito o remédio para acabar com a carnificina em rodovias de MG passa necessariamente pela duplicação da rodovias, pelo menos as federais. O resto é conversa inútil.

 

Consultor em Assuntos Urbanos e Transito

Presidente da ONG SOS Rodovias Federais

CRA-MG 08.0094/D

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