Trabalho reconhecido

Carlos Roesel, presidente do Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais (Sintrauto), recebe Medalha de Honra ao Mérito do Transporte

Entrevista / 24 de Setembro de 2014 / 0 Comentários
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O presidente do Sintrauto, Carlos Roesel, recebeu uma bela homenagem durante o 16º Encontro Mineiro do Transporte Rodoviário de Carga (EMTRC) e a Feira Internacional do Transporte Minastranspor 2014, em agosto, no Expominas, em Belo Horizonte. A Medalha de Honra ao Mérito do Transporte homenageou nomes de destaque no cenário do transporte rodoviário de cargas e foi dividida em sete categorias: empresa, empresário, jornalista, líder classista, político,
post-mortem e, pela primeira vez, a medalha para o destaque jurídico. 

Carlos Roesel foi agraciado com a medalha Líder Classista e a Entre-Vias contou o que considera ser o motivo da homenagem. Roesel está no movimento sindical desde os 22 anos e disse que receber a medalha reforçou sua missão. “Para mim, ficou claro que minha missão está sendo cumprida de maneira exímia”, afirmou. Também defendeu o que motiva suas lutas mais recentes: ajustes na Lei 12.619, a Lei do Descanso. “Fiz um trabalho em Brasília com o apoio de outras lideranças para atingirmos um modelo adequado à nossa realidade”, disse. Confira a seguir a entrevista completa e na página 40 as fotos do evento.

Entre-Vias: Durante a Minastranspor, o senhor recebeu a Medalha de Honra ao Mérito do Transporte, na categoria líder classista, eleito por unanimidade. O que significa, para o senhor, esse reconhecimento?

Carlos Roesel: Foi com grande satisfação que recebi a medalha, ainda mais vindo de instituições tão respeitadas. Para mim ficou claro que minha missão está sendo cumprida de maneira exímia. 

Como avalia a Lei 12.619/2012? Quais seus principais entraves para entrar plenamente em vigor?

A Lei 12.619 é muito positiva para os trabalhadores e empresas de transporte. No entanto, ela precisava de ajustes. Fiz um trabalho em Brasília com o apoio de outras lideranças para atingirmos um modelo adequado à nossa realidade. A partir da aprovação dessas alterações, podemos afirmar que a lei não somente será um grande avanço para o setor, como também possível de ser cumprida.

Quais são as mudanças necessárias na lei, o que já foi conquistado e como participou desse processo?

Conseguimos elaborar um projeto que com certeza vai satisfazer todas as partes. Vários itens foram discutidos e reavaliados. Posicionei-me de maneira dedicada às alterações sugeridas. Visitei gabinetes de diversos deputados, busquei apoio junto aos senadores e consegui levar adiante um conceito único das mudanças propostas. Praticamente me mudei para Brasília nestes últimos tempos, mas ainda falta muito trabalho até que consigamos atingir nosso objetivo.

O setor de transporte está preparado para colocar a lei em prática?
Com as alterações, sim. Claro que devemos, nesse meio-tempo, melhorar muito nossa infraestrutura. Mas da maneira anterior era impossível que os transportadores e os caminhoneiros cumprissem a lei.

Hoje, quais as principais reclamações do trabalhador do transporte (pedágio alto, estradas ruins, falta de segurança, entre outros)?

Todos os citados na pergunta são problemas que afetam o setor. São décadas de descaso com a categoria e com a malha rodoviária. Mas algo que vem atormentando demasiadamente a todos é a falta de segurança. Se nos grandes centros urbanos não existe segurança, imagine nas rodovias?

Como começou sua participação no movimento sindical?

Tenho uma história familiar de luta sindical. Meu pai, Heinz Roesel, era professor cursou engenharia, dava aulas de matemática, porém foi para o transporte por gostar. Ao verificar diversas irregularidades, resolveu criar uma associação. Daí por diante, até chegar ao sindicato, só tenho que me orgulhar dele. Em determinado momento, assumi, junto a outros companheiros da época, a secretaria-geral do Sindicato dos Cegonheiros de Minas Gerais. De lá para cá, foram muitos aprendizados. O apoio da categoria e a valorização do meu trabalho e da minha diretoria me proporcionaram uma larga experiência.

