Você é feliz?

No Dia Internacional da Felicidade, especialistas apontam qual o segredo para uma vida plena e alegre

Saúde / 04 de Abril de 2018 / 0 Comentários
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Você é feliz? Pergunta difícil de ser respondida quando nos lembramos do mundo em que vivemos hoje, cheio de mazelas ambientais, políticas e econômicas, as quais impactam a vida de todos. A busca pela felicidade é cada vez mais objeto de estudo por especialistas em neurociência, e a conclusão é quase sempre a mesma: precisamos de muito pouco para alcançar o objetivo de ser feliz. Em 20 de março é comemorado o Dia Internacional da Felicidade, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012 e que representa para a entidade um dos nortes da humanidade.

Recentemente, o Relatório Mundial da Felicidade de 2018 apontou a Finlândia como o país mais feliz do mundo. O documento considera 156 países e foi encomendado pela ONU ao Instituto de Pesquisa da Felicidade, de Copenhague. Ele analisa variáveis como auxílios sociais, Produto Interno Bruto, expectativa de vida, transparência nas ações governamentais, ausência de corrupção, liberdade, generosidade, e, neste ano, foi acrescentada a qualidade de vida dos imigrantes.

O Brasil aparece na 28ª colocação do ranking, entre Panamá e Argentina. Atrás da Finlândia estão Noruega, Dinamarca, Islândia, Suíça, Holanda, Canadá, Nova Zelândia, Suécia e Austrália. A Venezuela aparece em 102º colocação, último entre os países da América Latina. Isso se deve à difícil situação política, social e econômica que enfrenta há anos e que tem obrigado cidadãos a migrarem para o Brasil (veja matéria de capa). O relatório mostra que a migração na América Latina acontece por conta da insatisfação com contextos onde não há liberdade política e existem problemas econômicos.

O importante, afirmam cientistas, é que as relações sejam saudáveis

Mas, afinal, o que é preciso para ser feliz? Especialistas de todo o mundo elencam pontos importantes para a conquista desse bem-estar pleno, e muitos concordam que dinheiro não traz felicidade nem manda buscar, como popularmente se diz. A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, por exemplo, realizou um trabalho por 76 anos em busca de respostas sobre a felicidade. O Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto acompanhou 700 jovens durante toda a vida. Foram monitorados os estados físico, mental e emocional deles.

Em palestra nos EUA, o atual diretor do estudo, o psiquiatra americano Robert Waldinger, disse sobre o que as pessoas buscam e, segundo revela a pesquisa, o que realmente faz a diferença. “Vemos pessoas ricas, famosas, que constroem impérios com o trabalho. E nós acreditamos nessa história. Recentemente, foi feita uma pesquisa com jovens em que perguntaram quais as metas mais importantes da vida deles. Mais de 80% falaram que a maior meta de suas vidas é obter riqueza. Outros 50% disseram que a segunda meta era ganhar fama. Constantemente, as pessoas nos dizem para nos dedicarmos mais ao trabalho, para darmos o melhor de nós mesmos a fim de conseguirmos mais. É dada a impressão de que essas são as coisas das quais precisamos para termos uma vida boa. Mas isso é verdade? É isso mesmo que mantém as pessoas felizes?”, indaga.

O cientista revelou: “A mensagem mais clara que nós temos a partir desse estudo de 75 anos é que bons relacionamentos mantêm as pessoas felizes e saudáveis. Ponto-final”. Com a pesquisa, segundo ele, foram retiradas três grandes lições. A primeira é que conexões sociais são realmente boas para as pessoas e que a solidão mata. “As pessoas socialmente conectadas à família, aos amigos e à comunidade são mais felizes”, destaca.

A segunda grande lição é que não é a quantidade de relacionamentos que importa, mas a qualidade deles. “Viver no meio de conflitos é muito ruim para nossa saúde”, diz.

E a terceira é que bons relacionamentos protegem não só os corpos, mas também o cérebro.

Relação com o dinheiro

Outro estudo, realizado pela Universidade da Califórnia, envolvendo 80 universitários, mostrou que as pessoas felizes são respeitadas e admiradas por colegas e amigos, independentemente das classes econômica e social a que pertencem. Foi identificado que mesmo os jovens que conquistavam um salário maior quando entravam no mercado de trabalho estavam menos felizes por não serem respeitados pelos colegas. Segundo o responsável pelo estudo, o pesquisador Cameron Anderson, novamente o círculo social se apresenta importante.

Por fim, o maior estudioso no mundo da chamada psicologia positiva, o psicólogo americano Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia, atribui a felicidade à soma de três fatores: prazer, engajamento e significado. Em entrevista à revista “Time”, Seligman explica que o grande problema da sociedade contemporânea na busca pela felicidade é se concentrar apenas no pilar do prazer. “Engajamento e significado são muito mais importantes”, pontua.

O prazer, segundo ele, trata-se daquela sensação boa quando se dança uma boa música, quando se contempla o mar, durante o sexo ou mesmo diante de uma boa comida. O engajamento significa a profundidade do envolvimento entre a pessoa e sua vida, se ela participa ativamente do mundo. E significado é a sensação de que fazemos parte de algo maior, algo ligado ao altruísmo e à vontade de ajudar. Para Seligman, a regra básica também é ter amigos. “Ter amigos conta pontos nos três pilares. Eles trazem, ao mesmo tempo, prazer, engajamento e significado para nossas vidas”, finaliza.

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