Brasil vende mais pneus reformados

Aumento no número de unidades comercializadas foi de 14% em oito anos. Procedimento é indicado para evitar danos ambientais

Meio Ambiente / 07 de Maio de 2014 / 0 Comentários
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O segmento de reforma de pneus está crescendo no Brasil. Essa é uma forma de diminuir a quantidade
de borracha lançada no meio ambiente, sem tratamento e que demora milhões de anos para se decompor. Segundo dados da Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus (ABR), o aumento no número de unidades recuperadas foi de 14% entre 2005 e 2013.

Quando jogados no meio ambiente, os pneus podem se misturar a lixos orgânicos, absorver gases da decomposição e aumentar o risco de explosões nesses lugares. Além disso, se queimados, provocam danos irreversíveis, como a liberação de óleo no solo, tanto que a queima é proibida no país. Uma das formas de reciclagem é a conhecida recauchutagem, que é uma reforma que deixa o pneu apto a ser usado novamente praticamente nas mesmas condições de um novo.

Em entrevista ao Portal CNT, da Confederação Nacional do Transporte, o assessor técnico da ABR, Carlos Thomaz, explicou que a reforma, feita por processos técnicos que substituem a banda de rodagem por uma nova, é segura e tem rendimento quilométrico equivalente a de pneus novos. A banda de rodagem é a parte do pneu que entra em contato com o solo.

O procedimento é uma prática mundial que surgiu para evitar o desperdício. Para fazer a reforma, a indústria emprega apenas 20% do material usado na produção de um pneu novo. Hoje, o país tem 1.257
empresas que fazem o serviço, a maioria de pequeno porte.

Cada carcaça pode ser modificada em média duas vezes, gerando três vidas ao pneu. O custo, segundo a ABR, é 73% menor ao consumidor e proporciona redução de 57% no custo por quilômetro rodado, que pesa no orçamento do transportador, ou seja, um pneu recuperado custa 43% do valor de um novo.

Ainda de acordo com a associação do setor, a reforma repõe no mercado mais de 8 milhões de pneus da linha caminhão/ônibus por ano e representa uma economia de R$ 7 bilhões ao ano para o setor. Segundo a indústria, o processo não é uma atividade poluidora.

Carlos Thomaz explica, no entanto, que nem todo pneu pode ser recuperado. Segundo ele, é preciso que o equipamento passe sempre por manutenções preventivas, além de não sofrer sobrecarga, manter-se a pressão do ar adequada e passar por rodízio. Ele alerta que unidades danificadas, com descarte excessivo e cortes não oferecem condições para serem reformadas, pois podem prejudicar a segurança do produto.

O Brasil é o segundo maior mercado no mundo, segundo a associação. São 9 milhões de unidades de ônibus e caminhões que usaram a reforma como alternativa para os pneus gastos em 2013. Apenas os Estados Unidos estão na frente, com mais de 20 milhões de unidades no ano passado.

INDÚSTRIA

Mesmo com retração da indústria automotiva, o mercado de pneus avançou no primeiro bimestre de 2014, segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip).

O PROBLEMA DOS PNEUS

  • - Se jogados em terrenos baldios, podem acumular água da chuva e servir de local onde mosquitos transmissores de doenças, como a dengue e a febre amarela, colocam  seus ovos
  • - Se queimados, podem ajudar a dissipar incêndios. Um pneu é capaz de ficar em combustão por mais de um mês e, no processo, libera dez litros de óleo no solo. A queima de pneus é proibida pela legislação ambiental federal
  • - Se colocados em lixões e misturados ao lixo orgânico, absorvem os gases liberados na decomposição, inchando e estourando

                                         

Para permanecer em crescimento e acompanhar a evolução do mercado mundial, o presidente do Conselho de Administração da associação, Jean-Philippe Ollier, diz que estão sendo investidos mais de R$ 10 bilhões no país até 2015. "Vamos investir agora também para implantação do processo de etiquetagem de pneus, que consideramos uma medida muito importante na defesa do consumidor", afirma.

O setor reúne hoje 11 fabricantes de pneus novos, com mais de 100 mil colaboradores diretos e indiretos. "Somos os maiores consumidores de borracha sintética, borracha natural e alguns produtos químicos que entram na composição do pneu. E temos sentido falta de uma política mais efetiva para aumentar a produção local, principalmente da borracha natural, um produto nativo do Brasil", afirma Ollier. Em 2013, segundo dados da Anip, foram produzidos 68,8 milhões de pneus de todos os tipos no país, crescimento de 9,77% sobre 2012.

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