Menos roubos, valores mais altos

Ocorrências de roubos de cargas tiveram redução em 2024, mas valor das mercadorias subtraídas aumentou mais de 20%

Editorial / 09 de Maio de 2025 / 0 Comentários

insegurança nas rodovias é um dos maiores entraves para o setor de transporte de cargas no país

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O número de ocorrências de roubo de cargas diminuiu 11% no Brasil no ano passado, quando foram feitos 10.478 registros, e 59,6% na comparação com 2017. Mas, antes mesmo de esboçar uma comemoração, o setor se deparou com dados alarmantes: o valor das mercadorias subtraídas aumentou 21% em 2024, chegando a R$ 1,21 bilhão. O balanço foi divulgado pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) no fim de fevereiro.

O contraponto evidencia, além da falta de segurança, a estratégia adotada pelos criminosos, que vêm se contratando nos produtos de maior valor, como medicamentos, eletrônicos e insumos industriais. 

“Mais do que um problema setorial, o roubo de cargas provoca insegurança para a economia nacional, já que o TRC é uma atividade reconhecida como essencial”, ponderou o presidente da Seção de Transporte Rodoviário de Cargas da Confederação Nacional do Transporte e da NTC&Logística, Eduardo Rebuzzi, durante o 9º Fórum CNT de Debates.

O presidente da confederação, Vander Costa, também chamou a atenção, já na abertura do evento, para a prioridade de se combater o crime organizado. “É ele que causa o grande prejuízo, que pode até inviabilizar o negócio. Esse tipo de crime desafia o Estado e cria espaços de ‘poder paralelo’”, frisou. 

Segundo o dirigente, o gasto desproporcional das empresas com escolta, monitoramento por satélite e treinamento de pessoal deve ser enquadrado como Custo Brasil, uma vez que afeta a eficiência e acaba sendo repassado para o consumidor final.

 

Reação em cadeia

Entre as consequências da insegurança nas estradas brasileiras estão aumento do custo operacional, restrições a horários, rotas e valor de cargas transportadas, o que compromete a produtividade e até inviabiliza algumas operações. Somado a esses fatores ainda tem o trauma dos motoristas e dos ajudantes, expostos ao medo e à violência constantes. 

“Não se trata apenas de um crime contra as empresas, mas contra toda a sociedade. Enquanto criminosos lucram com o comércio ilegal de mercadorias roubadas, os preços sobem para o consumidor, e a economia formal perde arrecadação de tributos”, ressaltou o vice-presidente de Segurança da NTC&Logística, Roberto Mira.

Algumas das propostas da associação para combater essa modalidade criminosa são a coordenação federal dos dados e do planejamento para garantir a integração das polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal; a implantação de unidades de segurança especializadas; patrulhamento ostensivo nas principais rodovias e vias urbanas; mais rigor nas investigações sobre receptadores; e ampliação das penas para os criminosos, com a possibilidade de suspensão do CNPJ de empresas envolvidas no comércio de cargas roubadas. 

“Não podemos permitir que esse crime continue avançando e se modernizando enquanto as respostas das autoridades são lentas. O transporte rodoviário de cargas é uma atividade essencial para o país, e sua segurança precisa ser tratada como prioridade”, frisou Rebuzzi. (Com a Agência CNT)

 

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