Novidade nas bombas

Mudanças nos parâmetros de destilação, octanagem e massa específica da gasolina automotiva vendida no Brasil já estão em vigor

Economia / 28 de Setembro de 2020 / 0 Comentários
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As novas especificações da gasolina já são obrigatórias no Brasil desde 3 de agosto último, conforme previsto pela Resolução nº 807/2020 da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), publicada em janeiro deste ano. O texto estabelece novos parâmetros para a destilação, a octanagem e a massa específica da gasolina automotiva vendida no país.

No entanto, as distribuidoras terão um prazo adicional de 60 dias e os revendedores, de 90 dias para se adequarem às novas regras, de maneira que possam escoar os produtos que ainda não atendem integralmente às exigências atuais.

Segundo a ANP, as mudanças aprimoram a qualidade do combustível, proporcionam uma maior eficiência energética, melhoram a autonomia dos veículos em função da redução do consumo e viabilizam a introdução de tecnologias de motores mais econômicos e eficientes, com menores níveis de emissões atmosféricas.

A doutora em química e especialista em regulação da agência Ednéia Caliman conta que a novidade aproxima o padrão da gasolina brasileira do que é praticado na União Europeia – e que já havia sido acompanhado por países como Argentina e Chile. Os parâmetros também ficarão mais parecidos com os usados nos Estados Unidos.

“A gasolina está sendo melhorada para que os motoristas não sintam problemas com qualidade, perda de potência nem falhas de partida e de detonação. Não há necessidade de nenhum ajuste nos veículos para o recebimento dessa gasolina. Muito pelo contrário. Ela está vindo justamente para se adequar às novas tecnologias, e, mesmo para um veículo antigo, não há nenhum problema”, assegura Ednéia.

 O QUE MUDOU

As mudanças no combustível contemplam três aspectos principais. O primeiro deles é o estabelecimento de um valor mínimo de massa específica (de 715 kg/m³), o que significa mais energia e menos consumo. O segundo é o limite mínimo de 77°C para a temperatura de evaporação de 50% da gasolina (antes, apenas o nível máximo era regulado). Esse parâmetro, chamado de destilação, afeta questões como o desempenho e o aquecimento do motor e a dirigibilidade, de acordo com a ANP.

O terceiro ponto é a fixação de limites também para a octanagem RON (Research Octane Number), já presente nas especificações da gasolina de outros países. No Brasil, no entanto, só era especificada a octanagem MON (Motor Octane Number). “Essa medida mostra-se necessária devido às novas tecnologias de motores e resultará em uma gasolina com maior desempenho para o veículo”, garante a agência.

Segundo a ANP, as alterações estabelecidas são o resultado de estudos e pesquisas de padrões de qualidade, “considerando o acompanhamento das especificações e harmonizações internacionais, bem como de amplos debates com os agentes econômicos do mercado de combustíveis”.

A agência ressalta também que as novas especificações atendem aos atuais requisitos de consumo dos veículos e dos níveis de emissões progressivamente mais rigorosos, considerando o cenário das fases futuras do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve – Ibama) e do Programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística, do governo federal.

PESO NO BOLSO

Mas, se, por um lado, o consumidor vai ser beneficiado pelas melhorias na densidade e na qualidade da gasolina.Por outro, ele vai pagar mais caro pelo combustível. Além de a produção ser mais dispendiosa, o produto tem um valor maior no mercado internacional, que é usado como referência pela Petrobras. A empresa, porém, afirmou que “o ganho de rendimento compensa a diferença de preço da gasolina, porque o consumidor vai rodar mais quilômetros por litro”.

O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda, destaca outra vantagem: com as novas especificações, possíveis adulterações na gasolina vão ser mais fáceis de serem identificadas. Contudo, ele ainda teme os impactos negativos do encarecimento.

“Trabalhamos com margens muito apertadas e nunca temos gordura para absorver eventuais aumentos. Então, quando a refinaria sobe o preço, é um efeito dominó”, afirma Miranda, que torce para que se confirme a previsão de ganho de desempenho nos veículos. “Esperamos que seja verdade, porque aumento de preço é sempre ruim para todo mundo”, conclui. (Com a Agência Brasil)

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