Ele salva vidas

ESTRADAS

Estradas / 06 de Agosto de 2015 / 0 Comentários
A- A A+

Cinto de segurança é o principal equipamento para garantir a segurança das pessoas em caso de acidentes, apesar de metade da população brasileira não usá-lo quando está no banco de trás e 79% dos adultos admitirem utilizá-lo somente quando estão sentados na frente

A trágica morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo, 29 anos, e de sua namorada, Allana Coelho, 19, em um acidente de carro, no dia 24 de junho, na BR-153, que liga Brasília a Belém, reacendeu em todo o país um amplo debate sobre a importância do uso do cinto de segurança no banco traseiro dos veículos. Na ocasião, o próprio motorista do artista, Ronaldo Miranda, confirmou, em depoimento à polícia de Goiás, que o casal estava sem o equipamento de segurança no momento do acidente. Agora, faça uma reflexão. Você realmente utiliza o cinto quando está no banco de trás do automóvel?
Apesar de o uso do cinto ser obrigatório, conforme prevê o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) – a desobediência à norma gera infração grave, estando o infrator sujeito à multa de R$ 127,69 e à perda da CNH -, uma Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada, em junho deste ano, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que somente metade da população brasileira adulta toma esse cuidado. Ainda, de acordo com o levantamento, 79% admite usar o cinto apenas quando está sentada na frente dos veículos.
Consultor automotivo e especialista em segurança veicular e viária, o engenheiro Marcus Romaro afirma que o uso do cinto de segurança é essencial para salvar vidas. “Ele é o principal dispositivo de proteção dos ocupantes do veículo e deve ser usado sempre por todos. Os veículos são projetados considerando-se que 100% dos ocupantes estarão utilizando o cinto de segurança, uma vez que, em cerca de 90% dos acidentes de trânsito, ele é suficiente para garantir a devida proteção de quem está dentro do automóvel”, explica.​

MINIMIZANDO IMPACTO
Segundo o especialista, quando ocorre um acidente e as pessoas que se encontram no veículo não estão utilizando o equipamento de segurança, todos são arremessados de encontro às partes internas do veículo ou para fora. Para se ter uma noção da gravidade do impacto gerado, se quem estiver no banco de trás pesar 75 quilos, por exemplo, e não estiver usando o cinto de segurança, será arremessado como se tivesse um peso de mais de três toneladas. No caso de uma criança de 3 anos, com peso entre 12 e 15 quilos, o sobrepeso pode atingir cerca de 600 quilos, o equivalente ao peso de um filhote de elefante. “O impacto contra as partes internas do veículo e, principalmente, contra a estrutura óssea e os órgãos internos do corpo humano será tão intenso que, muito provavelmente, poderá acarretar lesões graves ou, até mesmo, fatais nos ocupantes”, salienta Romaro.
O engenheiro explica ainda que os bancos dianteiros não são projetados para suportarem as cargas adicionais vindas de passageiros sem cintos de segurança que são arremessados da parte de trás do veículo. “Se isso acontecer, os bancos da frente não oferecerão resistência, podendo soltar dos trilhos de fixação, projetando-se para frente, por sobre os ocupantes dos próprios bancos dianteiros. Então, todos serão arremessados contra o volante, o parabrisa e/ou o painel de instrumentos do veículo. Vale destacar que, caso alguém esteja sentado no banco traseiro com cinto de segurança, mas com uma criança no colo, essa pessoa não terá a mínima condição de segurá-la nos braços em um acidente”, frisa.
De acordo com Romaro, um teste padrão internacional de impacto frontal a 50 km/h contra uma barreira perfeitamente rígida e indeformável (dificilmente existirá algum obstáculo totalmente indeformável em condições reais de acidente de trânsito), a energia sofrida dentro do compartimento dos passageiros, ou seja, aquela que não pode ser absorvida pela estrutura da frente do veículo, é de 40 a 50g's (g = aceleração da gravidade), dependendo do veículo. “É como se o peso de tudo o que estiver dentro do veículo, inclusive dos ocupantes, for multiplicado entre 40 e 50”, esclarece.

CONSCIÊNCIA DO RISCO
Por isso, o cinto deve ser posto antes mesmo de se dar a partida, para evitar o risco de nos envolvermos em um acidente ao desviarmos a atenção para colocá-lo com o veículo já em movimento. “Precisamos usá-lo sempre e em qualquer situação em que o automóvel esteja em movimento. Isso mesmo em baixas velocidades, durante curto período de tempo ou em pequenos percursos. Estatísticas demonstram que a maioria dos acidentes acontece em até 4 km da casa ou do local de trabalho e em até 30 minutos antes de se iniciar a rodagem e/ou chegando de uma viagem”, revela o especialista.
Para Romaro, os principais fatores que levam as pessoas a não usarem o cinto no banco traseiro estão relacionados a questões culturais e à resistência das pessoas a mudanças. “O novo nos tira da condição de conforto, e isso é potencializado em nosso país. Ao contrário do discurso da maioria das pessoas, não nos faltam cultura, conhecimento ou, até mesmo, condições financeiras, mas, sim, maturidade e consciência do risco”, diz.

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.