Alerta: febre amarela

País registra mais de 50 óbitos pela doença e 600 notificações. Estados fazem campanha de vacinação e ofertam a dose fracionada para conseguirem imunizar número maior de habitantes.

Saúde / 06 de Fevereiro de 2018 / 0 Comentários
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O Brasil está em alerta por causa da febre amarela. Os Estados do Sudeste têm se destacado no país em número de casos humanos, o que deixa as autoridades sanitárias e a população ainda mais apreensivas. Entende-se que a região tem, historicamente, uma cobertura vacinal mais eficaz. No entanto, o aumento dos casos está evidenciando que boa parte da população ainda não foi imunizada de uma doença que já era considerada erradicada no Brasil. 

Segundo o Ministério da Saúde, a maioria dos casos confirmados até o momento é em áreas rurais ou de pessoas que tiveram contato com áreas silvestres por motivos de trabalho ou lazer. Isso quer que dizer que o vírus ainda não teve circulação na área urbana, onde há concentração populacional.

Até o fim de janeiro, o Brasil confirmou 130 casos da doença em humanos e 53 óbitos. Foram notificados mais de 600 casos, e mais de 160 estão em investigação.

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda causada por vírus transmitido por mosquitos vetores. Não há transmissão direta de pessoa para outra pessoa, apenas por mosquitos infectados. Clinicamente, é uma doença grave e tem potencial grande de disseminação nas áreas urbanas por causa do mosquito Aedes aegypti, que, além da dengue, da zika e da chikungunya, transmite a febre amarela.

Vacina

Hoje, a maior polêmica está em torno da vacina. Ela é a principal ferramenta de prevenção e de controle da enfermidade. Historicamente, o país, por meio do calendário de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS), recomendava duas doses de imunização por precaução. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que apenas uma dose durante a vida é suficiente para imunizar a pessoa sempre. Diante da alta procura e do baixo estoque, o Ministério da Saúde passou a recomendar também só uma dose da vacina, garantindo a imunização completa.

Alguns Estados brasileiros ofertam a vacina na rotina, como Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Agora, o Espírito Santo também entrou na lista de recomendação. São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia começaram a aplicar a dose fracionada da vacina por decisão do Ministério da Saúde. A intenção é aumentar a cobertura e garantir imunização nos próximos anos. Minas Gerais, como sempre aplicou a dose inteira e tem boa cobertura vacinal, optou por não aderir à dose fracionada.

Cada frasco da vacina contra a febre amarela contém cinco doses integrais, com 0,5 ml, imunizando cinco pessoas. Já na dose fracionada, é aplicado 0,1 ml em cada pessoa, com capacidade de imunização por oito anos.

Minas Gerais já teve dois surtos de febre amarela entre os anos de 2001 e 2003 nas regiões Centro-Oeste e Alto Paranaíba. Em 2008 e 2009, foram mais dois casos confirmados no Noroeste de Minas e na Zona da Mata, mas não configuraram surto. Em 2017, o Estado recebeu notificação sobre a ocorrência de casos suspeitos de febre hemorrágica em municípios próximos a Teófilo Otoni, Coronel Fabriciano, Manhumirim e Governado Valadares. Nesses locais, ocorreram mortes de primatas. Esses óbitos de primatas ajudam na identificação da área onde há mosquito transmissor.

A vacina é indicada para bebês de 9 meses a adultos de até 60 anos. Quem vai viajar para regiões de surto deve se vacinar dez dias antes. A dose é contraindicada para gestantes – elas devem passar por avaliação médica caso tenha necessidade de ir para áreas de risco epidemiológico -, mulheres que estão amamentando, bebês de até 6 meses e pessoas com mais de 60 anos. Também não se aplica em indivíduos com alergia a ovo de galinha e derivados, pacientes com histórico de doenças do timo, com imunossupressão de qualquer natureza e oncológicos e portadores de doenças crônicas.

Sintomas

Os sintomas da febre amarela ocorrem de três a seis dias após a infecção. São sinais da doença: início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, nas costas e no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Cerca de 15% das pessoas infectadas apresentaram um período de horas a até um dia sem sintomas e, na sequência, desenvolveram a forma mais grave da doença.

Nos casos piores, a pessoa pode ter febre alta, icterícia (coloração amarelada na pele e no branco dos olhos), hemorragia especialmente no trato gastrointestinal e, eventualmente, choque e insuficiência múltipla dos órgãos. De 20% a 50% das pessoas que têm a forma grave da doença podem morrer, segundo o Ministério da Saúde.

De acordo com as autoridades de saúde, é importante que qualquer pessoa que apresente esses sintomas siga imediatamente para uma unidade de saúde e informe se houve viagem para áreas de risco, especialmente matas e florestas, nos últimos 15 dias antes do início dos sintomas. Informar se houve morte de macacos próximo à área visitada também é fundamental. As áreas de risco são os locais que têm matas e rios.

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