Museu na beira da estrada

Espaço de artes Jeca Tatu, na estrada para Ouro Preto, exibe relíquias e conta com espaço de pintura e biblioteca. Cinema deve ser aberto no ano que vem

Cultura / 14 de Janeiro de 2015 / 0 Comentários

Jardineira no estilo escolar norte-americano abriga biblioteca e espaço de artes

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O caminho é o mesmo de Ouro Preto, berço do barroco, conhecido mundialmente, antiga Vila Rica, na Região Central de Minas Gerais: a BR-356. Nas curvas da rodo­via, um cantinho, que já se transformou em uma área imensa, abriga uma paixão pelo antigo. É o Museu de Artes Jeca Tatu, que abriga o retrô, o vintage, aquilo que usamos e sequer lembramos. Tudo está lá para cutucar nossa memória.

O museu está localizado numa área atrás do famoso Pastel de Angu. Leonardo Ruggio, de 56 anos, dono da lanchonete, é o idealizador do museu, criado há 14 anos. Aos poucos, diz ele, o lugar vai melhorando, mas já tem muita história para contar. "É um espaço pú­blico, aberto todos os dias e que não se paga para entrar. Começou lá em cima, no alto da serra, onde ficamos por 12 anos. Há dois anos viemos para um lugar maior", diz.

Leonardo montou o museu há 14 anos e também é dono do famoso Pastel de Angu

Além de vinis, vitrolas e radiolas, máquinas de escrever e muitos arti­gos dos anos de 1950 e 1960, o museu vai ganhar em breve um cinema. Os filmes estão sendo escolhidos por Lauro Bastos, amigo de Leonardo. As cadeiras, bem antigas, já estão a postos e vão acolher 300 pessoas. As exibições prometem ser no início da tarde, com opções para crianças e adultos, mas nada que esteja nas grandes salas comerciais do país. Será o Galpão Jeca Tatu de Cinema.

Leonardo também planeja comprar um ônibus jardineira para ro­dar na cidade de Itabirito e levar as famílias ao museu. Tudo sem altos investimentos. "Somos como o Jeca Tatu, simples, mineiro." No espa­ço cultural, os visitantes ainda encontram lambretas, bicicletas antigas, gramofones, um lugar para pintura. Em muitas peças, Leonardo colocou perto imagens da revista “O Cruzeiro”, famosa na década de 1930 e extinta no início do regime militar. As reportagens da revista servem para mostrar como tudo era usado.

"Alguns entram aqui e se lembram de quando usaram o telefone, a radiola. Outros, mais novos, nem sabem do que se trata, mas ficam admirados", diz. Um dos ônibus tem até uma biblioteca São mais de 500 títulos, que foram comprados, doados ou trocados por lanche.

Os vinis são a verdadeira vedete do museu, onde também há vitrolas e radiolas antigas

O automóvel também abriga um ateliê de pintura, comandado pelo artista plástico Atacir Costa. "Temos quadros lindos dele. Um é um retrato do Niemeyer que vale a pena ver pela beleza", revela Leonardo. Os ônibus expostos lá são do tipo escolares norte-americanos. Tem moedores de café, ferro de passar roupa, filmadoras antigas, banheiras, arreios.

Para conseguir todas as peças expostas no museu, o idealizador conta que vai compran­do, adquirindo, trocando. Ele também recebe doações e sempre dá algo em troca, nem que seja um delicioso lanche ou almoço no Pastel de Angu. As peças não estão à venda, mas ele acaba comercializando e comprando outra para colocar no lugar. "Assim o acervo vai se renovando."

Artigos antigos, principalmente da década de 1950, estão expostos no museu

Apesar de ficar logo depois da rodoviária de Itabirito, logo à direita na estrada, Leo diz que os moradores dos municípios do entorno visitam pouco o espaço. A maioria, segundo ele, são os viajantes. "É o povo da estrada que vem correndo porque está trabalhando, mas volta com a família para fazer uma visi­ta. Precisamos incentivar os moradores a vir também, para eles é importante, faz falta um espaço cultural assim", afirma.

Idealizador está montando cinema com filmes antigos

O Pastel de Angu e o Museu de Artes Jeca Tatu ficam na Rodovia dos Inconfidentes, a BR- 356, altura do KM 60, em Itabirito. Logo de­pois da rodoviária, na saída para Ouro Preto, um quilômetro adiante. Não paga para entrar e funciona todos os dias, das 8h às 18h.

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