Enfermidades também causam sinistros

Dados da Abramet mostram que 170 mil colisões ocorridas nas rodovias brasileiras em 2022 tiveram como causa a condição de saúde do motorista

Saúde / 27 de Julho de 2023 / 0 Comentários

A condição do motorista influencia diretamente a causa dos acidentes nas rodovias.

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A condição do motorista influencia diretamente a causa dos acidentes nas rodovias. É o que revela uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), que mostra dados alarmantes: cerca de 170 sinistros nas estradas brasileiras ocorridos em 2022 tiveram como causa principal ou secundária questões relacionadas à saúde no momento do acidente.

 
Segundo dados da Abramet, esses sinistros tiveram como resultado mais de 70 mil pessoas feridas e quase 8.000 mortos. O número representa um aumento de 28% com relação ao ano anterior.
 
Os dados foram compilados com base nas coletas de informações feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). A Abramet explica que médicos da área de tráfego reuniram os acidentes em categorias como falta de atenção, ingestão de álcool e substâncias psicoativas, sonolência do condutor e mal súbito. 
 
A associação, ao divulgar os dados, chama a atenção de condutores e autoridades para a importância da prevenção à saúde. Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet, diz que as condições de saúde dos condutores são relevantes para a segurança no trânsito. “Observamos que um terço dos mortos e feridos nas rodovias monitoradas pela PRF pode ter sido acometido por problemas como déficit de atenção permanente ou circunstancial, deficiências visuais, distúrbios do sono e comprometimento motor ou de raciocínio”, afirma.
 
Meira Júnior fala também sobre a importância da realização periódica do Exame de Aptidão Física e Mental pelo motorista, um exame considerado decisivo para a redução da mortalidade no trânsito. Ele ainda alertou que a saúde do condutor deve ser levada em conta nas políticas públicas que abordam a redução do número de acidentes nas rodovias.
 
O diretor científico do Abramet, Flávio Adura, explica que a falta de reação ou resposta tardia ou ineficiente ao volante foram as principais causas de mortes e ferimentos, de acordo com o levantamento da entidade. Nesses casos, houve mais de 50 mil pessoas feridas e 5.000 mortes em 119 mil sinistros em 2022. “Diversos fatores podem comprometer o tempo de reação, julgamento, visão e dificuldades no processo da informação e na memória de curto prazo do condutor”, diz Flávio Adura.
 
Ele enfatiza que é importante afastar da direção de um veículo aquele condutor que possui problemas de saúde que interfiram na segurança. O médico de tráfego é o profissional, segundo ele, que pode auxiliar na identificação de motoristas com risco de se envolverem em acidentes de trânsito e ajuda-los na conduta segura ao volante.
 
Álcool
 
A ingestão de bebida alcoólica é uma das causas frequentes que levam a acidentes nas estradas. Segundo os dados da Abramet, foram mais de 28 mil batidas nas rodovias em 2022 com mais de 10 mil pessoas feridas e 1,2 mil mortos. O diretor-científico da entidade explica que o álcool provoca mais do que comprometimento do reflexo dos motoristas. “Se fosse apenas isso, já não seria pouco. Mas o álcool também reduz a capacidade de percepção da velocidade e dos obstáculos, reduz a habilidade de controlar o veículo, diminui a visão periférica, prejudica a capacidade de dividir a atenção e aumenta o tempo de reação”, alerta.
 
O sono também apareceu entre os fatores importantes causadores de sinistros. Os dados coletados pela PRF e compilados pela Abramet mostram que foram 961 mortes provocadas por acidentes em que o fator principal foi o motorista dormir ao volante. Já o mal súbito gerou mais de 2.000 mortos e feridos e se caracteriza pela perda de consciência gerada por doenças cardíacas, como infarto e arritmias, e doenças neurológicas, como acidente vascular cerebral (AVC) e convulsões.
 
Segundo a pesquisa feita pela Abramet, os dados coletados foram registrados nas rodovias sob a supervisão da PRF, ou seja, não foram contabilizados acidentes ocorridos em centros urbanos e rodovias estaduais. “Com isso, o quadro pode ser muito pior, pois um número importante de colisões não entra nessas estatísticas”, afirma o presidente da Abramet, Antonio Meira Júnior.

 

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