Combustível parceiro do clima

Artigo / 13 de Abril de 2016 / 0 Comentários
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 O dia 12 de dezembro de 2015 entrou para o calen­dário mundial como data histórica. Nesse dia, 196 países reunidos na Convenção do Clima, realizada na França, pela Organização das Nações Unidas (ONU), aprovaram o Acor­do de Paris, documento que define requisitos para evitar que a temperatura média no planeta não aumente mais do que 2°C até o fim deste século. O documento prevê que o aumento durante o período fique limitado a 1,5°C preferencialmente. Apesar de o limite no aumento da tem­peratura parecer pequeno, é grande na importância para o futuro de nossos filhos e netos, bem como dos demais seres vivos.

Dezenas de estudos científicos indicam que aumentos superiores a 2°C podem tornar ainda mais críticas as mu­danças climáticas já existentes, as quais vêm ocasionando perturbações intensas em todo o mundo, com ondas de ca­lor, secas, enxurradas e furacões, provocando mortes e pre­juízos imensos. Calor e chuvas intensas também favorecem a proliferação de insetos e de doenças por eles dissemi­nadas, como malária, dengue, chikungunya e zica. Chuvas em excesso ou longos períodos de seca, como temos visto no país, prejudicam a agricultura e a criação de animais, afetando a produção de alimentos e a economia. O ano 2015 ganhou a taça do mais quente da história, ficando 2014 em segundo lugar. A intensificação do calor em 2015 se deve a uma combinação do aquecimento global e da intensificação do El Niño, fenômeno natural que ocorre pe­riodicamente e que resulta na elevação da temperatura do oceano Pacífico.

A principal causa do aumento da temperatura do pla­neta é a emissão de gases e partículas originadas pelas ati­vidades humanas e por alguns fenômenos naturais, como incêndios florestais e erupções vulcânicas. Esses gases e partículas aprisionam o calor que a Terra recebe do Sol, e, quanto maior é a sua presença no ambiente, maior é a capacidade da atmosfera de reter calor e provocar essa “bagunça climática”. A emissão de gás carbônico (CO2) é considerada a mais importante no processo de aquecimen­to da temperatura, pois é gerada em grandes quantidades, principalmente quando se queimam combustíveis. O trans­porte de cargas, que praticamente utiliza somente óleo die­sel, contribui substancialmente para esse problema, sendo responsável por 20% a 30% das emissões geradas global­mente pelo setor de transportes.

Dentre as principais recomendações apresentadas em Paris, durante a Convenção do Clima, o aumento da efici­ência no uso dos combustíveis merece destaque. De fato, a economia no uso do óleo diesel resulta em menor emissão de diversos gases, em especial o CO2, e das partículas que compõem a famosa “fumaça diesel”. A economia no con­sumo do óleo diesel pode ser obtida pelo melhor uso das cadeias logísticas, pela otimização de rotas, pela ocupação eficiente de espaços vazios de carga e pela melhoria na qualidade das estradas. Contudo, é essencial que os veícu­los também sejam mais econômicos. Como os projetos dos caminhões comercializados no Brasil seguem as tendências internacionais, somos beneficiários dos avanços tecnológi­cos utilizados no exterior, tendo à nossa disposição veícu­los que apresentam melhor desempenho, com consumo de combustível reduzido e emissão de poluentes diminuída. Aliás, essa é uma característica dos caminhões da fase P7 do Proconve, produzidos a partir de 2012. Mas não basta ter uma joia tecnológica nas mãos, é necessário cuidar dela com carinho e responsabilidade. Portanto, é preciso zelar pela saúde do caminhão, realizando os serviços de manu­tenção regularmente, para que o consumo de combustível seja mínimo, contribuindo, assim, para a diminuição da emissão dos gases e das partículas responsáveis pelo aque­cimento da atmosfera. Por outro lado, quem deixa o cami­nhão emitir fumaça visível, adultera o Arla 32 ou frauda o sistema de controle de emissão dos óxidos de nitrogênio precisa pôr a mão na consciência. Não se pode esquecer de que a emissão dos óxidos de nitrogênio, além de poluir o ar, favorece a formação de uma “sopa química” na atmos­fera, cujo principal elemento, o ozônio, também colabora para o aquecimento da atmosfera. Não há como negar ou postergar: o setor de transporte de cargas, juntamente com outros setores da economia, tem um importante papel a cumprir para o bem da humanidade, e, para isso, é neces­sário mudar certos hábitos.

*Consultor técnico da Associação dos Fabricantes de Equipamentos para o Controle de Emissões Veiculares da América do Sul (Afeevas)

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