Incertezas no setor

Caoa desiste de comprar a fábrica de caminhões da Ford. Mercado segue com projeção tímida de aumento nas vendas neste ano.

Economia / 13 de Abril de 2020 / 0 Comentários
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Estava quase certa a compra da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) pelo Grupo Caoa, até que chegou a notícia da desistência. Para o transporte rodoviário de cargas, o impacto é grande, já que a fábrica do ABC Paulista é responsável pela produção de caminhões da marca há 52 anos no Brasil.

No ano passado, 650 funcionários da produção foram desligados da empresa. Outros mil trabalhadores do setor administrativo permanecem empregados, mas devem ser transferidos para a sede, na capital do Estado.

Apesar de não concretizar a aquisição da planta da montadora, a Caoa deve anunciar investimentos na indústria automobilística, conforme foi antecipado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo ele, dois grupos chineses estão interessados na planta, mas os nomes não foram divulgados.

Portais especializados em transportes e em automóveis apontam empresas como Geely, Dongfeng (que fabrica ônibus e caminhões) e Foton (que produz caminhões e máquinas agrícolas) como interessadas em entrar no mercado brasileiro.

A BYD, segundo o portal AutoEsporte, é a mais empenhada em assumir a linha de montagem e seria a favorita por já contar com uma fábrica pequena em Campinas (SP), onde produz chassis de ônibus elétricos.

Vendas

Em um ano de muitas incertezas, não foi só a compra da fábrica da Ford que desandou. A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou o balanço do setor referente aos primeiros meses de 2020. Em janeiro, houve uma queda de 3,9% na produção. Foram 191.386 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus produzidos no primeiro mês de 2020, ficando abaixo das 199.145 unidades do mesmo período do ano passado.

Na comparação com dezembro último, no entanto, houve uma alta de 12,2%. No acumulado de 2019, o setor apresentou um crescimento de 2%, tendo, contudo, uma queda de 31,9% nas exportações, prejudicadas pela crise na Argentina.

No início do ano, a Anfavea havia projetado crescimento para 2020, mas os números devem ser recalculados devido à parada das fábricas por conta do novo coronavírus. Em São Paulo, as fabricantes deram férias coletivas aos funcionários durante o período de distanciamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dados negativos

Antes da crise sanitária mundial instalada com o surgimento da Covid-19, no entanto, a projeção já não era tão otimista. Para o segmento de caminhões, o crescimento esperado era de 5,4% na produção e de 2,9% nas vendas.

Em meados de fevereiro, a Anfavea apresentou um estudo que mostrou a evolução da indústria e do mercado automotivo na última década no Brasil. Desde 2015, segundo o levantamento, houve uma queda nas vendas e na produção de todos os tipos de veículos, e as fábricas precisaram de investimentos das matrizes para se manterem no país.

Ao mesmo tempo, porém, de acordo com o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, as montadoras conseguiram produzir veículos cumprindo as determinações de reduzir as emissões de poluentes, melhorar a eficiência dos motores e aumentar os níveis de segurança, comodidade e conectividade dos produtos.

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