Motoristas Conectados

80% de pessoas que dirigem usam o celular enquanto realizam a atividade

Estradas / 13 de Abril de 2016 / 0 Comentários
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Hospital Samaritano de São Paulo divulgou um estudo que revela dados preocupantes: 80% dos motoristas usam o celular enquanto dirigem, e 8% não mudariam esse comportamento de jeito nenhum.

Segundo o diretor técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária, Paulo Guimarães, o uso do celular durante a direção proporciona situações características: a primeira é mais complexa e usar o telefone segurando-o com as mãos. “O que isso gera? Além de toda a falta de atenção que uma ligação pode causar ao motorista – e, assim, estamos falando um pouco da segunda situação, que é a utilização do viva-voz –, o condutor não estar com as duas mãos no volante tem prejudicada sua capacidade de fazer manobras de trânsito”, ressalta. Há ainda uma terceira situação que gera um risco muito grande, que é o condutor tirar os olhos da pista.

“Quando você disca um número e essa pesquisa mostra que 42% das pessoas enviam mensagens de texto enquanto estão dirigindo –, tem um desvio total de atenção, da via para o aparelho mobile, não conseguindo ver o que acontece ao seu redor. Isso tem se transformado no principal risco na utilização de celular. O telefone móvel começou com a função de ligações, mas, hoje, as redes sociais e o envio de

mensagens estão se tornando o grande perigo desse equipamento”, avalia.

AUSÊNCIA DE MONITORAMENTO

Mesmo sendo uma infração grave de trânsito usar o celular durante a condução de um veículo, o número de pessoas que praticam isso não está diminuindo. Um dos problemas que temos atualmente é o da deficiência na fiscalização: primeiramente, pela própria precariedade da quantidade de agentes de trânsito; outro ponto é que toda infração de circulação é mais complexa de ser fiscalizada, pois ocorre de forma muito rápida. “São poucos segundos que o agente tem para perceber a infração, identificar corretamente o veículo e o local, e anotar a placa. Além disso, hoje em dia, temos um uso muito grande das películas escuras nos vidros dos carros”, afirma o especialista.

Apesar de conhecerem e saberem que o celular gera riscos, os condutores não têm a percepção do impacto. “Um exemplo, numa situação análoga, para explicar essa percepção de risco, é o do uso das cadeirinhas. Uma mãe acaba de ter um filho e, claro, preocupa-se com algumas questões, como a de fazer o teste do pezinho no bebê e a de levá-lo para tomar as vacinas necessárias. Só que, na hora em que ela vai levar o filho para esses procedimentos, carrega-o no colo, no banco da frente do veículo. A mãe não percebe o risco que o bebê corre sendo transportado dessa maneira, que é muito maior do que se ele fi casse em casa, por exemplo.

O excesso da utilização do celular e os riscos disso não são exclusivos dos brasileiros. Guimarães conta que há um estudo feito em rodovias americanas seguindo essa mesma linha. Nos Estados Unidos, 71% dos jovens já escreveram mensagens enquanto dirigiam. O que existe de diferente no outro país são as estatísticas existentes na investigação das causas dos acidentes, as quais são muito mais apuradas do que no Brasil. “A gente não consegue ter estatísticas, e, sim, estimativas. Por isso, não podemos afirmar qual a porcentagem de acidentes ocasionados pelo uso do celular. E o Brasil é um dos países onde mais cresce a utilização de smartphones. Estamos chegando à proporção de um aparelho de telefone celular por habitante”, afirma.

Muitas pessoas, para minimizarem os riscos ou não levarem uma multa, usam fones de ouvido ou utilizam o viva-voz para se comunicarem ao celular. Nesses casos, o risco é muito menor do que se elas usassem o aparelho nas mãos. Porém, utilizar fones de ouvido já é proibido, e isso está claro na legislação. Afinal, uma conversa de carga emocional muito forte suga toda a capacidade cerebral do condutor de pensar na via, o que pode provocar acidentes.

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