Em vias de perigo

Trânsito brasileiro provoca mais de 5.000 óbitos fatais todos os anos nas rodovias federais, segundo levantamento apresentado pela CNT. Melhorias nas estatísticas dependem de ação conjunta entre o poder público e a iniciativa privada, segundo a entidade.

Segurança / 19 de Novembro de 2019 / 0 Comentários
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Buracos, erosões, quedas de barreiras e de pontes, sinalização e traçados deficientes. Todos esses problemas são encontrados com frequência nas rodovias brasileiras e já foram mostrados diversas vezes pela Entrevias. Em setembro último, as atenções se voltaram novamente para eles depois que a Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou os resultados do Painel CNT de Consultas Dinâmicas de Acidentes Rodoviários, durante uma reunião na sede da entidade, em Brasília (DF).

O levantamento deixa claro que as más condições de infraestrutura da malha rodoviária nacional têm relação direta com as estatísticas trágicas – embora elas sejam ignoradas e até negligenciadas pelo poder público muitas vezes. De acordo com a CNT, todos os anos, mais de 5.000 pessoas morrem nas rodovias federais. No ano passado, foram contabilizados 69.206 acidentes, sendo 53.963 (78%) deles com vítimas.

Mudar a realidade desses números registrados nas rodovias brasileiras somente será possível com a adoção conjunta de uma série de medidas pelo Executivo, pelo Legislativo e também pelas empresas de transporte”, afirmou o presidente da confederação, Vander Costa, durante a apresentação do painel a transportadores, parlamentares, policiais rodoviários federais e representantes do governo federal.

Na avaliação da entidade, em síntese, três fatores aparecem como principais causas do aumento do total de mortos e feridos nas BRs: o crescimento da frota de veículos, a baixa oferta de rodovias no país e a inadequação da infraestrutura.

O Brasil registra 14 mortes nas estradas federais todos os dias. Para mudar essa realidade, a CNT entende que são necessários investimento imediato nas rodovias, principalmente para eliminar pontos críticos e recuperar a sinalização; ações emergenciais nos trechos em que há maior número de acidentes; mais recursos para a modernização e para a fiscalização policial; e campanhas educativas nacionais”, elencou o diretor-executivo da confederação, Bruno Batista.

Recortes

Os dados do Painel CNT de Consultas Dinâmicas de Acidentes Rodoviários foram levantados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e são referentes ao período de 2007 a 2018. Os resultados são extremamente alarmantes e assustadores. De acordo com o balanço, diariamente, ocorrem 190 acidentes nas rodovias federais. Somente no ano passado, foram registradas 5.269 mortes. Nos 12 anos analisados pela confederação, houve 1,2 milhão de ocorrências, que resultaram em 751,7 mil vítimas e em 88,7 mil óbitos.

Minas Gerais – Estado que concentra a maior malha rodoviária do país – teve os piores índices de 2018 por ter registrado mais mortos em números absolutos: 7.214 acidentes e 693 óbitos. Em todo o período abrangido pelo levantamento, foram 114.671 ocorrências com vítimas nas rodovias federais que cortam o território mineiro, 13.060 mortes e 181.092 feridos.

No quesito rodovia, as BRs campeãs nacionais em número de acidentes são a 101 e a 116, com 8.896 e 7.524 registros em 2018, respectivamente. Se forem consideradas as mortes, as duas também ocupam os primeiros lugares (BR-116 com 649 e BR-101 com 615). Ambas ligam as regiões Nordeste e Sul do Brasil e, juntas, somam quase 10 mil km de extensão.

Em Minas, as BRs 381, 040 e 116 lideram os rankings de acidentes com vítimas, de mortes e de feridos de 2007 a 2018. Também foi nessas três vias que houve a maior parte das ocorrências envolvendo caminhões, no mesmo intervalo. Considerando-se apenas o ano passado, as mesmas rodovias encabeçam as estatísticas. (Com a Agência CNT de Notícias)

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