Extremos do clima impactam o transporte

Chuvas mais intensas e seca prolongada: mudanças climáticas têm afetado as rodovias e a vida dos caminhoneiros

Meio Ambiente / 10 de Março de 2022 / 0 Comentários
A- A A+

Estação após estação, em cada ponta do Brasil, transportadores convivem com diferentes tipos de clima e condições nas rodovias. Em uma mesma viagem, podem se deparar com chuva intensa e lama no Centro-Oeste e no Norte, queda de barreiras no Sudeste, calor intenso no Nordeste, clima seco no Sul e até neve se atravessam a fronteira. Diante de tantas mudanças climáticas, quem está na estrada percebe diferenças no ar, na vegetação e na resposta da natureza aos danos ambientais.

De acordo com uma análise publicada na Plataforma AdaptaClima sobre transportes e mobilidade, todo deslocamento de cargas e pessoas no Brasil está sujeito a efeitos como alagamentos, inundações e variações de temperatura.

Mais da metade (52%) da carga transportada no país se concentra no modal rodoviário. Dessa forma, as estradas são as mais afetadas pelo aumento da intensidade das chuvas, dos ventos e dos deslizamentos de terra. No início de janeiro deste ano, por exemplo, Minas Gerais registrou 199 pontos de interdição em rodovias federais e estaduais. Na Bahia, onde também houve estragos, foram contabilizados 62 trechos alagados, com quedas de barreiras ou destruição da pista. Segundo a Plataforma AdaptaClima, o bloqueio de rotas e os danos em infraestruturas prejudicam todo o sistema de logística e, consequentemente, as atividades econômicas do país.

Independentemente da época do ano, os motoristas precisam ficar atentos às condições climáticas e às mudanças que vêm ocorrendo devido ao aquecimento global. O aumento da temperatura e as ondas de calor podem causar uma deterioração mais rápida e a deformação dos pavimentos, comprometendo pontes, viadutos e trincheiras. Além disso, o próprio caminhão pode ser afetado pelo superaquecimento e pela sobrecarga de equipamentos.

Além de ser evidente, o aumento das chuvas tem provocado sérios danos à população, como a tragédia recente de Petrópolis (RJ), em fevereiro. Deslizamentos de encostas e enchentes causaram a morte de centenas de pessoas. Nas estradas, o aguaceiro resulta em corrosão e deterioração de estruturas, instabilidade de taludes, deslizamentos de terra e quedas de árvores, danos em equipamentos, redução da visibilidade e da aderência dos veículos e restrições completas ao tráfego.

Outro fator importante que já está sendo observado em várias partes litorâneas do Brasil é a elevação do nível do mar, que provoca danos nas rodovias devido a inundações costeiras, erosões e corrosões de estruturas e materiais de construção.

Já no período da seca, alguns trechos rodoviários apresentam queimadas e, nos locais sem asfalto, uma poeira intensa. Nesses casos, o risco é de redução da visibilidade. As queimadas são geralmente provocadas pelo homem e encontram no terreno seco o cenário perfeito para a propagação rápida do fogo. Segundo dados da Eco135, que administra o trecho da BR-135 entre Curvelo e Montes Claros, em Minas Gerais, somente no ano passado, foram identificados 200 focos de incêndio no local.

As queimadas destroem as placas de sinalização e prejudicam a fauna e a flora. A falta de visibilidade, além de provocar acidentes entre veículos, pode causar o atropelamento de animais silvestres que atravessam a rodovia para fugir do fogo.

A coordenadora de sustentabilidade da Eco135, Flávia Amado, ressalta que o calor do fogo também causa alterações química e física do solo. “Consequentemente, reduz a capacidade de infiltração da água e acarreta a perda de nutrientes e micro-organismos responsáveis pela transformação da matéria orgânica e ciclagem dos nutrientes (troca de nutrientes entre o solo e a planta)”, conclui.

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.