Rede de Solidariedade

Levando esperança e colhendo gratidão, Anjos do Asfalto realizam campanha para doar fogões a famílias da região Sul impactadas por ciclone

Capa / 17 de Novembro de 2023 / 0 Comentários

Altruísmo! Sem dúvida, a palavra mais adequada para definir a ação dos Anjos do Asfalto junto às vítimas do ciclone extratropical que atingiu o Sul do Brasil no início de setembro.

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Altruísmo! Sem dúvida, a palavra mais adequada para definir a ação dos Anjos do Asfalto junto às vítimas do ciclone extratropical que atingiu o Sul do Brasil no início de setembro. Em praticamente um mês de trabalho, parte desse grupo de socorristas voluntários atuou na região impactada, especialmente no Vale do Taquari, e realizou uma intensa campanha para doação de fogões às famílias.

“Assim que começaram as enchentes ocasionadas pelo ciclone extratropical, contatamos a Defesa Civil da região para ajudar no que fosse preciso. Nós, rotarianos, ficamos muito próximos dos atingidos e verificamos a necessidade de garantir fogões. Foram doadas cestas básicas e, para tanto, era necessário o eletrodoméstico para o preparo dos alimentos. Então, abraçamos essa causa e, imediatamente, compartilhamos em nossos grupos de comunicação. Impressionante: em seguida, nosso amigo rotariano Geraldo me contatou e colocou o Anjos do Asfalto para colaborar”, recorda-se Antônio Rodrigues de Oliveira, presidente do Rotary Club de Lajeado-Engenho, uma das principais áreas atingidas.

Antônio se refere ao presidente do grupo Anjos do Asfalto, Geraldo Eugênio Assis, que também faz parte do Rotary Club, em Contagem. “Recebi essa mensagem referente à necessidade de fogões pelas famílias atingidas. Então, começamos essa campanha, e foram arrecadados cerca de 70 eletrodomésticos em menos de um mês e entregamos para pessoas que realmente estavam precisando, tendo como base o levantamento realizado pelo Rotary de Lajeado-Engenho”, conta Geraldo, que presidiu a missão humanitária, que contou com a participação de um enfermeiro, de um técnico de enfermagem e de um socorrista.

Ele explica que, ao começar a distribuição dos fogões em Lajeado, foi percebida a necessidade de contemplar famílias de outras áreas atingidas, como Roca Sales, Encantado e Muçum. “Uma das cenas mais chocantes e que mexeu com nossos corações foi quando uma senhora pediu um botijão de gás. Não tínhamos no momento, mas prometemos levar no outro dia. Chegando lá, às 11h30 do dia seguinte, a comida estava preparada e esperando a nossa promessa de um botijão de gás para acabar. Nesse momento, percebemos que nossa ajuda não foi em vão”, relata.

Gratidão
“Verdadeiros anjos! Não tenho palavras para manifestar minha gratidão! É a segunda vez que passo por isso! Há três anos, perdi minha casa e fui morar com minha mãe. Levei para lá os pertences que conseguimos recuperar na época e, com a enchente deste ano, perdemos novamente, desta vez praticamente tudo. Mas há sempre esperança! Recebemos a visita dos socorristas no ginásio, e eles nos perguntaram sobre as principais necessidades e ganhamos um fogão”, diz, com emoção, Rosângela Ribeiro Volpatto de Muçum.

Ela e a família ainda permanecem no ginásio, uma espécie de abrigo, mas o fogão está bem guardado, garante ela, que está ansiosa para fazer pães caseiros e bolos em sua nova casa. “Ainda não temos lar nem aluguel social, mas tenho certeza de que vamos reconstruir nossa vida, pois recebemos nova chance. Estamos vivos, não passamos fome nem frio graças à solidariedade de voluntários. Por tudo isso, somos eternamente gratos!”, pontua.

Quem foi atingido também ajudou. Ana Bronca, de Roca Sales, foi uma das voluntárias que atuaram na mobilização: “Entrou muita água na minha casa, mas, ao olhar para a cidade Ð cheia de lama e devastada Ð, tive a sensação de estar em uma guerra e precisava fazer algo. Como sou funcionária da prefeitura, ajudei inicialmente em ações mais gerais, ajudando a identificar demandas por fogões e a entregá-los junto com os Anjos. Depois, me tornei coordenadora da cozinha. Foi uma forma de manifestar minha solidariedade e amor por meio da comida. Sou muito grata por participar da iniciativa e por presenciar a esperança nos olhos de quem recebeu o eletrodoméstico. Sem dúvida, juntos somos mais!”.

