“Temos que fazer um trabalho de inteligência”

Delegado Wagner Pinto de Souza está à frente da Polícia Civil de Minas Gerais e conta os desafios da pasta em sua gestão

Entrevista / 15 de Abril de 2019 / 0 Comentários
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Com uma vasta experiência na Polícia Civil de Minas Gerias, o delegado Wagner Pinto de Souza foi escolhido para chefiar o órgão na atual gestão do governo do Estado. Servidor público desde 1986, Wagner foi investigador de homicídios por dez anos e, depois, tornou-se delegado.

Primeiramente, assumiu a delegacia da comarca de Abre Campo, na região Central. Em seguida, foi titular da 3ª Delegacia Especializada de Homicídios, passou pela Delegacia de Crimes contra a Vida, onde chefiou o Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa, e chegou ao Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico. Em 2010, esteve à frente da investigação da morte de Elisa Samudio, caso de repercussão internacional envolvendo o goleiro Bruno Fernandes

Wagner Pinto foi empossado no dia 2 de janeiro pelo governador Romeu Zema. Segundo ele, o foco do trabalho será a promoção da segurança pública, melhorando os índices de violência registrados. “Estamos motivados e trabalhando com afinco para fortalecer ainda mais a Polícia Civil de Minas. Vamos investir em nossos servidores e em inteligência investigativa para que tenhamos uma polícia judiciária forte, que dê as prontas respostas necessárias à população mineira. Para tanto, temos o apoio do governador, e, de forma coesa, alcançaremos as metas e os objetivos de melhoria constante na segurança pública de Minas Gerais”, disse o delegado no dia da posse, ao se tornar o dirigente máximo do órgão.

O delegado conversou rapidamente com a Entrevias e falou sobre suas propostas para a área de transporte. Minas Gerais é o Estado de maior malha viária, e a Polícia Civil atua diretamente nas rodovias. Segundo ele, há a intenção de se criar dentro da corporação um núcleo específico para investigar crimes como roubo de cargas e de caminhões. Vai depender, conforme ele disse, da quantidade de pessoal disponível, sinalizando que é preciso realizar concurso para recompor os quadros da Polícia Civil no Estado de Minas Gerais.

Entrevias: A Polícia Civil é um dos órgãos mais descentralizados do Estado, ou seja, com presença nos municípios. Qual é a atuação da Polícia Civil nas estradas de Minas? 

Wagner Pinto: A Polícia Civil tem grande preocupação com o fluxo viário, tendo em vista que a maior malha rodoviária do país é a de Minas Gerais. Dessa forma, é um escoadouro tanto de cargas subtraídas, desviadas, roubadas, furtadas como também do tráfico de drogas e do fluxo de armamentos ilegais. Há sim uma preocupação. De forma estratégica, vamos fazer um trabalho conjunto com a polícia rodoviária para a fiscalização intensa desse escoadouro de produtos ilícitos.

Minas Gerais é um Estado com alto índice de roubo de cargas. Há medidas efetivas para combater e coibir esse tipo de crime nas estradas? Nesse caso, a Polícia Civil atua juntamente com outros órgãos de segurança?

Nosso objetivo é oportunamente, quando tivermos recursos humanos necessários, montar uma divisão de repressão ao desvio e ao roubo de cargas. Sabemos que esse tipo de crime – roubos de medicamentos, eletrodomésticos, alimentos e bebidas – vem se intensificando. Temos uma preocupação nesse sentido e vamos buscar coibir a criminalidade, fortalecendo o trabalho por meio do Departamento de Patrimônio (Delegacia Especializada de Investigação de Crimes contra o Patrimônio), mas o objetivo é futuramente criar uma divisão para atender a essas demandas.

Qual a principal preocupação com relação a esse tema e como ele será tratado em sua gestão?

Priorizamos um trabalho integrado tanto com a Polícia Militar quanto com as polícias rodoviárias federal e estadual. Também temos que fazer um trabalho de inteligência, verificando, fazendo geoprocessamento sobre onde ocorrem os ilícitos, as rotas de entrada e de saída desses produtos no Estado, e, dessa maneira, atuar de modo estratégico, buscando reduzir a criminalidade nas rodovias.

Qual o principal desafio de sua gestão à frente da Polícia Civil?

O principal desafio é justamente buscar uma reestruturação da Polícia Civil. Passamos por um momento caótico, em que nossos recursos humanos estão bastante escassos. Precisamos urgentemente de concurso público, para delegados, escrivães, investigadores, médicos, legistas e peritos criminais, a fim de reestruturar a Polícia Civil no sentido humano. Também vamos buscar incrementar a corporação com equipamentos voltados para a inteligência. Hoje não se faz mais investigação policial sem o serviço de inteligência. Então, queremos equipar o setor e reduzir a criminalidade violenta.

Há alguma área da Polícia Civil que necessita de mais investimentos e terá um olhar especial em sua gestão? 

O investimento tem que ser lato (não restrito). Nós temos nossas prioridades. O bem maior do ser humano é a vida. Então, o crime doloso contra a vida tem que ser bem investigado. Temos uma preocupação de reduzir a criminalidade nos homicídios, mas hoje sabemos que a sensação de segurança passa pelo crime de natureza patrimonial. Hoje, o cidadão está à mercê do criminoso principalmente nos crimes patrimoniais, desde os de menor potencial, como furtos a transeuntes, de celulares e objetos pessoais, aos das grandes organizações, como os roubos a caixas eletrônicos e de cargas. Então, nós temos que trabalhar no sentido de minimizar esse problema.

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