Roubos de carga estão em alta novamente

Alimentos e combustíveis aparecem na lista dos preferidos pelas quadrilhas, segundo levantamento

Segurança / 18 de Julho de 2022 / 0 Comentários
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O roubo de cargas voltou a crescer no Brasil em 2021. É o que aponta uma pesquisa divulgada pela Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). O total de registros teve um aumento de 1,7% no ano passado, passando de 14.150 em 2020 para 14.400.

A maioria dos casos continua concentrada no Sudeste, com 82% das ocorrências. O Sul aparece em seguida, com 6,82%; depois, o Nordeste, com 5,44%; o Centro-Oeste, com 3,66%; e o Norte, com 1,42%. Ao todo, foram roubados mais de R$ 1,2 bilhão em mercadorias.

O presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, afirmou que, desde 2017, quando foram registrados os maiores índices de roubos de carga no país, os dados começaram a cair anualmente. Naquele ano, foram registradas 25.950 ocorrências. “Mesmo assim, sempre deixamos claro à sociedade que o problema continua impactando bastante os custos das transportadoras, afinal, ainda há milhares de ocorrências acontecendo. Por isso, trabalhamos em conjunto com as autoridades de segurança pública e com o governo federal para diminuir ano a ano esses números”, garantiu.

As mercadorias mais visadas pelas quadrilhas, segundo a pesquisa, são alimentos, combustíveis, produtos farmacêuticos, autopeças, materiais do setor têxtil e de confecção, cigarros, eletroeletrônicos, bebidas e defensivos agrícolas.

 

Causa e efeito

Desde 2006, está em vigor no Brasil a Lei Complementar nº 121, que instituiu o Sistema Nacional para o Combate ao Roubo e ao Furto de Cargas. Segundo o vice-presidente de segurança da NTC, Roberto Mira, por meio dessa matéria foi possível viabilizar mais recursos humanos e tecnológicos para coletar dados, identificar as razões de cada ocorrência e também propor soluções que integrem o Poder Executivo e as polícias em todas as esferas. “Dessa forma, apesar de termos muito trabalho a fazer, estamos em uma situação privilegiada na história para lidar com esse desafio”, avaliou.

Para ele, o retorno às atividades econômicas a partir da redução dos casos de Covid-19 no país contribuiu para o aumento das ocorrências de roubos de carga. Com a retomada, houve um incremento no fluxo de mercadorias em circulação nas rodovias. “Com a inflação elevada por causa de fatores internos e externos, certos produtos ficaram muito valiosos e atrativos para os grupos organizados”, disse Mira, em referência aos alimentos e aos combustíveis, principalmente.

A saída, de acordo com os especialistas, é manter o fortalecimento dos órgãos de segurança pública, tanto estaduais quanto federais, e do relacionamento deles com as empresas, sobretudo as dos setores mais afetados. “Os sistemas de rastreamento e de verificação de qualidade do transporte também foram essenciais para administrarmos essas interferências. Nossos empresários demonstram um grande interesse pelo que há de moderno, razão pela qual as áreas de gerenciamento de risco nas transportadoras estão cada vez mais bem-equipadas e preparadas”, destacou Mira.

 

Outros dados

Em abril, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou a Pesquisa CNT Perfil Empresarial, que mostra que o roubo de mercadorias está entre as maiores preocupações dos empresários do transporte rodoviário de cargas. Mais de 62% dos transportadores entrevistados disseram que o roubo é o fator que causa mais aflição.

“O elevado número de ocorrências expõe o transportador a uma situação de risco. O prejuízo decorrente dos roubos tende a encarecer o serviço oferecido e o preço final dos produtos transportados, onerando, em última instância, o consumidor”, ressaltou o presidente da CNT, Vander Costa.

Com esse resultado, a instituição pretende contribuir com a elaboração de estudos e pesquisas para o setor.

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