Máquina em suas mãos

Pilotar motocicletas pode ser emocionante e seguro ao mesmo tempo; para isso, é preciso obedecer aos requisitos fundamentais de bom comportamento e respeito no trânsito

Segurança / 05 de Março de 2015 / 0 Comentários
A- A A+

Sensação de liberdade, diversidade de modelos, potência em seu con­trole, agilidade, equipamentos e, até mesmo, barulho. Esses são alguns dos motivos que explicam o fascínio de Renato Amarante por motocicletas. Ele gosta do veículo praticamente desde criança: “Sem­pre foi meu brinquedo, tanto para desmon­tar e montar quanto para andar”, conta o diretor de negócios e tecnologia web. Para ele, essa paixão é como se fosse genética, permanecendo por gerações. “O gosto ini­ciado pelo meu avô está muito forte em mim. Já utilizei para esporte, mas, atual­mente, uso para lazer, viagens, além de ser meu principal meio de locomoção diário. Quatro rodas somente quando a chuva aperta ou levo mais pessoas”, diz explican­do a preferência: “É algo muito próximo do corpo e da mente. Um carro te abraça, mas a moto é você quem a abraça”.


Motociclistas do HOG bate-volta com segurança

Dono de quatro motos, que ganham nomes de mulheres – Verônica, Kátia Flávia, Olívia e Michelle –, Renato enfati­za que o que mais o encanta é o objeto em si. Em segundo lugar, a pilotagem, os equipamentos e acessórios, ter a máquina totalmente em seu domínio e poder sentir cada detalhe (suspensão, freios, correia, en­grenagens). Conta ainda o fato de a moto levá-lo a lugares maravilhosos. Frequente­mente, ele passeia pelo interior de Minas Gerais sobre duas rodas e também gosta de ir a cidades praianas, subir montanhas e dunas, desbravar novos destinos e até se aventurar pelas estradas do exterior. “Ao mesmo tempo, testar uma moto com maior potência em pista apropriada é fantástico! Motocicletas são versáteis e nos dão infini­tos prazeres”.

“Motocicleta é algo muito próximo do corpo e da mente. Um carro te abraça, mas a moto é você quem a abraça”, diz Renato Amarante

Sem contar as oportunidades de en­contros, de reunir velhos amigos e fazer novos, compartilhando esse estilo de vida. É para isso que existem movimentos como o Harley Owners Group (HOG), da con­cessionária oficial Harley Davidson, maior grupo de motociclistas patrocinados por uma montadora do mundo, com mais de 1 milhão de associados em mais de 120 países. O HOG tem a proposta de cultivar e multiplicar amigos, promovendo eventos, desde um simples passeio a diversas ações sociais e filantrópicas.

Renato viaja frequentemente de motocicleta

SEGURANÇA

Impossível desassociar motocicletas de cuidados redobrados. “Nossa filosofia é ‘a segurança e o prazer de pilotar em pri­meiro lugar’”, afirma Luciano Silva, diretor do HOG Belo Horizonte Chapter. Segundo ele, esse tema tem atenção constante no HOG. “Sempre que um grupo se propõe a pegar a estrada, seja bate-volta, seja bate­-fica, são reforçados procedimentos e atitu­des que devem ser praticados para que o prazer da pilotagem, a interação entre os participantes e o passeio ocorram sempre com todos satisfeitos. A Harley Davidson disponibiliza, diversas vezes por ano, cursos Rider Safe, em que são ministradas técnicas, direção defensiva, normas para pilotagem em comboio, direção em baixa velocidade, manobras e domínio da máquina, que, es­pecialmente no caso da HD, são de peso significativo, variando entre 200 kg e 500 kg”, diz o diretor.

Outra questão fundamental para todos os veículos é a manutenção preventiva. Luciano aconselha: “Todos os itens devem ser sempre revisados, principalmente an­tes de colocar a moto na estrada: estado e calibragem dos pneus, comandos, faróis e setas, óleo do motor, caixa, freios etc. Ou seja, nada pode estar em desacordo com o especificado nos manuais”.

Renato utiliza motocicleta como meio de transporte para o trabalho e também para aproveitar momentos de lazer; direção segura sempre

Renato Amarante sugere aos apaixona­dos pelo veículo que conheçam a moto que tem. “É essencial saber cada detalhe de funcionamento e, também, os possíveis de­feitos que a máquina pode apresentar. Dar importância a tudo, usar pneus de marca e modelo ideais para seu veículo, comprar equipamentos de qualidade, como luvas, jaquetas e capacete – afinal, vale um bom investimento para proteger nossa cabeça e nosso corpo.”

