Salvamento de risco

Piloto do Corpo de Bombeiros realiza manobras arriscadas com muita habilidade para buscar turista que caiu em cachoeira.

Profissional / 15 de Fevereiro de 2017 / 0 Comentários
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Um rapaz do Rio de Janeiro cai da cachoeira das Andorinhas, na Serra do Cipó, na região Central de Minas. Em pouco tempo, chega o resgate, uma equipe no helicóptero Arcanjo 2 do Corpo de Bombeiros. Uma parte no solo, entre as pedras, atende ao turista e o acolhe. Para prosseguir com o atendimento médico em Belo Horizonte, a aeronave faz o que impressionou todos que assistiram às cenas. Com cuidado e habilidade, o piloto conduz o helicóptero até o veículo pairar no ar por minutos, bem perto da cachoeira, a fim de que a tripulação entre com o novo passageiro. Venta muito na hora do salvamento, o que dificulta a operação.

A cena foi filmada por turistas que estavam no local, parou nas redes sociais e na mídia, e foi visualizada por milhares de pessoas. A Entrevias foi atrás do piloto, o capitão do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Kleber Silveira de Castro.

Naquele salvamento, no fim de janeiro deste ano, a corporação recebeu o chamado e, com as informações que foram repassadas, seguiu para a missão com uma equipe aeromédica, composta naquele dia pelo piloto, o sargento Vinícius Lima, o médico Guilherme Machado e o enfermeiro Paulo Henrique, os dois últimos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Chegamos ao local e vimos que seria complicado e cogitamos a possibilidade de voltarmos à base para buscarmos mais bombeiros”, conta Kleber.

Segundo ele, na chegada, a equipe pousou perto da cachoeira, mas a cerca de 20 minutos de caminhada. O sargento Lima e a equipe do Samu foram até o local do acidente iniciar o atendimento médico e também identificar o espaço. O sargento fez, então, uma filmagem da área aonde a aeronave chegaria. “Ele me mostrou o vídeo, conversamos sobre as possibilidades de aproximação e sobre como seria a missão. Depois de alguns minutos de planejamento, decolamos para o voo, que foi filmado por um dos banhistas que estavam na cachoeira. Tudo saiu como planejado”, orgulha-se o capitão.

O vídeo feito por um amador mostra a aeronave chegando bem perto do paredão de pedra. Para conseguir que a tripulação entrasse com o passageiro, foi necessário chegar bem perto do chão, o que chamou a atenção dos banhistas.

O turista caiu de uma altura de cerca de 10 metros, de acordo com relatos do Corpo de Bombeiros no dia do acidente. A cachoeira fica dentro do Parque Nacional da Serra do Cipó, em Jaboticatubas. O rapaz sofreu fratura na perna, e a equipe dos bombeiros o encaminhou para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. No dia seguinte, ele teve alta.

Esse tipo de missão, segundo o capitão do Corpo de Bombeiros, é feito por equipes que passam por treinamentos constantes. “O treinamento é o guia de segurança das operações do BOA. Toda a missão foi segura e controlada, mas sempre há risco em missões aéreas fora de aeroportos ou helipontos homologados”, explica Silveira.

Os acidentes de veículos são os mais comuns no atendimento do batalhão, conforme o capitão diz. Criado em 2007, o BOA opera hoje com dois helicópteros modelo Esquilo, um EC-145 e um avião Cessna. Batizada de “Esquadrilha Arcanjo”, a unidade do Corpo de Bombeiros atende a todo o Estado por meio dos comandos operacionais. O Esquilo é um helicóptero multimissão, que atua no combate a incêndios florestais e realiza transporte aeromédico e ações de defesa civil. O EC-145 foi adquirido pela Secretaria de Estado de Saúde e se tornou o Arcanjo 4 do Corpo de Bombeiros. Ele é responsável por transportes de órgãos, entre hospitais, atendimento pré-hospitalar, buscas e salvamentos.​

Capitão Kleber Silveira de Castro, do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) Esse tipo de salvamento é comum no cotidiano da corporação? 

Sim. Por vezes, a Esquadrilha Arcanjo é acionada para providenciar salvamentos em locais de difícil acesso, mesmo onde seria possível o salvamento por terra, mas com o risco aumentado por conta do terreno muito irregular. Com o emprego da aeronave, a missão é otimizada, e pode-se resolver a situação em um tempo consideravelmente menor.

 Foi necessária uma habilidade técnica específica para aquele salvamento?

T​odos os pilotos do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) passam por um extenso e completo programa de treinamento para missões de alta complexidade. Há técnicas e abordagens diferentes para cada situação. Portanto, sim, foi utilizada uma técnica para aproximação em local restrito.

 Que tipos de salvamentos são mais difíceis, de acordo com sua experiência? 

C​om certeza, este tipo, o de salvamento em locais restritos. Especificamente nesse, havia muito vento soprando cachoeira abaixo, e, quando giramos a aeronave, o  ento de cauda dificulta em muito o voo pairado. 

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