Voluntários em ação

Filiado à Volunterminas, grupo de Pitangui, na região Central do Estado, realiza importante trabalho de atendimento a vítimas e recebe apoio da população

Mobilização / 27 de Março de 2019 / 0 Comentários
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Na edição de janeiro, a Entrevias mostrou com destaque, na matéria de capa, a importância do trabalho voluntário de resgate em Minas Gerais e as consequências enfrentadas por muitos grupos após a publicação da Portaria 33 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, que determina a atuação exclusiva de médicos, enfermeiros ou técnicos de enfermagem em atendimentos de emergência pré-hospitalares. Neste mês, vamos mostrar o trabalho da Associação Humanitária de Serviços Sociais Voluntários de Pitangui – também conhecida como G3 –, filiada à Associação de Bombeiros Voluntários e Equipes de Resgate Voluntário do Estado de Minas Gerais (Volunterminas).

A história do grupo teve início com a ida de Edson Eduardo Souza para a Mineração Turmalina, em Conceição do Pará, no Centro-Oeste mineiro, município a cerca de 20 km de Pitangui, na região Central – antes, ele trabalhava na mina São Bento, em Santa Bárbara, também no centro do Estado. Experiente como instrutor de resgate na área de mineração, em 2011, Souza decidiu lançar e, ao mesmo tempo, assumir o desafio de formar uma equipe de socorristas a partir dos conhecimentos que tinha.

A proposta era ensinar o que sabia àqueles que se voluntariassem para que, dentro de quatro a cinco meses, eles pudessem começar a atuar na região. “Foi assustador, porque apareceram umas 30 pessoas interessadas, muito mais do que eu esperava”, relembra o atual presidente e coordenador operacional do G3 e vice-presidente da Volunterminas.

Desse grupo inicial, 21 integrantes começaram de fato a exercer o papel de voluntários em resgates. Entre eles, havia motorista de ambulância da prefeitura, enfermeiras, técnicos em enfermagem, empresários e até um vereador. Para Souza, a certeza de que estava no caminho certo e de que precisava continuar o trabalho veio com a triste notícia da morte de um amigo após um grave acidente de moto na cidade. Segundo o fundador da associação pitanguense, a vítima permaneceu caída no chão por mais de 40 minutos à espera de socorro e acabou não resistindo. 

Na prática

O G3 começou, então, a tomar forma e, em abril de 2012, foi oficial e documentalmente fundado em Pitangui – inicialmente como filial do Grupo de Atendimento Voluntário Emergencial (Gave) de Nova Era, que Souza também ajudou a criar. No primeiro ano, eles contavam apenas com um automóvel de passeio adaptado; mais tarde, o prefeito do município passou a emprestar uma ambulância aos voluntários das 18h às 4h, diariamente.

“Um horário louco, mas era o que eu tinha no momento para que as pessoas confiassem no trabalho”, afirma o presidente da associação. E o crescimento veio mesmo. Com dois anos de operação, o G3 deixou de ser filial para se torna uma matriz e, hoje, conta com uma sede própria ao lado da Câmara Municipal e com 32 voluntários, entre bombeiros civis, técnicos de enfermagem, médico regulador, empresários, comerciantes, motoristas de ambulâncias e enfermeiros. A média mensal de atendimentos, que era de 200 há sete anos, agora varia de 980 a 1.000.

“Trabalhamos preventivamente. Nunca fechamos as portas. São 24 horas por dia, sete dias por semana e 365 dias por ano. Pelo estatuto, nossa área de atuação é a mesma da Polícia Militar: na BR-352, de Pará de Minas a Martinho Campos; em Conceição do Pará, também nessa rodovia; em Onça do Pitangui, Pitangui e estradas vicinais; em parte da BR-494 quando necessário; e nas MGs 305 e 423”, elenca.

Com a importância devidamente reconhecida na região, o G3 é mantido por meio de doações de empresários e da população, além de parcerias com a Prefeitura de Pitangui e outros órgãos. O aluguel da casa onde funciona a base da associação é inteiramente custeado por uma instituição financeira, e, atualmente, três ambulâncias e uma “motolância” são utilizadas nos atendimentos. 

Ajustes

Sobre a dificuldade – em alguns casos, impossibilidade – que alguns grupos voluntários de resgate têm enfrentado em Minas devido à Portaria 33 dos bombeiros, o vice-presidente da Volunterminas garante que a situação do G3 é diferente. De acordo com Souza, eles já estavam alinhados com grande parte do texto, o que permitiu que os trabalhos continuassem sem grandes problemas.

Uma adequação feita foi a mudança no nome (antes, era Grupo de Atendimento e Apoio Voluntário Emergencial do Centro-Oeste Mineiro) e em nomenclaturas que apareciam na primeira página do estatuto, que davam a entender que eles eram bombeiros, conforme informado pelo coordenador operacional.

“Não sou contra a portaria, mas ela deveria dar um respaldo a entidades sérias e qualificadas. Tenho uma ambulância classe C, equipamentos de busca e salvamento para resgate aquático e de altura. Pela lei, não dependo de um técnico, um enfermeiro ou um médico na minha viatura. Isso ficou meio confuso, porque minha qualificação primária, pelo meu CNPJ [Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica], é de serviço de urgência e emergência, exceto UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. Jamais vamos querer ocupar o lugar dos bombeiros. Ao contrário, somos parceiros”, garante o presidente da associação de Pitangui.

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