CUIDADO DOBRADO

É comum imaginarmos que, se o risco de ocorrer um acidente de carro, depen­dendo das circunstâncias, é significativo, em uma moto as chances de haver vítimas são ainda maiores, visto que o para-choque do motociclista é ele mesmo. “Dentre os graves acidentes de trânsito, os que envol­vem motos são uma verdadeira calamidade pública. Os números são chocantes”. Quem opina é o inspetor de Paula, especialista e estudioso em trânsito e instrutor de pilota­gem preventiva.


Avô, pai e filho Amarante em suas motocicletas: paixão que permanece por gerações

As estatísticas comprovam. De acordo com levantamento realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2014 foram registrados 30.876 acidentes envolvendo motos nas rodovias federais em todo o país, que deixaram 31.730 pessoas feridas e levaram 2.147 a óbitos. Apenas na região Sudeste, foram 8.329 acidentes com motos, que resultaram em 433 pessoas mortas.

Dentre as principais causas apontadas pe­los policiais, destacam-se falta de atenção, desobediência à sinalização, não manter a distância de segurança, ingestão de álcool, velocidade incompatível e defeito mecâni­co no veículo.

Para o inspetor de Paula, bons hábitos são a chave para evitar tombos e aciden­tes. “Os conceitos básicos de segurança são simples, como, por exemplo, 'defenda­-se', 'veja e seja visto', 'mantenha o farol ligado' e o 'capacete na cabeça'. Dirigir consciente e receber conselhos favoráveis de pilotos mais experientes são fatores que ajudam”, afirma completando: “Aten­ção, ainda, para os aspectos físicos que podem comprometer a condução, como fadiga, sono, álcool, drogas, remédios e alimentação inadequada, especialmente para quem usa a moto como ferramen­ta de trabalho, como motoboys e moto­fretistas. Aspectos psíquicos – estresse, emoções fortes, instabilidade emocional, irritação, desespero e até mau humor – também influenciam a pilotagem neste nosso trânsito nada fácil do dia a dia”.


Luciano Silva, diretor do Harley Owners Group (HOG) Belo Horizonte Chapter: “A segurança e o prazer de pilotar em primeiro lugar”

E Luciano, pela experiência no guidão, dá o recado final: “A moto é um veículo seguro desde que obedecidos os requi­sitos fundamentais de segurança. Man­tenha-a em condições perfeitas, respeite seus limites e as normas de trânsito. As­sim, é possível desfrutar de todo o prazer do vento no rosto, das belas paisagens e dos novos amigos que surgem na convi­vência com as pessoas que curtem esse veículo maravilhoso”.

ATITUDES QUE AUMENTAM SUA SEGURANÇA NA MOTOCICLETA

Por inspetor de Paula

  •  Evite se envolver em situações de risco;
  •  Use sempre o farol de sua moto, seja de dia, seja à noite;
  •  Use o mesmo espaço dos automóveis (centro da faixa), não ficando ao lado, dentro da mesma faixa de outro veículo;
  •  Não exceda a velocidade;
  •  Roupas claras servem para que os outros motoristas o vejam;
  •  Cuidado com os buracos nas vias;
  •  Sempre use capacete com visor ou óculos de proteção, luvas e calças. Evite pilotar de bermuda;
  •  Não faça manobras arriscadas, como “costurar” o trânsito, ultrapassar pela direita etc.;
  •  Nunca, mas nunca mesmo, fique trafegando em ponto cego dos motoristas; olhe para o retrovisor de quem está na frente e observe se ele o percebe;
  •  Em caso de ser fechado, fique calmo: a motocicleta é um veículo pequeno e você pode não ter sido visto;
  •  Nunca misture álcool e direção;
  •  Preocupe-se com o garupeiro, pois ele pode não ter experiência de andar de carona em uma moto. Vários acidentes são provocados por eles, pois não conhecem as técnicas de uma força centrífuga e centrípeta, ou seja, fazer o mesmo movimento do motociclista, acompanhar a inclinação para a direita e para a esquerda;
  •  Seja educado, respeite os pedestres e evite aborrecimentos, enfim, ande legal. Colabore com os agentes de trânsito e policiais afins.

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.