Ajuda aos refugiados

Solidariedade / 14 de Março de 2018 / 0 Comentários

Entidades se reúnem para arrecadar doações e enviá-las aos venezuelanos em Boa Vista, no Estado de Roraima. Imigrantes vivem em situação de miséria na capital.

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Entidades estão se reunindo para enviar doações aos imigrantes venezuelanos que têm chegado a Boa Vista, Roraima, desde o ano passado. Já são mais de 40 mil pessoas do país vizinho que buscam no Brasil uma esperança de conseguir trabalho e recomeçar a vida, mas têm encontrado uma situação de miséria. Juntos, o Rotary Clube de Contagem, o grupo Transportando Ideias, o Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais (Sintrauto) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Centro-Oeste Mineiro (Setcom) estão recolhendo doações, especialmente de alimentos, para serem enviadas ao Norte do país.

As entidades conseguiram criar uma logística para enviar as doações, que vão sair de Campinas, em São Paulo, no próximo dia 10, em duas carretas. Os mantimentos vão sair de Minas Gerais no dia 9 e podem ser entregues na sede do Sindicato dos Cegonheiros. Para ajudar, basta entrar em contato com o diretor da revista Entrevias, Geraldo Eugênio de Assis, por meio do telefone 3593-0042. Também podem ser feitas doações em dinheiro (veja em “Como doar”). “Esperamos que muita gente participe desta corrente do bem. Soubemos pelo Rotary de Boa Vista que a situação é gravíssima no que diz respeito a alimentos”, disse Geraldo.

Quem também está se mobilizando para ajudar os refugiados de Roraima é a organização humanitária Fraternidade sem Fronteiras. No início de dezembro, a instituição inaugurou um centro de acolhimento na cidade. “As pessoas estavam com baixa autoestima, se sentindo abandonadas. Hoje, estão acolhidas, amadas”, relatou o fundador da Fraternidade, Wagner Moura.

O local abriga cem famílias, e a estrutura conta com dormitórios, redário, refeitório, lavanderia e banheiros coletivos. Também tem uma sala de aula para as crianças. A intenção é que o local, que tem despesa mensal estimada em R$ 30 mil, receba padrinhos. A meta é conquistar 600 padrinhos doando R$ 50 mensais para manter refeições e condições básicas do local.

A cidade de Boa Vista decretou situação de emergência social em fevereiro devido à imigração dos venezuelanos. As equipes, principalmente de gestão social e saúde da capital, estão em alerta máximo. A estimativa da prefeitura é que a população de imigrantes já passe de 10% dos cerca de 330 mil habitantes da cidade. E a chegada deles não para. São cerca de 800 venezuelanos entrando no país por Roraima todos os dias.

A prioridade da prefeitura de Boa Vista, com apoio do governo federal, é acolher crianças em situação de rua com reforço na alimentação, saúde, higiene, assistência social e educação. Estão sendo feitas campanhas para doação e a criação de um banco de oportunidades para ajudar na inserção dos refugiados no mercado de trabalho.

Recentemente, foi apresentado um plano de emergência à Agência da ONU para Refugiados (Acnur) que prevê a criação de espaços para que as crianças possam passar o dia. Nestes abrigos, a ideia é que elas receberam acompanhamento de especialistas de diversas áreas e cinco refeições por dia.

Também estão sendo feitas campanhas de vacinação e prevenção de doenças. Recentemente, foi realizada uma vacinação em massa nos refugiados após casos confirmados de sarampo na cidade. Uma criança venezuelana de 4 anos morreu logo depois de chegar da cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Ela deu entrada no hospital infantil de Boa Vista com a saúde debilitada e suspeita de sarampo, confirmada logo após a morte.

Entenda

A Venezuela enfrenta uma prolongada crise econômica e política. Além dos protestos contra o governo de Nicolás Maduro, a queda no preço do petróleo tem reduzido os recursos e levado a uma situação de escassez de alimentos e produtos de primeira necessidade à população. Isso ocorre porque o petróleo é responsável por 96% da renda do país, que tem grandes reservas.

O desabastecimento é crônico, e a inflação já e a maior do mundo. Diante da situação, muitos venezuelanos tentam deixar o país. A maioria segue a pé até Roraima, cerca de 220 km de distância. 



 

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