Caminhoneiros nada satisfeitos

Pesquisa mede o Índice de Satisfação dos Caminhoneiros nas Estradas, e nota fica em 1,5, distante da máxima de 5 pontos

Estradas / 06 de Dezembro de 2022 / 0 Comentários
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Não é novidade que a vida do caminhoneiro que roda pelas estradas do país não é nada fácil. Mas até hoje isso não havia sido medido. E o resultado mostrou que o trabalhador está muito insatisfeito com tudo que enfrenta todos os dias pelas rodovias. O Clube da Estrada, principal plataforma de relacionamento com os caminhoneiros, criou um índice de satisfação inédito que pontua entre 0 e 5 diversos itens referentes à vida de quem está na estrada.

Para a primeira pesquisa, foram ouvidos 1.150 caminhoneiros de todo o Brasil. No total de todos os itens questionados, o Índice de Satisfação dos Caminhoneiros nas Estradas ficou em 1,5 de um máximo de 5 pontos. Entre os itens que mais geram insatisfação está o preço dos combustíveis, que registrou nota média de 0,9 ponto.

Segundo informações do Clube da Estrada, foram avaliados sete temas importantes para o bom exercício da profissão: combustíveis, segurança, condições das rodovias, condição e disponibilidade de pontos de parada e descanso, volume de trânsito, preço do frete e carga horária de trabalho.

O fator preço do combustível recebeu nota 0 de 52% dos caminhoneiros entrevistados para a pesquisa. O valor do diesel varia de acordo com a região do país, mas, neste ano de 2022, chegou a passar dos R$ 7 o litro. Devido a aumentos sucessivos, a categoria passou a receber um auxílio do governo federal no valor de R$ 1.000 com o objetivo de repor o valor gasto pelos caminhoneiros, especialmente os autônomos.

Outros 38% dos entrevistados pelo Clube da Estrada avaliaram o preço do combustível com notas 1 ou 2. Segundo o Clube da Estrada, foi realizada uma pesquisa recentemente com esse tema, e se identificou que 52% dos caminhoneiros gastam acima de R$ 10 mil com diesel por mês e que 55% deles rodam mais de 9.000 km pelas rodovias do país todos os meses.

Na avaliação dos caminhoneiros pesquisados, o medo de ter as mercadorias roubadas ou sofrer um assalto nas estradas é grande. Por isso, a segurança nas estradas foi avaliada com pontuação bem baixa, mostrando que é um problema que precisa ser enfrentado pelas autoridades. Recebeu a nota 1,49 no índice. Entre os entrevistados, 20% deram nota zero; 30%, nota 1; e 35%, nota 2 para o item segurança.

Conforme foi divulgado pelo Clube da Estrada, um levantamento recente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística apontou que, em 2021, o prejuízo com roubo de cargas passou de R$ 1,27 bilhão.

Já o item condição das estradas ficou em terceiro lugar com menos avaliação, recebendo 1,73 ponto. Para a situação dos pontos de parada e descanso, a nota recebida foi de 1,84. E volume de trânsito veio em seguida, com 2 pontos, empatado com preço do frete, que também recebeu 2 pontos na avaliação. A maior pontuação, ou seja, aquilo em relação a que o caminhoneiro se diz mais satisfeito, foi a carga horária de trabalho, com 2,4 pontos. No entanto, esse item, que ficou em primeiro lugar no ranking de avaliação, não chegou nem à metade da pontuação máxima.

 

PREOCUPAÇÃO

Para Thomas Gautier, CEO do Freto, a logtech mantenedora do Clube da Estrada, todos os dias são ouvidas queixas dos caminhoneiros quanto às condições enfrentadas nas estradas. “Esse resultado comprova a insatisfação geral. Nós, do Freto, ficamos muito preocupados com o índice de segurança nas estradas. Quando falamos de humanologística, de uma logística feita por pessoas para pessoas, isso passa pelo respeito e pelo senso de segurança deles”, afirmou Gautier.

“Temos que trabalhar coletivamente com instituições públicas, privadas, associações de classe e governo para melhorar essas condições”, completou o CEO.

Segundo ele, o índice foi criado com o propósito de informar a sociedade sobre as necessidades da categoria e os impactos de determinados acontecimentos na sua rotina profissional. “Esse índice abre um diálogo inédito que começou há mais de nove anos, com o nascimento do clube e do monitoramento das condições de trabalho dos caminhoneiros do Brasil”, disse.

A pesquisa foi realizada entre os meses de junho e julho, e os resultados foram divulgados em outubro.

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