Em queda livre

Investimentos do governo federal em infraestrutura de transporte atingem o menor percentual dos últimos 12 anos

Economia / 13 de Abril de 2020 / 0 Comentários
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Os dados revelam o que os transportadores percebem diariamente nas rodovias brasileiras: os investimentos em infraestrutura de transporte promovidos pelo governo federal, incluindo os aportes diretos da União e aqueles feitos pelas empresas estatais, corresponderam a apenas 0,14% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no ano passado. Esse é o menor percentual registrado nos últimos 12 anos, de acordo com o boletim “Economia em Foco”, da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Com o resultado, o indicador se mantém em uma trajetória de queda praticamente contínua desde 2011, depois de ter registrado um pico de 0,40% em 2010. No caso do modal rodoviário, o total investido pelo governo federal aumentou apenas pontualmente, em termos nominais, em 2014 e em 2016.

“O transporte é estratégico para a economia brasileira por múltiplos fatores. Do ponto de vista histórico, tem a função de superar gargalos estruturais que aumentam o custo logístico e atrapalham a produtividade do país. Da perspectiva conjuntural, tem a dupla capacidade de reativar a demanda das empresas por máquinas, equipamentos e serviços e de gerar um volume mais expressivo de postos de trabalho em um curto período de tempo, contribuindo para a retomada do crescimento do segmento de construção e para uma recuperação mais promissora da economia”, afirma a CNT.

Especialistas pontuam que o investimento em infraestrutura é um motor particularmente importante para amenizar a depressão associada à crise global e, na sequência, puxar a retomada do crescimento.

Para isso, o governo busca parcerias com o setor privado por meio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) desde 2016. Contudo, esse esforço ainda não conseguiu reverter a trajetória de queda dos investimentos privados em infraestrutura de transporte. Depois de terem atingido o pico de 0,31% do PIB em 2014, esses investimentos caíram continuamente por quatro anos, ficando no patamar de 0,17% do PIB em 2018.

“O caminho mais pragmático e eficiente para superar as restrições de infraestrutura do país é a combinação, integrada e complementar, dos investimentos públicos e privados. Considerando a política de ajuste fiscal, o uso mais pragmático dos aportes públicos requer o desenho de regras fiscais que não penalizem o investimento. O atual momento de nova (e mais intensa) desaceleração da economia, diante de medidas de saúde adotadas em todo o mundo que paralisam a atividade econômica, faz com que a estratégia de usar a infraestrutura como o principal impulso para a retomada do crescimento torne-se cada vez mais necessária. Sem um verdadeiro impulso na infraestrutura com o segmento de construção, fica muito difícil gerir e conter os danos econômicos no Brasil relacionados ao conturbado contexto internacional e à pandemia do novo coronavírus”, conclui a CNT.

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