Não é somente com elas

Você sabia que alguns homens, com o passar da idade, também entram em um período similar ao da menopausa?

Saúde / 05 de Março de 2015 / 0 Comentários

A partir dos 40 anos, homens também podem passar por um declínio de suas funções hormonais, assim como as mulheres, na menopausa; procurar ajuda médica e tratar é o melhor caminho para manter a qualidade de vida

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Dificuldade de concentração mental, variações de humor, irritabilidade emocional, alterações do sono, infertilidade, queda de libido e de pensa­mentos sobre sexo. Esses, dentre outros sintomas, podem parecer uma síndrome de mulheres na menopausa. Mas, desta vez, o assunto é saúde masculina. “Quan­do o homem entra na faixa dos 40 anos, o principal hormônio masculino, conhecido como testosterona, pode ter uma diminui­ção para níveis abaixo dos limites mínimos aceitáveis, estando essa redução associada a sinais característicos da deficiência hor­monal”, explica Antônio de Moraes Júnior, chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Trata-se da andropausa, termo popular para Deficiência Androgênica do Envelhe­cimento Masculino (Daem), também de­nominada Hipogonadismo Tardio do Adul­to (HTA). Segundo o médico, no homem ocorre um decréscimo hormonal lento e gradativo, que o acompanha para sempre – diferentemente da menopausa, em que há uma diminuição dos hormônios femini­nos, terminando, geralmente, em até cinco anos a contar de seu início. “Estima-se que a Daem acomete uma em um grupo de cin­co pessoas, ou seja, 20% dos homens irão passar por essa fase”, revela.

IMPACTOS NA QUALIDADE DE VIDA

A testosterona cumpre um papel im­portante no desenvolvimento e na manu­tenção dos ossos e da massa muscular, sem contar que é um fator essencial na libido e tem efeito nos substratos da ereção. Nesse sentido, as repercussões da andropausa são significativas sobre o bem-estar e a saúde do homem. O declínio desse hormônio se manifesta clinicamente por meio de vários sintomas, desde os sexuais até os menos específicos, que se refletem nos desempe­nhos físico e mental. O especialista apre­senta outros sinais: fadiga, disfunção erétil, redução do volume da ejaculação, aumento da gordura no interior de órgãos, perda do volume da massa muscular e fraqueza, me­nor crescimento da barba e queda de pelos, além de uma diminuição da densidade mi­neral óssea, o que possibilita o surgimento de osteoporose, facilitando o risco de fra­turas. Se os sintomas não forem tratados, poderá haver agravamento do quadro.

Por isso, a atenção à saúde deve ser constante, especialmente porque algumas dessas alterações são vinculadas a outros fatores não necessariamente ligados à an­dropausa. O médico cita que existem outras doenças que podem ser confundidas com a Daem, como depressão, hipotireoidismo, obesidade, diabetes, estresse emocional e alcoolismo. Contudo, ele ressalta: “É muito importante, sempre que houver qualquer suspeita, procurar uma avaliação médica”, alerta. O diagnóstico é efetivo a partir da avaliação clínica baseada nas narrações e nas queixas e de exames com a dosagem sanguínea da testosterona.

TRATAMENTO

A reposição da testosterona é uma opção de tratamento nos casos identifi­cados. “O objetivo é manter no sangue a concentração plasmática desse hormônio dentro de uma faixa considerada fisioló­gica, evitando-se obter níveis baixos ou elevados”, explica o médico, que comple­ta: “A testosterona, ou suas formas, ge­ralmente é empregada por via intramus­cular, transdérmica (aplicação na pele) ou solução de testosterona diretamente nas axilas. Não recomendamos a apresenta­ção oral por conta dos riscos de toxicida­de no fígado”.

Ele ressalta que o tratamento deve ser realizado apenas pelo médico que acom­panha o paciente, após a história clínica bem-dirigida e a realização de todos os exames pertinentes. O cuidado dessa te­rapia é necessário, pois existem algumas contraindicações e precauções para o emprego da testosterona, como casos de apneia do sono, de aumento do volume das mamas, de cânceres de mama e de próstata com doença ativa ou na suspei­ta, dentre outros. Ele orienta os homens que almejam a paternidade a não usarem a testosterona para tratar a Daem, pelo elevado risco de evoluírem com infertili­dade. “Quando indicada de uma maneira apropriada, a reposição da testosterona, para restabelecer os níveis fisiológicos, proporciona benefícios importantes à saú­de masculina, corrigindo os sintomas e normalizando as funções de diversos ór­gãos e tecidos.”

E o doutor finalizada recomendan­do: “A partir dos 40 anos, é essencial um acompanhamento médico pelo menos uma vez ao ano”. O conselho se estende a ami­gos e familiares que convivem com homens que apresentam esses sinais. “Todos de­vem considerar as reações e incentivar os cuidados com a saúde.”

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