Fluxo de pesados supera nível pré-pandemia

Abastecimento de bens para produção e consumo se revelou mais resiliente do que as atividades de lazer das famílias, segundo levantamento da CNT

Economia / 26 de Maio de 2021 / 0 Comentários
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Dados recentes do transporte rodoviário mostram sinais de recuperação da atividade econômica após os impactos negativos provocados pela pandemia da Covid-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde em março do ano passado. Em janeiro último, o fluxo de caminhões e ônibus nas rodovias brasileiras pedagiadas ficou 4% acima do que foi registrado antes da maior crise sanitária vivida no país. Já o tráfego de veículos leves (carros, motocicletas e caminhonetes) teve uma redução de 12,7% na mesma comparação.

Esse contraste também é observado no acumulado de 2020, período em que o recuo no movimento nas estradas foi de 13,1%, puxado mais pela redução na circulação de automóveis (-16,9%) do que na de veículos pesados (-1,1%).

Os resultados foram apresentados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) na nova edição do Radar CNT do Transporte, divulgada no fim de fevereiro, com base nos registros feitos pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias por meio do Índice ABCR.

De acordo com a análise da entidade, as viagens e o lazer das famílias sofreram uma forte interferência da pandemia, enquanto o abastecimento de bens para produção e consumo se revelou mais resistente, embora também venha enfrentando grandes desafios como a queda na demanda e o distanciamento social.

“Na ótica mensal, o fluxo de pesados caiu 0,6% em dezembro de 2020 frente a novembro e teve um desempenho muito próximo de zero em janeiro de 2021 (0,1%). Já o fluxo de leves vem caindo há três meses, configurando um sinal mais claro de reversão do processo de recuperação”, avaliou a CNT.

Otimismo do mercado

Segundo a confederação, diante desses dados, a tendência é que a retração de 2020 seja menor do que se esperava no auge da crise sanitária. O IBC-Br, índice que capta o desempenho da economia brasileira mês a mês, caiu 4,05% no ano passado. Alinhada a ele, a expectativa para o Produto Interno Bruto fechado de 2020, apurada pelo Banco Central até 19 de fevereiro, é de uma queda de 4,22%. Ou seja, bem menos do que os -6,6% projetados sete meses antes.

“A trajetória mensal do IBC-Br mostra que a economia brasileira fechou dezembro de 2020 1,4% abaixo do patamar pré-crise da Covid-19”, informa o Radar CNT do Transporte.

Por outro lado, o volume de serviços de transporte no Brasil, especificamente, caiu 7,7% no mesmo mês, influenciado, sobretudo, pelas atividades presenciais, como o transporte aéreo (-36,9%) e o de passageiros por terra (-11,5%).

Futuro desafiador

Para os analistas da CNT, o caminho da recuperação da economia brasileira será longo, haja vista que, quando foi atingida pela pandemia da Covid-19, ela ainda não havia conseguido repor o nível anterior ao da depressão enfrentada de 2014 a 2016.

“Nesse horizonte de tempo maior, o IBC-Br permanece 6,4% abaixo do nível anterior ao da grande recessão; o volume de serviços, 13,7% abaixo dessa referência; e o de serviços de transporte, 17,0% menor do que o da pré-recessão”, conclui a confederação. (Com a Agência CNT Transporte Atual)

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