Pablo Kiffer, que é terceirizado da Prefeitura de Muçum, também foi tocado pelos Anjos: “Eles pararam em frente à minha casa e me ofereci para ajudar na entrega, pois conheço a população. Impressionante como os voluntários são serenos, acessíveis, humildes e colaborativos. Ainda temos muita demanda na região, mas, sem dúvida, eles fizeram a diferença”.

Rosmari Sangali Dresch, de Encantado, corrobora: “Geraldo e seus amigos são pessoas muito finas! Não é todo mundo que tem a disponibilidade em ajudar, em participar de perto das situações ruins, mas existem anjos. Minha casa ficou completamente encoberta, e perdi tudo. Agora, tenho fogão, consegui fazer uma pia, e minhas roupas estão em araras. Não é fácil, mas temos que aprender, tirar algo de bom dessas situações. Importante que estamos vivos!”.

Outra comunidade impactada foi Roca Sales, e o morador Walison Pereira Jardim conta o que passou: “Saí da minha casa, que, no momento, estava em certa segurança, para ajudar amigos. De repente, tudo mudou: a força da água ia invadir e pegar minha mãe e meus irmãos. Liguei, desesperado, para saírem de casa, e, felizmente, todos estão bem. Mas eu fiquei ilhado e perdemos nossos bens materiais, mas continuamos com o mais precioso: a vida! Precisamos de muita coisa, mas o básico, para alimentar e nos proteger, está garantido. Recebemos o fogão e temos condições de fazer nossa comida. Deus abençoe estes anjos e suas famílias!”

Rede do bem
Nada disso seria possível sem a participação de uma rede de apoiadores, e, mais uma vez, as lideranças do setor de transporte e logística e os rotarianos abraçaram essa missão humanitária. “Toda a diretoria e colaboradores do sindicato Ð e tenho certeza de que também os nossos associados Ð nos sentimos honrados em participar da iniciativa. Os Anjos do Asfalto entregaram a esperança de um recomeço, e pudemos contribuir com essa missão, que é alinhada ao nosso propósito de colaboração e parceria”, orgulha-se o presidente do Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais (Sintrauto/MG), Carlos Roesel.

O presidente da Cooperativa dos Transportadores de Automóveis e de Consumo do Estado de Minas Gerais (Coopercemg), José Geraldo de Farias - conhecido como Zé da Padaria - corrobora: “A nossa cooperativa se solidariza com as vítimas da região Sul do país, e, portanto, nos mobilizamos para ajudá-las. Alinhada ao seu propósito, a Coopercemg busca ser colaborativa em todos os sentidos. Por isso, não nos furtamos em atuar em uma causa nobre e que conta com o envolvimento de instituições sérias e legítimas na área social, como os Anjos do Asfalto e o Rotary”.

Para o presidente da Associação Particular de Ajuda ao Colega (Apac) Sul,ÊMarcio Arantes,Êa atuação em iniciativas com essa característica reforça o espírito solidário do setor. “Tradicionalmente, os transportadores se envolvem em causas sociais, pois estamos muito próximos da sociedade e somos uma categoria fraterna e solidária. Incentivamos a colaboração em todos os sentidos para a construção de um mundo melhor para todos”, afirma.

Glayson Pacheco, representando a diretoria da Prevenir Truck e da Prevenir Veicular, também participou da campanha. Ele conta que a Prevenir tem desde o seu nascimento uma visão humanitária. “Entendemos que proteção pode ser entendida em seu conceito mais amplo e, por isso, contribuímos. Muitas empresas utilizam doação para isenção de tributação, para benefícios fiscais e, em nosso caso, acreditamos na capacidade de uma rede de ajuda mútua para disseminar o bem-social”, diz.
A gerente regional de operações da Tegma, Virginia Helena Barroso, também reforça o compromisso da empresa em diversas ações humanitárias. “Apoiamos, por exemplo, a arrecadação de recursos para a compra de oxigênio para hospitais de Manaus durante a pandemia de Covid-19 e de cestas básicas para a população de Boa Vista, em Roraima. Além disso, desde 2008 participamos do programa Na Mão Certa, de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras”, diz a gerente regional.

