UMA REFLEXÃO SOBRE MODAIS DE TRANSPORTE

Artigo / 28 de Maio de 2014 / 0 Comentários

*José Aparecido Ribeiro é consultor em Assuntos Urbanos e Mobilidade e presidente do Conselho Empresarial de Política Urbana da ACMinas

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                                                                        POR JOSÉ APARECIDO RIBEIRO*

 

Em entrevista à imprensa, o governador do Estado de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, revela sensibilidade e conhecimento de causa ao eleger como prioridade do seu governo a mobilidade urbana. Tema que afeta a vida de milhões de pessoas, sobretudo na região metropolitana de BH, em especial os municípios ligados umbilicalmente à capital, cujos moradores dependem de deslocamento rápido para o trabalho, lazer e educação. O governador, pela primeira vez, reconhece oficialmente a existência de dois modais de transporte que até aqui foram ignorados pela Prefeitura de Belo Horizonte, mas que são comprovadamente e reconhecidamente os mais recomendáveis pela comunidade de engenharia, para a solução de transporte da cidade e da região metropolitana. Ambos não são fabricados sobre rodas e não usam combustíveis fósseis: monotrilho e veículo leve sobre trilhos (VLT).

As experiências asiáticas, europeias, norte-americanas e até mesmo em São Paulo mostram que são opções viáveis economicamente e servem como alternativa ao metrô e ao transporte rápido por ônibus (BRT), já que consomem poucos recursos na construção se comparados ao metrô. Cidades com índices crescentes de motorização, como Belo Horizonte, necessitam de modais de transporte que não roubem espaço (cada vez mais escasso). O custo elevado de construção do metrô, que consome R$ 450 milhões, em média, por quilômetro construído, torna sua execução cada vez mais questionável na capital mineira. Até aqui, por desconhecimento da sua realidade técnica, ele foi usado como promessa de campanha, mas está cada vez mais distante da realidade econômica dos cofres públicos.

Nesse cenário, surge o monotrilho – espécie de metrô elevado –, que oferece diversas vantagens sobre o convencional, pois transporta até 1.070 passageiros por composição/hora-pico/sentido, o que equivale a 48 mil passageiros por hora. Seu custo de construção é quatro vezes menor (R$ 100 milhões por quilômetro) e o prazo de entrega é nada menos do que cinco vezes mais rápido, exigindo poucas desapropriações, podendo ser construído no período noturno e com a vantagem de ter design moderno e futurista. As vantagens são incomparáveis. Isso é fato.

O VLT, que também tem vantagens sobre o metrô nas partes planas da cidade, pode ser uma alternativa complementar, com baixo custo de implantação e apelos de conforto superiores ao BRT, capaz de provocar mudanças de comportamento, sobretudo, em quem tem o hábito de usar o carro.

Monotrilho e VLT, juntos, são alternativas modernas, recomendadas pela engenharia de ponta e não conflitam com os interesses de empresários de ônibus. Ambas precisam ser consideradas com a urgência com que o tema foi colocado na pauta do governo.

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