Você exerceu um cargo no sindicato com apenas 22 anos, como secretário-geral. Qual foi o principal aprendizado durante esse tempo?

Na época era muito difícil. Não existia  diálogo. As greves eram constantes e com elas os riscos de ser preso e processado. Daí fui criando um conceito de que o melhor caminho é a negociação. Hoje não existem mais greves no setor. Mas com persuasão e dedicação consigo resolver os problemas da categoria, com diálogo e bom senso.

Está à frente do Sintrauto como presidente há dois mandatos. O que considera a maior conquista para a categoria? E quais os principais desafios?

A redução dos acidentes de trânsito, com certeza, foi uma grande conquista. Com o acompanhamento do sindicato e a aprovação dos associados, criamos um sistema de limite máximo de velocidade. Ao ser ultrapassado, o motorista e o proprietário do caminhão recebem uma punição. Com isso, os veículos não ultrapassam a velocidade e a redução de acidentes foi inevitável. Por mês, eram mais de 10 ocorrências. Atualmente, elas praticamente não existem.​

Vemos entidades incentivando e convocando empresas a ajudar na formação do profissional motorista. É um trabalhador que está em falta no mercado? O sindicato tem visto essa deficiência no setor? E como esse profissional deve chegar ao mercado?

Hoje existem cursos para que o profissional se torne apto a dirigir um caminhão. O mercado evoluiu. Aquele motorista sem conhecimento do valor que tem a sua profissão está fora do mercado. Todos devem entender e investir para que essa situação se consolide. Afinal, são pais de família que cruzam com outros pais de família nas estradas. Todos devem pensar positivamente e serem profissionais para que a violência no trânsito acabe. Só um profissional qualificado é capaz de entender isso. Nós estamos fazendo a nossa parte. E hoje o setor se orgulha de ter uma das melhores frotas do país e praticamente ter acabado com os acidentes de trânsito. Vidas foram salvas e profissionais se sentem seguros em sua jornada de trabalho.

Teremos uma mudança, em 2015, nas bancadas legislativas nas esferas estaduais e federal. O que espera dos próximos deputados estaduais, federais e senadores? O mesmo no Executivo, qual deve ser a prioridade, em relação ao transporte, do presidente e governadores que tomarem posse em 1º de janeiro?

É importante ressaltar que hoje estamos mais estruturados. Pude sentir isso nesta luta pela alteração da Lei 12.619. Diversas lideranças sérias que, às vezes, falavam a mesma coisa com uma linguagem diferente. Fui escolhido para ser o porta-voz de grande parte dessas lideranças.
Com isso, pude perceber que nosso setor pode fazer muita pressão para que sua realidade mude. Todos aqueles que estiverem nos cargos públicos devem entender que o transporte é o meio de locomoção de nossas cargas e nossos bens de consumo. Para que isso seja feito de maneira equilibrada, a relação custo-benefício deve ser boa para todos. Temos excessivos custos devido a uma estrutura péssima, seja nos portos, seja nas estradas, seja nos centros urbanos. Da mesma forma, só conseguiremos manter a sobrevivência do transporte com uma boa renumeração. Não é fácil e simples manter um caminhão na estrada. Podemos, com nossa força, eleger um deputado e até um presidente da República. Aos poucos, vamos nos organizando para que nossos direitos possam ser garantidos. Estar à frente da bancada dos transportes é muito mais que uma missão. É estar por dentro de todas as particularidades de cada setor e buscar uma solução viável para que os problemas sejam resolvidos. Conto com o apoio dos que virão a ocupar os cargos públicos a partir de 2015, para olharem o transporte com bons olhos. E assim possibilitarem que cada vez mais possamos nos aperfeiçoar e fazer nosso papel de transportar o país de norte a sul.

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