Roubo e prejuízo

Balanço preliminar da NTC&Logística aponta redução de 15% nas ocorrências registradas em 2018. Número de casos, no entanto, ainda é assombroso no país.

Segurança / 14 de Maio de 2019 / 0 Comentários
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Mais de 22 mil ocorrências de roubos de cargas foram registradas no Brasil ao longo de todo o ano passado, conforme levantamento da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), após cruzamento de dados das Polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal (PRF). As informações – ainda não totalizadas – foram divulgadas pelo jornal “O Globo”. O consolidado será mostrado pela NTC&Logística, no 19º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, previsto para acontecer em 22 de maio, na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).

De acordo com a NTC&Logística, a ação dos criminosos causou um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões com as perdas dos veículos e das mercadorias transportadas por eles. Embora os números sejam assustadores, representam uma redução de 15% na comparação com 2017, quando foram contabilizados 25.970 roubos no país.

Uma das justificativas para esse recuo, segundo a entidade, foi a intervenção federal ocorrida na área de segurança do Rio de Janeiro, um dos Estados com maior incidência desse tipo de crime. Contudo, a repetição de casos por dezenas de milhares de vezes continua sendo motivo de muita indignação. “Admitir que tem 22 mil roubos de carga no país é um absurdo”, afirmou o responsável pelo levantamento, o assessor de segurança da associação, Paulo Roberto de Souza.

Ainda de acordo com Paulo Roberto, de 2012 para cá, o roubo de cargas passou a ser visto por quadrilhas de traficantes de drogas e facções criminosas como um modelo bem-sucedido de negócio, uma vez que a insegurança nas estradas e nas cidades facilita a ação dos ladrões. Além disso, os produtos roubados geram um retorno bastante lucrativo.

Há seis anos, tais ocorrências somaram 14.400 e continuaram subindo até chegarem ao recorde registrado no ano retrasado.

Expectativa e realidade

O mesmo seminário aconteceu em 2018. Na época, a Entrevias mostrou que os roubos de cargas causaram um prejuízo de R$ 1,57 bilhão. Somente os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo concentraram, juntos, 81,56% do total de casos de todo o Brasil.

As estatísticas dos dois territórios colocaram a região Sudeste no topo do ranking nacional de ocorrências desse tipo em 2017. No período, foram 22.212 episódios, que, somados, resultaram em um rombo de R$ 1,11 bilhão (71,3%). Na sequência, apareceu o Nordeste, com 1.514 registros (5,83%), o equivalente a uma perda de R$ 202,72 milhões (12,88%). Logo depois, veio o Sul, onde ocorreram 1.440 casos (ou 5,55% do total) e um prejuízo de R$ 152,66 milhões (9,7%).

O Centro-Oeste e o Norte brasileiros registraram, respectivamente, 640 (2,46%) e 164 (0,63%) ocorrências, responsáveis pelos desfalques de R$ 66,10 milhões (4,2%) e de R$ 34,51 milhões (2,19%), na mesma ordem.

As cargas geralmente mais visadas pelos criminosos, de acordo com o assessor de segurança da NTC&Logística, são as de produtos alimentícios, cigarros, combustíveis, eletrônicos, itens farmacêuticos, bebidas, confecções, produtos têxteis, autopeças e materiais químicos. “A situação é bastante preocupante e vem se agravando ano após ano. Medidas precisam ser tomadas com urgência para viabilizar o transporte com segurança no país”, afirmou Souza durante o seminário realizado em 2018.

Perspectivas

A esperança do setor de transporte, conforme destacado na matéria de “O Globo”, é que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) tire do papel o plano nacional de segurança pública aprovado no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

Enquanto isso, a PRF e o Ministério da Justiça rebatem as críticas e asseguram que ampliaram as ações de inteligência que visam à prisão de criminosos, a fim de evitar que os roubos de cargas aconteçam. Segundo os dois órgãos, a redução no levantamento preliminar apresentado neste ano (referente a 2018) já seria uma amostra do resultado desse trabalho.

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