A Unidas também apoiou a iniciativa dos Anjos do Asfalto, disponibilizando um veículo 4x4, que foi utilizado para fazer a entrega de fogões arrecadados para ajudar a população. “A empresa tem uma longa tradição de envolvimento em iniciativas humanitárias. Ao longo dos anos, contribuímos em diversas campanhas de solidariedade, como as arrecadações de alimentos, roupas e brinquedos para comunidades carentes e promovemos várias ações de voluntariado. Um dos projetos que apoiamos recentemente foi o “Jogo por um Teto”, em Curitiba, com o objetivo de construir moradias dignas para as comunidades curitibanas assistidas pela organização TETO Brasil. Além disso, apoiamos a iniciativa dos Anjos do Asfalto em outras ocasiões”, explica o diretor-executivo de marketing da Unidas, Antônio Guerardi.

O rotariano Dimas Fonseca, do Rotary Club de Contagem, sente-se agradecido por fazer parte da campanha. “Quando nosso amigo Geraldo publicou no grupo a necessidade dos fogões, não tive dúvidas. Fui o primeiro a me prontificar em ajudar. Ele é uma pessoa generosa e encantadora e, durante a presidência do nosso Rotary, fez uma excelente gestão e deixou um importante legado. Agradeço a Deus pela oportunidade de participar!”, afirma.

Patrícia Tiensoli, CEO da Total Transportes e Logística, negociou com a Via, fornecedora dos fogões, um preço melhor e a empresa também doou o frete. "Fiquei muto satisfeita com a iniciativa e com o resultado. E muito honrada por poder participar", afirmou.

Geraldo Eugênio Assis agradece todas as pessoas que colaboraram em diversas formas nessa missão humanitária: “Devido à nossa limitação de espaço e tempo de produção dessa reportagem, não é possível contemplar todas as pessoas que fizeram parte dessa rede de solidariedade. Agradecemos aos apoiadores, aos profissionais dos Anjos do Asfalto, aos voluntários locais, aos rotarianos e a cada vítima que, com o mais lindo olhar de gratidão, nos fez sentir honrados por ajudar. Recebam nosso muito, muito obrigado mesmo!”.

Impacto sem igual
O ciclone extratropical marcou a história da população do Vale do Taquari. Segundo dados da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, foram cerca de 5.000 desabrigados Ð pessoas que necessitam de abrigo público Ð e 21 mil desalojados - pessoas que estão em outras residências - em cem cidades afetadas pelas enchentes que atingiram o estado. Até o início de outubro, haviam sido registradas 50 mortes e oito pessoas ainda estavam desaparecidas.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) do Rio Grande do Sul realiza levantamento com objetivo de contabilizar quantas edificações possuem alterações que possam prejudicar ou apresentar riscos para seu uso: são prédios, casas, estabelecimentos comerciais e públicos. 

Após o referenciamento aéreo, a equipe da secretaria vai aos locais para avaliar aqueles que têm possibilidade de retorno após reforma, os que se tornam úteis novamente somente com uma limpeza e os que não apresentam nenhuma possibilidade de uso futuro, que estão condenados.

Escutando nesta reportagem, as vítimas das enchentes, é percebida a angústia daquelas que perderam seu lar e que ainda permanecem em abrigos. Por isso, ainda há uma equipe multidisciplinar para acolhê-las e para identificar as necessidades.
O Rotary Club de Lajeado-Engenho continua com campanha de ajuda às vítimas. 

Antônio Rodrigues de Oliveira, presidente da instituição, convoca a sociedade: “Somos muito gratos por toda a contribuição até o momento e solicitamos novamente a solidariedade de todos, pois ainda temos muito desafios. Esclareço que pode ser qualquer quantia e que todo o recurso é monitorado por uma comissão que, ao fim, realizará a devida prestação de contas. Tratamos como muita transparência e seriedade a gestão”.

 

 

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