Altamente perigoso

Estudo mostra que cânceres relacionados ao tabaco apresentam letalidade elevada tanto em homens quanto em mulheres

Saúde / 04 de Fevereiro de 2025 / 0 Comentários

O estudo “Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão”, divulgado pela Fundação do Câncer no Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro, mostrou que mais da metade dos pacientes diagnosticados com alguns tipos de câncer relacionados

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O estudo “Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão”, divulgado pela Fundação do Câncer no Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro, mostrou que mais da metade dos pacientes diagnosticados com alguns tipos de câncer relacionados ao tabaco não sobrevive à doença. No caso dos cânceres de esôfago, cavidade oral, estômago, cólon e reto, laringe, colo do útero e bexiga, por exemplo, a letalidade passa de 80%. 

A publicação reforça que o cigarro se mantém como um dos maiores causadores de câncer e mortes evitáveis no país. “Estudamos sete tipos de câncer que apresentaram fortíssima correlação com o tabagismo e com alta mortalidade e letalidade”, afirma o consultor médico e coordenador do estudo, Alfredo Scaff, ao explicar que a mortalidade se refere à quantidade de óbitos dentro de uma população, enquanto a letalidade abarca a força com que uma determinada doença leva os pacientes à morte.
Atualmente, o câncer é a segunda maior causa de óbitos no país, tendo vitimado 239 mil pessoas em 2022 e 704 mil em 2024 - conforme foi estimado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) em novembro último. Os tipos tabaco-relacionados representaram 26,5% do total de 2022 e 17,2% do total esperado para o ano passado.

Estudos
Para chegarem à letalidade, os pesquisadores fizeram o cálculo com base nas taxas ajustadas, tanto de incidência quanto de mortalidade, dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).
No câncer de cavidade oral, a letalidade é de 43% nos homens e de 28% nas mulheres, com destaque para a região Nordeste, que apresenta maior letalidade entre os homens (52%). Já entre as mulheres, o Norte alcançou o maior índice, atingindo 34%.
No caso do câncer de esôfago, foi observada alta letalidade estimada em ambos os sexos – acima de 80% para a maioria das regiões brasileiras, com destaque para o Sudeste, onde o índice entre homens é de 98%.

Quando diagnosticado no estômago, o câncer tem uma letalidade de 71%, sendo que o Norte apresentou o maior índice (83%). Já no caso do câncer de cólon e reto, a letalidade estimada entre homens foi de 48%, e entre mulheres, de 45%.
Para o câncer de laringe no Brasil, a estimativa de letalidade entre homens foi de 65%. O estudo aponta alta relevância em relação à letalidade da doença entre o sexo feminino, variando de 48% a 88% em todas as regiões brasileiras. Os valores das taxas de incidência mostraram que a ocorrência desse tipo de câncer é cinco vezes maior em homens do que em mulheres.

Em relação ao câncer do colo do útero, a letalidade da doença é de 42%. O estudo destaca a contribuição do tabagismo para taxas de incidência e de mortalidade na região Norte, sendo que a doença tem prevenção primária disponível também por meio da vacinação contra o HPV, além de um programa de detecção precoce.
Por fim, para o câncer de bexiga, a letalidade estimada em homens e mulheres foi de 44% e de 43%, respectivamente. 
A letalidade, segundo o coordenador do estudo, é um indicador que impacta a mortalidade da doença, além de um reflexo da agressividade dela e da dificuldade no diagnóstico precoce e no tratamento.

Causa e efeito
Scaff destaca que as substâncias contidas em produtos derivados do tabaco passam, num primeiro momento, pela boca, pela orofaringe e pela laringe, sendo que uma parte deglutida vai para o esôfago – e segue em diante. “Existe uma correlação forte e vários estudos que demonstram a associação do tabagismo, por exemplo, com o câncer do colo do útero”, ressalta.

“As substâncias do cigarro agem sobre o epitélio – e a vagina é um órgão com epitélio que se renova com muita frequência. Essas substâncias podem levar a uma diminuição da imunidade local, ocasionando abertura maior para infecções como pelo HPV, que se manifesta de forma muito mais intensa nesses casos, levando ao desenvolvimento do câncer de colo do útero”, explica o pesquisador. “Há toda uma cadeia de eventos que pode estar potencializando o desenvolvimento desse câncer, e o tabagismo participa de forma muito ativa dessa cadeia”, completa. (Coma Agência Brasil) 

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