O que vem por aí?

Especialistas do TRC apresentam suas expectativas para o segundo semestre de 2021

Economia / 27 de Agosto de 2021 / 0 Comentários
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Um cenário positivo na segunda metade deste ano é esperado por quem está à frente de instituições que representam importantes categorias do transporte rodoviário de cargas (TRC). A perspectiva otimista foi apresentada por alguns especialistas do setor durante uma conversa com a Entrevias.

Confira a seguir as análises macroeconômicas do presidente do Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais (Sintrauto/MG), Carlos Roesel; do presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Sérgio Pedrosa; e do presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), Francisco Pelucio.

O que os transportadores podem esperar no segundo semestre deste ano nas seguintes áreas:

Atividade econômica?

Carlos Roesel: Em vários setores da economia, ela vai crescer consideravelmente à medida que a vacinação estiver avançando.

Sérgio Pedrosa: A vacinação está avançando, e a atividade econômica, voltando ao patamar pré-pandemia, com alguns setores em processo mais avançado do que outros. Em Minas Gerais, especificamente, a siderurgia e a mineração estão bastante aquecidas. Após o acidente em Brumadinho, outras minerações do Estado ficaram aquecidas, o que beneficiou o setor de transporte de cargas em outras regiões. No Sul de Minas, o destaque vai para o comércio eletrônico. Nos últimos anos, vimos a instalação de diversos centros de distribuição e também de novas indústrias, como a Ambev. No Triângulo, o agronegócio está bastante aquecido, o que tem beneficiado as transportadoras da região.

Francisco Pelucio: Com o avanço da vacinação, acreditamos que a economia ficará mais forte, contribuindo ainda mais com a atividade econômica. Nosso setor depende disso para continuar crescendo e abastecendo o país.

Acesso ao crédito?

Carlos Roesel: O crédito tende a ficar mais caro, pois a (taxa) Selic está em tendência de elevação.

Sérgio Pedrosa: O custo está subindo em função da alta da taxa Selic (em torno de 7% ao ano). Dessa forma, os bancos estão mais seletivos na concessão de crédito, o que é um gargalo que o setor de transporte rodoviário de cargas tem que superar. As linhas oferecidas pelo governo federal no ano passado ajudaram um pouco, mas, neste ano, nenhuma se encaixou no perfil do transportador. Por outro lado, os valores de insumos e equipamentos (caminhões, carretas, pneus, peças e serviços) subiram muito, em torno de 60%, e o transportador tem o desafio de repassar esse alto custo para o frete, de forma que ele não fique com o fluxo de caixa desequilibrado.

Francisco Pelucio: Nossos associados não estão tendo problemas com acesso ao crédito. Evidentemente, o momento que o país vive exige cautela quanto à liberação de recursos pelos bancos, mas nada que impacte o bom desenvolvimento das empresas.

Políticas tributária e fiscal?

Carlos Roesel: Esse tema ainda está causando muita incerteza, pois não se sabe exatamente o que será a reforma nem quanto ela irá custar ou beneficiar o setor produtivo.

Sérgio Pedrosa: A proposta de reforma tributária apresentada é extremamente onerosa para o nosso setor, e nossas lideranças nacionais estão trabalhando com afinco em Brasília para que tenhamos uma simplificação sem aumento da carga tributária. Outra preocupação é quanto à suposta desoneração da folha de pagamentos, que, na verdade, é apenas outra forma de calcular, uma vez que não nos tira os tributos. Esperamos que a gente não perca, a partir de janeiro de 2022, a opção de contribuir com 1,5% sobre a receita bruta da empresa, o que dá mais segurança para o empregador no caso de queda no faturamento. Se a forma de cálculo mudar, as empresas voltarão a contribuir sobre 20% da folha de pagamento, o que poderá gerar redução no número de vagas e desemprego.

Francisco Pelucio: A NTC&Logística permanece em contato com as autoridades públicas para contribuir com isso, e sabemos que só teremos avanços quando as reformas forem aprovadas. No entanto, diante da pandemia, acreditamos que essa pauta possa ser deixada para ser votada mais para frente.

Medidas trabalhistas para minimizar os impactos da pandemia?

Carlos Roesel: Creio que, neste momento, com a retomada gradual da economia, as medidas adotadas durante o início da pandemia sejam retiradas aos poucos.

Sérgio Pedrosa: As medidas continuam valendo, como a Medida Provisória do BEm [Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda]. No entanto, no nosso setor, salvo pouquíssimas exceções, as empresas não precisaram usar esse recurso em 2021 em função de o transporte ter sido considerado uma atividade essencial e ela não ter parado. Foram medidas benéficas, mas que, para o nosso setor, quase não fizeram diferença.

Francisco Pelucio: O governo federal publicou diversas medidas provisórias para este momento crítico que o país vive. Muitas delas contribuem de alguma forma para que o empresariado consiga manter os compromissos com os colaboradores sem que haja demissões.

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