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Pesquisa revela que mais de 100 municípios brasileiros adotam algum tipo de medida restritiva de circulação de caminhões

Mobilidade / 06 de Fevereiro de 2015 / 0 Comentários

Faixa na avenida Professor Francisco Morato, uma das principais do Morumbi, zona Sul de São Paulo

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Áreas ou vias de restrição de circula­ção e de carga e descarga, horários restritos para carga e descarga, ro­dízio de placas, tamanho e peso dos veículos. Essas são as principais limitações a veículos pesados implementadas pelas cidades brasi­leiras. Atualmente, mais de cem municípios possuem alguma medida restritiva.

Um levantamento encomendado pela NTC&Logística à consultoria ILOS mostra algumas capitais: São Paulo, São Luiz, Sal­vador, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Natal, Manaus, Maceió, Macapá, Goiânia, Fortaleza, Florianópolis, Curitiba, Cuiabá, Campo Grande, Boa Vista, Belo Horizonte, Belém e Aracaju. O estudo também revela os impactos das restrições sobre os custos para o setor de transporte de cargas. Com a substituição da frota de Veículo Urbano de Carga (VUC) por utilitários, os custos aumentaram 19,7%; a ampliação do tur­no de trabalho de motoristas e ajudantes representou uma elevação de 18%, e a da operação noturna, 16,5%.

Outro ponto é a discrepância de crité­rios entre todas as capitais pesquisadas. O ideal seria que as limitações fossem padro­nizadas, bem como as dimensões do VUC, que variam de uma cidade para outra.

CIDADE  LARGURA (M) COMPRIMENTO (M)
Belo Horizonte 2,30 6,30
Curitiba 2,20 7,00
Rio de Janeiro 2,60 6,50
Recife 2,30 6,00
São Paulo 2,20 6,30
Salvador 2,20 6,50
Osasco 2,30 7,20

“Isso dificulta bastante o planejamento e a operação das frotas. O VUC ideal seria o de Osasco, que permite maior acomodação de cargas, sejam elas a granel, sejam pale­tizadas. Além disso, as medidas restritivas causam uma grande perda de produtivida­de, um problema sério que as empresas de transporte vêm enfrentando. Um veículo de coleta e entrega que atua em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, por exemplo, há 10 ou 15 anos, conseguia executar em um dia cerca de 40 coletas e entregas. Hoje, esse mesmo veículo faz, em média, 16”, afirma Neuto Gonçalves dos Reis, di­retor técnico da NTC&Logística e coordena­dor do estudo.

MEDIDA EFETIVA?

Ele acredita que não há necessidade de restrições maiores, pois os caminhões representam uma parcela muito pequena do trânsito nas grandes cidades, e apenas essa medida não resolverá o problema, além de prejudicar a circulação do trans­porte de cargas.

A pesquisa conclui que as grandes cidades brasileiras apresentam crescimen­to desordenado, falta de planejamento e de infraestrutura, baixo investimento em transporte de passageiros e crescente adensamento populacional. Além disso, a movimentação de cargas nos centros ur­banos é fundamental para a economia do país e o abastecimento da população. Tudo que chega à mão do consumidor vem por meio do caminhão.

DESAFIO

Nesse sentido, o desafio é conciliar o trânsito de pessoas e de cargas no mesmo espaço. Segundo a Fundação Getúlio Var­gas (FGV), o custo do congestionamento de todos os veículos em São Paulo somou R$ 40 bilhões em 2012. Esse valor inclui gasto com combustíveis, com o qual a saúde pú­blica acaba arcando por causa da poluição e horas de salário perdidas pelas pessoas. O prejuízo equivale a 1% do Produto Inter­no Bruto (PIB) nacional.

Estudo realizado em 417 diferentes ci­dades da Europa pela PwC (Pricewaterhou­seCoopers), em 2010, apontou a existência de algum tipo de regulação ou contenção de circulação em nada menos do que 84% dos municípios pesquisados. Constatou-se que os fatores que mais dificultam a circu­lação são o trânsito, as restrições ao fluxo, as dificuldades de estacionar e o aumento das exigências ambientais.

Para o diretor técnico da NTC&Logística, todos os dados confirmam a necessidade de se cobrar a Taxa de Restrição de Trân­sito (TRT) em todas as cargas que tenham origem ou destino nas cidades que criam dificuldades de circulação para os cami­nhões. “Essa tarifação é de 20% sobre o valor do frete nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro e de 15% nos demais municípios. Os empresários devem respeitar as regras e cobrar as taxas reco­mendadas visando minimizar os impactos financeiro e logístico”, completa.

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