Planejar é preciso

Em tempos de crise, cidadãos e empresários brasileiros devem dosar, mais do que nunca, seus gastos e poupar

Fique de Olho / 13 de Abril de 2016 / 0 Comentários
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Todo início de ano é repleto de espe­ranças, expectativas e planos. Depois das confraternizações do Natal, do encontro com a família e com os amigos (com a tradicional troca de presentes) e das férias (um custo que não pesou no bolso nos meses anteriores), as pessoas começam 2016 com mais uma situação presente em todos os iní­cios de ano: as despesas de janeiro, além das dívidas contraídas em dezembro.

Este mês é caracterizado por uma série de gastos que não ocorrem ao longo do ano tipicamente, como o Imposto sobre a Pro­priedade de Veículos Automotores (IPVA), o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o pagamento de matrícula das escolas, de material escolar etc. Acrescentem-se a isso as dívidas oriundas do fim do ano, como os gastos feitos com as confraternizações e as viagens de férias. Trata-se de um conjunto de compromissos financeiros que neces­sitam de um planejamento para que o ci­dadão possa lidar com isso sem entrar em estado de quase falência.

E qual é a fórmula para organizar esses gastos? Como planejar de modo que eles possam caber no orçamento que, de uma maneira geral, teve reajustes salariais me­nores ou iguais à inflação? Como organizar as finanças pessoais de maneira a permitir o atendimento dos gastos obrigatórios? Ri­cardo Macedo, economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, ajuda-nos a responder essas questões, que se resumem a uma palavra: planejamento. “Precisamos pensar em termos de plane­jamento orçamentário familiar para os 12 meses, momento em que construímos a capacidade de atender aos gastos maiores do fim e do início do ano. O que deve ser observado, o que é mais importante, é que as pessoas precisam construir uma capa­cidade de poupança. E como fazer isso? Gastando menos e planejando melhor os gastos”, orienta Macedo.

 

EDUCAÇÃO FINANCEIRA

O professor afirma que existem técnicas para planejar os custos. Quanto aos gastos familiares, é preciso conversar com o cônju­ge para analisarem as finanças planejarem investimentos financeiros e, eventualmente, definirem a melhor alternativa de aplica­ção dos recursos que sobrarem, para que, no fim de determinado período, haja uma poupança minimamente razoável, seja para fazer frente a gastos inesperados, seja para fazer frente a algum desejo que o indivíduo tenha. “Em linhas gerais, é importante que as pessoas tenham algum grau de edu­cação financeira para melhor planejarem suas finanças, seja para atenderem a esses gastos de início de ano, seja para terem um comportamento econômico estável durante os meses”, diz Macedo.

O economista ressalta que, normal­mente, o brasileiro, desde que tenha prazo e o gasto caiba no orçamento, opta por financiar as despesas. “Contudo, esse com­portamento afeta a renda” porque todo mês haverá prestações para serem pagas, comprometendo a disponibilidade de re­cursos que sobraram. Nesse sentido, parce­lar a dívida não é o melhor caminho a ser seguido em despesas como IPTU e IPVA, já que, pagando-as à vista, o cidadão recebe desconto”.

O especialista completa que, atual­mente, o não-pagamento de juros é um grande negócio. Desde o início do ano, a pessoa precisa se planejar para as despe­sas do período seguinte, pois não há como como fugir delas. O professor ressalta que a inadimplência tem subido. “Os indivíduos perdem o emprego e não têm uma renda certa para fazerem frente a esses gastos. Então, se você não tem poupança, vai fi­car inadimplente. É o processo que ocorre naturalmente, principalmente neste cenário crítico em que vivemos”.


 

GESTÃO DE NEGÓCIOS

Para os negócios, neste período de crescimento econômico retraído, o que tem de ser feito? Como fazer com o orçamen­to? Como observar os gastos? Como bus­car formas de aumentar a receita da em­presa? É necessário fazer uma nova gestão de negócios, seja sob o ponto de vista dos custos, seja sob o ponto de vista de estraté­gias para aumentar as receitas.

Segundo Ricardo, o que deve ser en­focado é como otimizar essas despesas, o que pode ou não ser cortado e o que é prioridade. Do ponto de vista estratégico, devem-se buscar estratégias para aumen­tar a receita. E como fazer isso? “É preciso ir atrás de novos mercados, diversificar, pro­curar alternativas, verificar a possibilidade da fusão com outras empresas, enfim, es­tabelecer estratégias com vistas à expan­são da receita no período turbulento que estamos vivendo”.

O economista acredita que as peque­nas empresas devem aumentar o lucro para continuarem na atividade. “Com o cenário de incerteza no Brasil, a tendência é que as pessoas não queiram aumentar o negócio. Então, provavelmente, a saída será o corte de gastos, de custos em alguma parte da atividade, podendo ser reduzido até mes­mo o número de funcionários, por exem­plo”, conclui.

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