Modernização rodoviária

Com o tema “Novas tecnologias e conectividade nas rodovias brasileiras”, a primeira edição do Fórum ITL de Inovação do Transporte (FIT) abordou a tecnologia e o seu papel decisivo para o desenvolvimento econômico e social do país. O evento, realizado em 9 de fevereiro, levantou questões e debates para auxiliar empresas, governos e a sociedade na construção de caminhos que levem à implantação de estradas inteligentes.

Promovido pelo Instituto de Transporte e Logística (ITL), ligado à Confederação Nacional do Transporte (CNT), o fórum tratou do recente leilão da tecnologia 5G; da sanção da Lei 14.157/21, que estabelece condições para a implementação da cobrança de pedágio proporcional ao trecho percorrido (o chamado free flow); e das concessões rodoviárias que estão sendo realizadas pelo governo federal.

“As transformações estão acontecendo de maneira muito rápida e intensa em todos os setores da economia. No transporte, não tem sido diferente. No Brasil, já há tecnologia para acabar com os chamados pontos cegos (sem internet) rodoviários. Hoje, você consegue colocar uma rede Wi-Fi desvinculada da telefonia pública a um custo baixíssimo. Queremos contribuir, cada vez mais, com o desenvolvimento e o crescimento da atividade transportadora no país. Por isso, é tão fundamental debater um tema relevante como a conectividade nas rodovias”, afirmou o presidente do Sistema CNT, Vander Costa, que abriu os trabalhos.

Presente na abertura, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, ressaltou que a busca pela modernização favorece todos os modais do transporte, mas o rodoviário tende a se beneficiar em dois níveis fundamentais: segurança de operação (com o recuo dos roubos de cargas e malfeitos) e redução de acidentes e controle de riscos.

O secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura (Minfra), Marcelo Sampaio, e o secretário de Telecomunicações da pasta homônima, Arthur Coimbra de Oliveira, também discursaram no FIT e destacaram a importância de os dois setores caminharem juntos.

Programação

O primeiro dos quatro painéis do fórum foi sobre a “Modernização das rodovias a serviço do setor de transporte – Caminhos para o transporte conectado”. O professor da Fundação Dom Cabral Sérgio Myssior, que é arquiteto e urbanista, foi o primeiro a falar e propôs uma reflexão sobre as dimensões da mobilidade, que incluem espaço urbano, acessibilidade e atividades econômicas.

“A imobilidade urbana causa doenças, perda da qualidade de vida nas cidades e prejuízos de R$ 11 bilhões ao ano para a economia brasileira. As novas tecnologias podem, sim, tornar o trânsito mais eficiente com uma série de benefícios. Por exemplo, a solução 5G ajudará veículos de emergência a sinalizarem, automaticamente, que uma pista precisa estar liberada”, pontuou Myssior.

Na sequência, o tema abordado foi a “Estrutura regulatória para adoção de novas tecnologias no setor de transporte – Oportunidades e desafios”. O diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale, comentou o desafio da autarquia, que precisa compatibilizar avanço tecnológico e regulamentação.

“Há demandas urgentes, como oferecer cobertura Wi-Fi e colocar o free flow em prática. Para tanto, temos pensado em contratos com cláusulas flexíveis, que possam ser observadas e cobradas pela performance, e não pelas especificidades”, salientou o representante da ANTT.

Já no terceiro painel foram debatidas as “Inovações nas rodovias brasileiras – O sistema de livre passagem (free flow) e a segurança nas rodovias”. A secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias do Minfra, Natália Marcassa, antecipou as regulamentações que estão sendo preparadas pela pasta. “Uma grande preocupação (nesse desenho) é que não haja perda de receitas. Não encaramos (a arrecadação) como multa”, assegurou. Ainda segundo ela, um projeto dessa magnitude só se tornou possível com a alteração do Código de Trânsito Brasileiro.

Por fim, após três exposições mais focadas em aspectos regulatórios e tecnológicos, o evento se despediu com o painel “Conectividade nas rodovias e o desenvolvimento humano e social”, com mediação da diretora-executiva nacional do Sest Senat, Nicole Goulart.

“A pandemia nos forçou a ofertar produtos por meio digital. A conectividade com os nossos clientes é um desafio à parte dada a mobilidade diferenciada deles. Sabemos que o impacto com as novas tecnologias é visto com preocupação por parte da população, haja vista a possibilidade de extinção de postos de trabalho. Porém, o Sest Senat acredita firmemente que outras tantas oportunidades surgirão – e nós esperamos estar preparados para capacitar essas pessoas”, disse Nicole. (Com a Agência CNT Transporte Atual)