Pela estrada afora... ...não vou mais sozinha

Comportamento / 02 de Setembro de 2015 / 8 Comentários
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Mãe conta as histórias vivenciadas ao lado de uma pequena grande companheira de viagem, de apenas 2 anos

Melissa Lauren Rodrigues, 2 anos e 10 meses, já conheceu vários lugares no Brasil, como Lagoa Santa (GO), Poço Azul, em Formosa (DF), Jalapão (TO), Rio de Janeiro (RJ), Ilhabela (SP), Serra da Canastra e complexos de cachoeiras em Delfinópolis (MG), Bonito (MS), Cataratas do Iguaçu (nos lados brasileiro e argentino), além de alguns países: Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. A jovem e viajada paulistana de São Bernardo do Campo (SP) é a leal companheira de aventuras de sua mãe, Elizabeth Rodrigues, 35 anos.

Técnica de enfermagem e bombeira civil, Elizabeth, carinhosamente chamada de Liz, resolveu andar por lugares do mundo ao lado de sua filha, conhecendo belezas naturais e mostrando que é possível ser caroneira com uma criança de pouca idade. “Pesquisando na internet e em mídias sociais, encontrei vários grupos de mochileiros que viajavam com pouca grana e, depois, os caroneiros. Muitos deles me serviram de inspiração, e alguns até hoje são meus amigos. Também li blogs de mães que viajavam com seus pimpolhos de forma tradicional e vi que seria uma questão de adaptação. A nossa primeira viagem foi de ônibus, para Buenos Aires. Minha filha tinha 7 meses. Levei tudo que ela precisava e fiquei na casa de amigos. Foi super tranquilo. Onze meses depois, fizemos uma viagem para Goiás, Brasília e Tocantins, de carona. Daí em diante, não paramos mais”. Liz conta que todas as viagens são especiais, mas ficar de frente para o Monte Aconcágua, na Argentina, próximo da fronteira com o Chile, foi emocionante. “Lá, tudo é lindo. Aquelas montanhas nevadas têm uma energia indescritível”.

SIMPLICIDADE
O segredo para o sucesso das aventuras está na simplicidade, mas pode-se considerar também o instinto materno. “Geralmente, não planejo muito. Escolho um local, vejo as principais rotas, lugares legais para conhecer no caminho, informações básicas e levo um dinheiro para emergência. A estrada sempre nos surpreende com novos caminhos e pessoas. Planejar seria fechar as portas para isso. Um bom planejamento é importante, porém comigo não funciona”, brinca.
Normalmente, elas saem pelas estradas no período de férias escolares. Em alguns lugares, são usados meios de transporte, como ônibus circular, van tipo lotação ou “tuc-tuc”, espécie de triciclo. A hora de dormir acontece em barracas ou acomodações por meio de couchsurfing, rede social que faz a ponte entre turistas que querem hospedagem grátis durante uma viagem e pessoas que gostariam de receber visitantes.

Liz diz que as pessoas são bem receptivas e gostam de ouvir e compartilhar histórias. Outros aliados são os profissionais do transporte rodoviário de cargas, que ajudam e cuidam como se fossem da família. “Passamos um bom tempo juntos, conversamos de tudo e conhecemos suas histórias também. Somos um pouco psicólogos, amigos, companhia. Alguns caminhoneiros se tornam nossos amigos, tanto que, depois, acabamos por viajar juntos novamente”.

Quando Liz e a filha não viajam, fazem trilhas nos fins de semana, visitando picos, montanhas e cachoeiras. Liz sente que Melissa, a doce Mel, adora as aventuras. “Ela ainda não fala claramente, mas noto em seus olhos e na felicidade dela que ela curte muito. Ama natureza e bichinhos, e pede para viajar. Ela sempre foi uma bebê boazinha e, agora, com quase 3 anos, já mostra sua independência e suas vontades”, ressalta.

Atualmente, Liz se classifica como mãe e viajante. Ela faz artesanatos e comercializa outros produtos enquanto Mel fica na creche. Tem o objetivo de se mudar para um lugar mais tranquilo e perto da natureza.

PERRENGUES
Mel é uma criança meiga, inteligente, curiosa, cheia de energia, bem receptiva às experiências e adaptável. Essa personalidade permite que Liz compartilhe todos os momentos com ela, inclusive as adversidades. “Digo sempre que todo perrengue é aprendizado. Mas o pior de todos, com certeza, é a chuva. Além de não podermos ir para a pista pedir carona, ficamos ilhados em algum lugar até o tempo melhorar. Na última viagem à Bolívia, íamos subir um paredão de pedra com um lago em cima, mas, na metade da trilha, baixou a neblina e começou a chover até granizo. Para termos segurança, voltamos para nosso alojamento, num hospital do povoado, e ficamos mais um dia sem poder sair, além de nossas coisas terem ficado molhadas”.

Por isso, é fundamental ter sempre em mãos os documentos (da criança e dos pais): carteira de vacina, cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do convênio médico, além de um kit de primeiros socorros, livros infantis, jogos e brinquedos, a fim de manter a criança confortável. Ter dinheiro e um mapa, utilizar roupas que não chamam atenção e ficar em local seguro e de fácil visualização, como um acostamento largo, para facilitar a parada do motorista, também são dicas importantes.

PRÓXIMAS AVENTURAS
Apesar dos desafios que enfrenta, Liz tem medo de ficar em casa e não poder mais viajar. Ela avalia que a estrada faz parte de suas vidas. “Enquanto eu tiver boa saúde e condicionamento físico, irei me aventurar. O tempo passa rápido, e perdemos muito acumulando algo que não é essencial. Assim, deixamos de viver plenamente”, afirma.

A mãe considera que as aventuras são importantes para o desenvolvimento da filha, pois, assim, ela conhece novos lugares, pessoas e culturas, bem como sente a importância de se respeitarem a natureza e os animais. “Quero que Liz saiba dar valor ao que realmente importa, que seja gentil e doce e que continue com esse sorriso lindo no rosto que contagia todos. Criança feliz, adulto do bem!”, finaliza.

Em seu blog, http://docessaventurass.blogspot.com.br/, Liz conta suas aventuras com a Mel e amigos e apresenta dicas de como viajar como caroneiro.

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