Guerra velada

Acidentes nas rodovias brasileiras continuam levando vidas e comprometendo o desenvolvimento socioeconômico

Segurança / 05 de Maio de 2022 / 0 Comentários
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A cada 100 km de rodovias acontecem 80 acidentes com vítimas no Brasil. Somente no ano passado, foram registradas 64.452 ocorrências, sendo 52.762 com vítimas (mortos ou feridos). A edição mais recente do Painel CNT de Consultas Dinâmicas dos Acidentes Rodoviários revela uma pauta que não recebe a devida atenção: o trânsito nas estradas.

O levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou que, entre 2007 e 2021, ocorreram 1.916.935 acidentes no país, sendo 917.115 deles com vítimas, das quais 104.756 perderam a vida. No ano passado, o tipo de ocorrência que liderou o ranking foi a colisão, correspondendo a 60,2% do total e causando 61,3% das mortes. A rodovia com o maior número de acidentes em 2021 foi a BR-101, onde foram contabilizados 9.257 acidentes com vítimas. Contudo, em relação ao número de mortes, a BR-116 foi a mais letal: 690 óbitos no período.

O custo anual estimado dos acidentes ocorridos nas rodovias federais brasileiras chegou a R$ 12,19 bilhões. “É um grave problema de saúde pública, uma vez que eles poderiam ter sido evitados, e o montante, utilizado para outros fins. Além disso, os acidentes podem provocar incapacitação dos acidentados, sequelas, afastamento das atividades rotineiras e laborais, bem como gastos previdenciários”, ressaltou o gerente-executivo de Estatística e Pesquisa da CNT, Jefferson Silva.

Sobre o impacto direto dos acidentes no transporte rodoviário de cargas, o coordenador do estudo apontou o aumento do custo operacional, a perda de vidas, o crescimento do número do roubo de cargas e a ineficiência logística (congestionamentos).

 

Instrumento de gestão

O Painel CNT de Consultas Dinâmicas dos Acidentes Rodoviários tem como fonte de dados os boletins de ocorrência da Polícia Rodoviária Federal (PRF). “É importante destacar a evolução da qualidade dos registros. Podemos citar, entre outros fatores, o georreferenciamento, a precisão dos dados, o detalhamento das causas e tipos de acidentes. Desde 2019, quando a CNT lançou o primeiro painel, é possível realizar consultas a esses dados por meio de uma ferramenta, o que facilita o acesso e a disseminação de informações tão relevantes aos transportadores e à sociedade”, salientou Silva.

Os dados possibilitam realizar diversas análises sobre os acidentes ocorridos nas rodovias federais, comparar os dados dos Estados, saber quais são as rodovias que mais matam, conhecer o Estado e a região com o maior número de acidentes e mortos por tipo de sinistro, além das causas e das características dos veículos envolvidos.

“Os acidentes de trânsito são um dos principais causadores de óbitos no Brasil. Diversos são os fatores que levam a esse tipo de ocorrência, tais como os humanos, os veiculares, os institucionais/sociais, os socioeconômicos, os ambientais e os viários. A infraestrutura deficiente é um fator preponderante, e o fator humano está associado ao comportamento do indivíduo no trânsito (enquanto condutor ou pedestre). Como exemplos podem ser citados o desrespeito às normas, o consumo de bebidas alcoólicas, a não sinalização ao se realizarem manobras, a travessia de vias em locais impróprios e o uso de telefones celulares no momento da direção. Em geral, a ocorrência de um acidente não depende somente da contribuição de um desses fatores, mas, sim, da combinação entre eles”, ponderou o gerente-executivo.

Por isso, de acordo com Silva, nos locais concentradores de acidentes e de mortes no trânsito identificados com deficiência em infraestrutura viária (projetos e manutenção) e com falta de fiscalização, investimentos de baixo custo poderiam trazer um retorno significativo em termos de melhoria da segurança.

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