Regulação em análise

Projeto de lei que regula o transporte autônomo de cargas no Brasil foi rejeitado pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, mas tramitação continua em outras comissões.

Mercado / 17 de Maio de 2017 / 0 Comentários
A- A A+

O Projeto de Lei (PL) 1.398, do deputado federal licenciado Osmar Terra (PMDB-RS) – atual ministro do Desenvolvimento Social e Agrário –, foi rejeitado pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, no fim de abril. O texto trata da regulação do transporte autônomo de cargas, estabelecendo uma reserva de mercado para transportadores individuais ou cooperados. Segundo o PL, embarcadores com carga média mensal superior a 200 toneladas devem transportar, no mínimo, 40% das cargas, utilizando transportadores autônomos.

A rejeição foi recomendada pelo relator, o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE). De acordo com ele, o estabelecimento dessa cota – estendida às cargas movimentadas por órgãos e entidades da administração pública, como estatais – contraria o princípio da livre concorrência. “Ao embarcador privado pressupõe-se a liberdade de contratar quem melhor lhe convier”, afirmou o parlamentar na época.

Outro ponto do projeto criticado por Patriota foi o dispositivo que limita em 20% a margem de lucro das empresas transportadoras em subcontratações de transportadores autônomos. “Quem dita os preços e as margens de ganho das partes dessa relação comercial são a oferta e a demanda”, salientou.

O relator também desaprovou o artigo 4º do PL, no qual está previsto que a União poderá conceder uma linha de crédito especial – legalmente chamada de “subvenção econômica” –, “por meio das instituições financeiras federais, para os transportadores autônomos de cargas, pessoa física, no limite individual de R$ 50 mil por CPF, carência de seis meses e prazo entre 24 e 48 meses para pagamento”. “É notória a crise fiscal por que passa o país”, ressaltou o deputado pernambucano, alegando que tal medida teria um impacto negativo sobre as contas do governo.

Defesa

Para Terra e os outros 11 deputados que apresentaram o projeto de lei em maio de 2015, no entanto, o objetivo é incentivar o transporte autônomo de cargas no Brasil através de medidas que foram consideradas prioritárias durante os debates da comissão externa criada pela Câmara para monitorar a paralisação nacional promovida pelos caminhoneiros em fevereiro, março e abril daquele ano.

Outra proposta do PL é que os valores de frete acertados entre embarcadores e empresas transportadoras (autônomas ou não) constem em um documento que será obrigatoriamente portado durante a viagem, adequando-se aos termos regulatórios da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O texto prevê ainda que os transportadores autônomos com renda anual superior a R$ 10 milhões possam renegociar dívidas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), contanto que a empresa seja do setor de transporte rodoviário de cargas e não tenha recebido subvenção de juros da União.

Conforme justificado pelos parlamentares que propuseram o projeto, a importância de tais medidas entrarem em vigor se justifica, entre outros fatores, pelos relatos feitos durante as audiências públicas referentes a subcontratações consideradas abusivas, “nas quais os transportadores funcionaram como meros atravessadores, com ganhos desmedidos sobre o valor contratado com o autônomo”.

Na conclusão, os 12 deputados afirmam que as mudanças apresentadas pelo PL são essenciais para o reequilíbrio do segmento de transporte de cargas brasileiro “por meio de estímulo à classe mais vulnerável, que são os transportadores autônomos”. Além de Osmar Terra, são autores do texto Hugo Leal (PROS-RJ), Jerônimo Goergen (PP-RS), Celso Maldaner (PMDB-SC), Sérgio Reis (PRB-SP), Pompeo de Mattos (PDT-RS), João Arruda (PMDB-PR), Valdir Colatto (PMDB-SC), Covatti Filho (PP-RS), Nelson Marquezelli (PTB-SP), Nilson Leitão (PSDB-MT) e Pedro Uczai (PT-SC).

O PL 1.398/15, que tramita de forma conclusiva na Câmara – sem necessidade de deliberação do plenário –, seguirá, agora, para análises da Comissão de Finanças e Tributação e da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. (Com informações da Câmara Notícias)

 

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião de Revista Entrevias. É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. Revista Entrevias poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.