Cuidado com as doenças de verão

Micoses, queimaduras, diarreias e desidratação são problemas comuns nesta época do ano, principalmente para quem vai à praia

Saúde / 06 de Fevereiro de 2015 / 0 Comentários

Juliano de Oliveira Sales, otorrinolaringologista especialista em rinosseptoplastia, que coordena o setor de otorrino do Hospital Mater Dei Contorno e o ambulatório de patologias nasais complexas do Hospital Universitário São José

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O verão só termina em março e, pelo visto, vai continuar seco e quente. E quem sofre com isso é o nosso or­ganismo. É nesta época que aparecem doen­ças típicas da estação. Quem está de férias e vai à praia ou se esbaldar em clubes, lagoas e cachoeiras deve ficar atento. Se tiver criança, então, cuidado redobrado. Queimaduras cau­sadas pelo sol, micoses, desidratação, surtos como dengue e a nova febre chikungunya, e até leptospirose são comuns nesses meses. Além delas, as doenças respiratórias, que aparecem com a exposição excessiva ao ar­-condicionado e com o tempo seco.

Segundo o otorrinolaringologista espe­cialista em rinosseptoplastia Juliano de Oli­veira Sales, que coordena o setor de otor­rino do Hospital Mater Dei Contorno e o ambulatório de patologias nasais comple­xas do Hospital Universitário São José, ge­ralmente, nesta época, há uma diminuição dos problemas respiratórios, mas, excepcio­nalmente neste ano, ocorre um aumento deles devido à baixa umidade relativa do ar, o que é não é comum no verão no Brasil. “A baixa umidade do ar começa a machucar a mucosa nasal, o que traz inchaço e proble­mas respiratórios diversos, como sinusites, rinites e obstrução nasal”, explica.

Ele alerta que a obstrução nasal está in­timamente ligada à qualidade do sono. Por­tanto, uma pessoa que dorme mal tende a ter pior produção durante o dia, dificuldade de concentração e, até mesmo, sonolência diurna, que é, hoje, uma das causas de aci­dentes rodoviários. “Por isso, oriento todos a, além de tomarem muita água, fazerem a hidratação nasal com soro fisiológico várias vezes ao dia. Na persistência dos sintomas, ou agravamento deles, é importante procu­rar um especialista”, afirma.

Para as crianças, ele ainda sugere um cuidado maior. Além das patologias, de acordo com Sales, os pequenos são mais susceptíveis à desidratação pelo aumento da transpiração e pela incidência de diar­reia devido às infecções alimentares, tam­bém comuns nestes meses. O mesmo vale para os idosos.

O calor favorece ainda a proliferação de bactérias. Por isso, é preciso redobrar os cui­dados com as higienes pessoal e alimentar. Quem vai à praia ou tem contato com a areia deve ficar atento ao bicho geográfico. As fe­zes dos cães, por exemplo, podem estar con­taminadas com o Ancylostoma caninum, um parasita que, em contato com a pele, causa lesões que provocam coceira. Elas possuem um contorno parecido com um mapa.

FUNGOS E BACTÉRIAS

As micoses também são causadas por fungos que podem ser adquiridos na praia ou em piscinas. Eles se desenvolvem rapida­mente em contato com a pele úmida. Todo o corpo pode ser afetado, mas, principalmente as dobras, como virilhas, pés e unhas. A do­ença provoca escamação na pele e coceira. No pé, o fungo mais frequente é o chamado pé de atleta, também conhecido como friei­ra. O indicado é procurar um dermatologista e evitar a automedicação.

Outro problema comum nesta época são as queimaduras causadas pelas frutas cítricas quando caem na pele e esta fica ex­posta ao sol. Limão e maracujá são os princi­pais vilões. As lesões demoram para desapa­recer, podendo levar meses. A melhor forma de prevenção é evitar esse tipo de alimento quando se está exposto ao sol. Contudo, se isso acontecer, é preciso lavar bem as regi­ões do corpo onde houve o contato.

A exposição ao sol em excesso tam­bém pode provocar insolação, que resulta em uma intensa falta de ar, dor de cabeça, náuseas e tontura. A temperatura do cor­po sobe além do normal, a pele esquenta, fica avermelhada e seca, e as extremidades, arroxeadas. A pessoa ainda pode perder a consciência. E não é necessário ficar direta­mente sob o sol para ter insolação. A areia também reflete os raios solares, e o resulta­do pode ser o mesmo.

EXAGERE NA ÁGUA

A água é sempre fundamental e, no verão, com calor excessivo, torna-se ainda mais importante. O organismo perde mais água do que ganha por causa do suor, e, se ela não for reposta, sua falta irá afetar o funcionamento das células. Consumir dois litros de água por dia é o mínimo para se manter hidratado. Quem pratica atividades físicas precisa de mais: até três litros.

A boca seca é só o primeiro sintoma da desidratação. Esta pode levar a convulsões e coma. Para tratar esse quadro, o soro ca­seiro pode ser usado. Basta misturar uma colher de chá de açúcar e uma colher de café de sal em um litro de água. A pessoa deve tomar, a cada 20 minutos, à vontade ou depois da evacuação se houver diarreia.

O uso do protetor solar, na cidade ou na praia, é fundamental - e em qualquer épo­ca do ano. Saber qual é o ideal para o seu tipo de pele também é importante. Seja em creme, gel ou spray, para pele seca, normal ou oleosa, o uso excessivo do produto pode obstruir as glândulas e causar bolinhas ver­melhas na pele. Deve-se escolher com aten­ção. Além disso, o calor e a umidade juntos podem causar a proliferação de fungos que provocam micoses e infecções. A atitude mais correta é manter o corpo seco, ou seja, enxugar-se bem após o banho e não ficar muito tempo com roupa molhada.

O INTESTINO SOFRE

O intestino é uma parte do corpo cas­tigada nestes primeiros meses do ano. Em praias, sobretudo, turistas se alimentam de comidas novas, a que o corpo não está acostumado. Além disso, ingerem água sem o devido tratamento ou vão a lugares sem saneamento básico. O resultado são infecções gastrointestinais e intoxicação alimentar. As infecções, de origem viral ou bacteriana, acarretam náuseas, diarreias e vômitos. O ideal é consumir alimentos como vegetais, carnes e peixes crus apenas em lugares confiáveis, com qualidade no preparo dos itens. É fundamental observar também a conservação dos produtos ali­mentícios, principalmente em self-services e na praia, onde se vendem salgadinhos e peixes que ficam expostos ao sol. Para se ter uma intoxicação alimentar, basta que o alimento tenha sido infectado por micro­-organismos. Essa contaminação pode cau­sar diarreia, desarranjo intestinal, náuseas, vômitos, febre, cefaleias e, até mesmo, de­sidratação grave.

 

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