Pé no acelerador

Indústria automobilística registra crescimento nas vendas de caminhões na comparação de janeiro de 2019 com mesmo mês de 2018. Desburocratização para caminhoneiros, anunciada pelo governo federal, também anima o setor.

Investimento / 28 de Março de 2019 / 0 Comentários
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Em janeiro deste ano, as vendas de caminhões no Brasil aumentaram 53,2% na comparação com o mesmo período do ano passado. No primeiro mês de 2019, foram licenciadas 7.000 unidades, enquanto 2018 começou com o licenciamento de 4.600, conforme apresentado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em fevereiro último, em São Paulo (SP).

Este foi o melhor janeiro do setor nos últimos quatro anos, ficando próximo da média registrada na última década, de 8.400 emplacamentos. Já na comparação com dezembro, houve recuo de 8,5%. O último mês do ano passado registrou 7.600 caminhões vendidos.

Os dados da Anfavea mostraram ainda que 6.900 caminhões foram fabricados no primeiro mês deste ano, um avanço de 1,6% sobre os 6.700 de janeiro do ano passado e uma redução de 7,7% ante os 7.400 produtos de dezembro. 

Produção

Houve crescimento também na produção de veículos no país em fevereiro deste ano em relação ao mês de janeiro. O aumento foi de 29,9%, e 20,5% na comparação com fevereiro do ano passado, segundo dados da Anfavea.

A produção chegou a 257 mil veículos no mês passado. Foram licenciados 168.577 veículos leves novos de fabricação nacional. Somando aos veículos leves importados, o número de licenciamento chega a 190.273 carros.

Segundo a Anfavea, ao somar veículos leves, caminhões e ônibus, incluindo os importados, foram licenciados ao todo 198.641 veículos no país em fevereiro, uma queda de 0,6% em relação a janeiro deste ano. No entanto, na comparação com fevereiro do ano passado, houve crescimento de 26,6%. Em janeiro foram comercializados 199,8 mil veículos, aumento de 10,2% ante janeiro de 2018 (181,3 mil) e uma queda de 14,8% comparando com dezembro último (234,5 mil). 

Exportação

No quesito exportação, a diminuição foi mais significativa: 520 caminhões foram vendidos para outros países em janeiro deste ano. Já no mesmo mês de 2018, o total foi de 1.865 unidades. “No comparativo com as 1.100 de dezembro (de 2018), a diminuição foi de 50,7%”, informou a associação nacional.

“A oferta de crédito em 2018 foi a maior desde 2011. Na soma de todos esses fatores com o otimismo em relação às reformas econômicas propostas pelo novo governo, acreditamos em uma reação sequencial, que passa pela retomada da confiança tanto do consumidor quanto do investidor.”

Antonio Megale, presidente da Anfavea


Esse indicador negativo – o único nos dados divulgados –, na avaliação do presidente da entidade, Antonio Megale, é atribuído, principalmente, à forte retração do mercado argentino, principal parceiro comercial do Brasil.

E o setor de exportação de veículos leves e caminhões não espera crescimento para este ano. O principal motivo é a crise cambial na Argentina. “Infelizmente, neste ano, as exportações de veículos não serão as melhores notícias”, disse Megale. O país vizinho, segundo ele, está em situação econômica difícil, por isso, o esforço tem sido mandar veículos para serem comercializados em países como Colômbia, Chile e Uruguai. “Estamos em busca de mercados fora da América Latina também”, afirmou o presidente da Anfavea.

O mercado consumidor argentino é o segundo maior da América do Sul e o Brasil tem o maior mercado fornecedor. Em fevereiro, as exportações atingiram a marca de US$ 876 milhões. O ideal, segundo Megale, é atingir a marca de US$ 1 bilhão.

Recentemente, a Ford anunciou o fechamento da fábrica em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. A medida, segundo Megale, deverá gerar impactos na região, mas os funcionários podem ser absorvidos por outras montadoras. “Nos preocupa, naturalmente, o fechamento de fábricas no Brasil porque a gente entende que o mercado vai crescer e que o Brasil tem potencial para ser um dos cinco maiores mercados do mundo. Acho que se a economia trouxer bons resultados, como a gente espera este ano, nosso mercado vai continuar crescendo. Nossa projeção é de crescimento de 11,4%, que poderá até ser superado”, falou Megale.

O governo paulista, na tentativa de manter montadoras no Estado, lançou recentemente o programa IncentivAuto, com concessão de desconto de até 25% no valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para as empresas que apresentarem planos de construção ou ampliação de plantas industriais em valores superiores a R$ 1 bilhão. Uma contrapartida importante é a geração de empregos: as companhias devem abrir pelo menos 400 novos postos de trabalho para serem beneficiadas.

“Acho que toda redução de carga tributária no país é bem-vinda. O Brasil tem uma carga tributária muito elevada para o nosso setor, muito acima de outros países, então, qualquer redução de carga, mesmo que seja de um estado, é positiva. Mas esse é um programa que parece que vai ter efeito mais de médio a longo prazo. A curto prazo ele não tem efeito”, afirmou o presidente da associação.

Panorama confirmado

Os resultados apresentados conferem com as perspectivas da indústria automobilística brasileira, de acordo com Megale. “Iniciamos o ano com uma alta importante e em todos os segmentos, o que é bastante animador. Inclusive, este janeiro é o melhor desde 2015. Apesar de termos mais dias úteis em relação ao último mês de 2018, já imaginávamos que teríamos essa baixa devido à sazonalidade de mercado, uma vez que o fim do ano é tradicionalmente mais aquecido”.

Para este ano, a expectativa é de manutenção no crescimento – com exceção das exportações –, devido à indicação de aumento do Produto Interno Bruto, à diminuição da inflação e à queda do dólar, segundo o presidente da Anfavea. “A oferta de crédito em 2018 foi a maior desde 2011. Na soma de todos esses fatores com o otimismo em relação às reformas econômicas propostas pelo novo governo, acreditamos em uma reação sequencial, que passa pela retomada da confiança tanto do consumidor quanto do investidor”, conclui. 

Mudanças à vista

Outra boa notícia para os caminhoneiros – além da perspectiva de melhorias na conjuntura macroeconômica apontada por Antonio Megale – foi o anúncio feito pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, durante a Convenção Nacional CNTA 2019, realizada pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) no início de fevereiro. A entidade foi uma das responsáveis pela greve da categoria iniciada em maio do ano passado.

No evento, o ministro voltou a falar na proposta de reduzir a burocracia para os profissionais dessa área, citando como exemplo a emissão de documentos e de adesivos, como os do Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC).

Outra medida anunciada por Tarcísio de Freitas – que já havia sido mencionada ao longo da campanha presidencial de Jair Bolsonaro (PSL) – foi a extensão do prazo de validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de cinco para dez anos. Ele falou ainda sobre o fim da obrigatoriedade dos simuladores em autoescolas para a obtenção da CNH na categoria B. Três dias depois, o próprio presidente confirmou as propostas em uma rede social, alegando que elas visam reduzir a burocracia e gerar economia.

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