Hora de ouro

Atendimento prestado a vítimas de acidentes de trânsito nos primeiros 60 minutos é crucial para a sobrevivência delas. Equipes de resgate em Minas Gerais trabalham contra o tempo e em conjunto para salvar vidas.

Estradas / 17 de Novembro de 2016 / 0 Comentários
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A celeridade no atendimento a vítimas de acidentes de trânsito é um dos fatores determinantes para a manutenção da vida e para a redução das chances de sequelas graves nessas pessoas. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), cabe ao próprio motorista envolvido na ocorrência sinalizar o local e prestar os primeiros socorros – cujo ensino é obrigatório na formação de condutores – caso ele tenha condições e esteja seguro para fazê-lo. O passo seguinte é acionar as equipes de resgate profissionais.

Em qualquer tipo de situação, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) pode ser chamado. Nos casos em que houver incêndios, pessoas presas às ferragens ou derramamento de carga, óleo ou combustível, a corporação é a única qualificada a atuar. Segundo o capitão Thiago Martins, piloto do Batalhão de Operações Aéreas do CBMMG, o mais importante, no primeiro momento, é que o chamado seja feito por uma pessoa calma e capaz de informar o mais detalhadamente possível o ocorrido. Dessa forma, o atendente terá condições de identificar o tipo de viatura necessário para socorrer as vítimas.

A partir daí, os bombeiros se empenham em cumprir a meta de chegar ao lugar em, no máximo, 15 minutos. “Temos esse conceito de atendimento baseado no tempo. É a chamada ‘hora de ouro’, porque é nos primeiros 60 minutos que existe mais chance de sobrevida. Essa média é calculada com base em estudos do comportamento do corpo humano, da resistência dele em casos de choque”, explica o capitão.

Em regiões distantes ou às quais o acesso é mais difícil, a aeronave do CBMMG – o helicóptero Arcanjo – é utilizada. De acordo com o capitão Martins, ela é usada para chegar a locais onde  ficaria muito caro manter uma estrutura física da corporação – e, portanto, não há bombeiros – e quando o estado de saúde da vítima é crítico e o transporte por terra seria delongado. “No batalhão aéreo, temos um médico e um enfermeiro do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) compondo a guarnição junto a outros quatro militares. Essas seis pessoas conseguem levar o atendimento que teríamos que oferecer por meio de viaturas no interior do Estado e nas áreas mais remotas”, informa.

 

Altruísmo na pista

Além dos bombeiros e do Samu, uma equipe de 25 voluntários atua no resgate de vítimas de acidentes de trânsito na BR-381, especificamente em fins de semana e em feriados prolongados, quando o movimento na rodovia – conhecida pelo grande número de ocorrências  – é maior. Não à toa, o grupo foi batizado de Anjos do Asfalto Resgate Rodoviário e trabalha desde 2004 com o intuito de reduzir o tempo de espera dos acidentados.

A presidente da equipe, a socorrista Janaína Rufo Monteiro Ferreira, conta que o time começou com quatro integrantes, depois que eles participaram de um curso do CBMMG de formação de técnico de emergências médicas. “O grupo está baseado em um ponto estratégico da BR-381, de forma que podemos nos deslocar com rapidez e segurança para o atendimento das ocorrências em um raio de, aproximadamente, 50 km nos dois sentidos. O acionamento é feito por meio do nosso celular, pela Polícia Rodoviária Federal, por usuários da rodovia, pelo Samu e pelo Corpo de Bombeiros”, conta Janaína.

Os Anjos do Asfalto realizam cerca de 90 atendimentos na rodovia por ano. A equipe é responsável pelos primeiros socorros (imobilização, estabilização) e, na sequência, encaminha a vítima para uma ambulância do Samu ou para uma unidade do CBMMG, que a conduz até um hospital. “Esse primeiro atendimento é que vai ajudar ou até mesmo salvar a vida do paciente até a chegada de um suporte avançado à cena ou até a chegada dele ao hospital”, conclui a presidente do grupo.

 

Atendimento médico

Com unidades próprias, o Samu é uma alternativa de socorro a vítimas de acidentes de trânsito no Brasil. Nesse caso, trata-se de um trabalho médico, não apenas de resgate, conforme ressaltado pelo coordenador médico do serviço em Betim, Otávio Augusto Fonseca Reis. “Somos profissionais da saúde que já levam à cena um atendimento inicial: estabilizamos fraturas, corrigimos a pressão arterial, estancamos sangramentos”, enumera.

A exemplo dos bombeiros, o tipo de veículo enviado ao local dependerá do relato feito pelo solicitante ao médico regulador pelo telefone. Depois dessa triagem, são enviadas para os primeiros socorros Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou Unidades de Saúde Avançadas (USAs). A diferença entre elas é que, na primeira, vão técnicos em enfermagem e enfermeiros, enquanto, na segunda, há ainda a presença de um médico. Se o atendente achar necessário, ele também acionará o CBMMG, a companhia de energia elétrica e a Defesa Civil, entre outras instituições.

De acordo com Reis, a meta do Samu – baseada em padrões internacionais, segundo o coordenador – é atender às vítimas entre 8 e 12 minutos após o chamado.  “Temos um protocolo de atendimento em casos de múltiplas vítimas. Seguimos a regra do start, que trata da abordagem dos profissionais. Tentamos ‘triar’ e dar a assistência inicial para quem precisa mais e quem tem mais chance de sobreviver. O Samu sempre trabalha com a ideia de enviar o maior número de ambulâncias possível. Por isso, é importante que a pessoa que ligar forneça informações precisas ao médico regulador para ele ter uma dimensão melhor do acidente”, enfatiza.

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