Cuidado 
permanente

Outubro e novembro são os meses escolhidos para concentrar duas importantes campanhas de cuidados permanentes com a saúde. Enquanto o primeiro chama a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama, o segundo busca alertar os homens sobre os perigos das doenças urológicas. 

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que a patologia nas mamas é a maior causa de morte da população feminina no país. Em contrapartida, um estudo do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), encomendado pela farmacêutica Pfizer, revelou que 60% das 14 mil mulheres entrevistadas acreditam que o autoexame seja a principal medida de detecção da doença em seu estágio inicial. Embora esse cuidado seja importante, a mamografia é que é capaz de identificar tumores pequenos.

Outro aspecto preocupante indicado pelo levantamento é que apenas metade das mulheres com idades entre 40 e 49 anos fez uma mamografia nos últimos 18 meses, enquanto a recomendação para essa faixa etária é de ao menos um exame de imagem por ano. 

“Realmente, é preciso educar toda a população sobre o cuidado, sobre a importância de fazer os exames preventivos e também desmitificar o câncer, porque muitas vezes as pessoas não vão ao médico com medo do que possa ter no resultado do exame”, afirma a diretora médica da Pfizer Adriana Ribeiro.

A estimativa do Inca é que entre 2023 e 2025 sejam diagnosticados quase 74 mil novos casos de câncer de mama no país e que a doença cause 18 mil mortes. No Brasil, a média de idade das pacientes é 53 anos, cerca de dez anos a menos do que nos Estados Unidos, por exemplo. A incidência é maior nas regiões Sul e Sudeste. 
Entre os fatores de risco estão envelhecimento, genética, reposição hormonal, histórico familiar, menopausa tardia, gravidez a partir dos 35 anos e uso de anticoncepcional oral, além de sedentarismo, obesidade e álcool.

“Tem que ter acesso à mamografia para conseguir fazer o diagnóstico, de preferência antes que esse tumor seja palpável porque, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de cura”, frisa a oncologista Solange Sanches, do Hospital A.C. Camargo, referência em tratamento de câncer em São Paulo.

Homens no foco
Voltada para a população masculina, a campanha Novembro Azul foi lançada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em 1¡ de novembro para reforçar a conscientização do homem sobre as doenças urológicas e o perigo de um diagnóstico tardio. O objetivo é elevar o nível de informação sobre os riscos que podem levar, por exemplo, a um câncer de próstata.

A urologista Karin Jaeger Anzolch, uma das coordenadoras da ação deste ano, reforça a importância da iniciativa entre os homens. “Vem trazer a mensagem de que, antes mesmo de surgirem os problemas de saúde, que sabidamente vão se tornando mais prevalentes com o passar da idade, ele se engaje nos cuidados gerais e preventivos, incluindo a saúde prostática, até para poder usufruir da vida como ele mesmo deseja: com qualidade, longevidade, com menos medo e mais satisfação em todas as esferas, incluindo a sexual, correndo menos ‘atrás do prejuízo’ e prevenindo mais doenças”, pontuou.

O presidente da SBU, Alfredo Canalini, chama a atenção para outro aspecto: a diferença de comportamento entre meninos e meninas adolescentes. Segundo ele, elas vão às consultas no Sistema Único de Saúde (SUS) 18 vezes mais do que eles. Além disso, a vacinação contra o HPV teve resultados melhores entre as meninas. 

“Não é só o câncer de próstata, porque a mulher não tem só câncer de mama como doença ginecológica, mas elas conhecem útero e sabem o que é mioma. No entanto, quando se vê a questão de ser benigna, a próstata é conhecida apenas por 43% dos homens. Eles não sabem coisas sobre o próprio organismo. A gente resolveu neste Novembro Azul aumentar o horizonte de atuação. O câncer de próstata é importante, mas há outros fatores, como a vacinação contra o HPV para os adolescentes. O que queremos é que haja uma mudança no comportamento do homem”, concluiu Canalini. (Com a Agência Brasil)