Defasagem do frete é de 12,9%

Estudo feito com mais de 300 empresas do país aponta novo aumento na diferença entre fretes cobrados e custos do transporte rodoviário de cargas; valor é mais baixo do que o apurado no mesmo período do ano passado

Finanças / 13 de Abril de 2016 / 0 Comentários
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A diferença entre os fretes praticados no mercado e os custos efetivos da atividade é de 12,9% segundo es­tudo realizado com mais de 300 empresas do setor de transporte rodoviário de cargas em todo o país. De acordo com a NTC&Logística, responsável pela análise, embora o número seja menor do que o do mesmo período do ano anterior (14,11%), ainda representa um aumento com relação à última pesquisa, fei­ta em agosto de 2015 (10,14%).

O histórico da defasagem nas últimas pesquisas costuma trazer números maiores no início do ano e uma diminuição no tér­mino. Para o presidente da instituição, José Hélio Fernandes, isso se dá até pela cons­cientização do empresário após a primeira divulgação. “Essas taxas merecem atenção na hora de se gerenciarem os negócios. A defasagem de 12,9% é insustentável para um setor cuja margem de lucro historica­mente, em períodos não recessivos, é da ordem de 5%, principalmente se conside­rarmos as previsões dos especialistas sobre a duração da crise: os mais otimistas vis­lumbram algum crescimento só em 2018”, comenta Fernandes.

Ele explica que a defasagem no frete tem sua origem tanto no acúmulo das diferenças ao longo dos anos, quanto na inflação dos in­sumos que compõem os custos, com o com­bustível e a mão de obra liderando o ranking. O desconhecimento de todos os custos que devem ser considerados no cálculo também pesa na conta. De acordo com a pesquisa, por exemplo, 68,4% dos transportadores de carga fracionada desconhecem ou não co­bram a Taxa de Restrição de Trânsito.

DESEMPENHO

O objetivo da pesquisa é conhecer como o transportador está estabelecendo o frete. Contudo, nesta edição da apuração, também foi possível constatar que 75,8% dos entrevistados apresentaram queda no desempenho financeiro de 0,1% a 10% no ano passado. Ainda conforme aponta a pesquisa, 83,6% dos empresários não re­cebem fretes em dia, e 78% dos entrevista­dos estão pessimistas com o ano de 2016, não esperando nenhum crescimento e acreditando numa diminuição de mercado.

Para o setor de transporte rodoviário de carga (TRC), o ano não foi muito diferente em relação ao resto da economia brasileira. Não houve crescimento. O trabalho de son­dagem que a NTC realizou indicou queda média no faturamento das empresas desse segmento na ordem de 8,9%, não se con­siderando o número de empresas que não participaram do estudo porque fecharam as portas ao longo do ano – para essas, a queda foi de 100%.

A inflação também não deu trégua para o setor. O Índice Nacional de Custos de Transporte registrou em 2015 variação de 9,01% para o transporte de carga lotação e 9,46% para o transporte de carga fracio­nada. Contribuíram, de forma significativa, para esses resultados os aumentos de mão de obra (com 9,0%) e do óleo diesel (com 14,02%), bem como a oneração do INSS sobre a folha de pagamento (em 50%).

Segundo Fernandes, como forma de en­frentar a crise por que passa o país, as em­presas e os gestores mais preparados vêm fazendo o que podem. Arrumam a “casa”, cortando custos, e adiam os investimentos – a venda de caminhões e de implemen­tos caiu quase pela metade no ano. “2016 deverá ser um teste para as instituições democráticas do Brasil. Mostrará se o país terá competência para colocar a economia nos eixos através de uma agenda que con­temple, ao mesmo tempo, o curto e o longo prazos. Também é certo que a atividade de transporte de cargas vai continuar a existir, pois ela é fundamental para a sociedade. A questão não é essa, mas quais as empresas ainda estarão operando nesse mercado. Sobre esse aspecto, podemos afirmar que serão as ágeis e que tiveram competência suficiente para se adequarem ao período recessivo”.

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